29/Nov/2022
A torrefadora italiana illycaffè afirmou que a política de incentivo às melhores práticas agrícolas regenerativas é urgente e pode ser a melhor solução para garantir que o café consumido no mundo seja sustentável. A consideração foi feita com relação à aprovação, pelo Parlamento Europeu, de uma proposta de lei que proíbe a comercialização nos países do bloco de produtos de áreas desmatadas em qualquer parte do mundo. A empresa não conhece detalhes do projeto europeu, mas destaca que o aumento da produção mundial de café nas últimas décadas decorreu basicamente do aumento da produtividade. No Brasil, por exemplo, maior produtor e exportador da commodity, a área ocupada com café há muitos anos, tem se mantido estável em cerca de 2 milhões de hectares. É importante promover urgentemente a transição da agricultura convencional, de aplicação intensiva de agroquímicos, para uma atividade regenerativa, do solo e da vegetação.
Os efeitos das mudanças climáticas tornaram a transformação ainda mais necessária. É preciso pelo menos triplicar os investimentos na resiliência no cultivo do café. Os mais recentes dados disponíveis estimam US$ 350 milhões por ano em investimentos em sustentabilidade em todos os países produtores juntos, ou seja, é necessário cerca de US$ 1 bilhão. Para triplicar esse investimento, será preciso recursos financeiros extraordinários, que poderiam vir dos mercados financeiros, cada vez mais líquidos e interessados em sustentabilidade. A agricultura regenerativa também permite que os produtores ofereçam serviços, dando acesso ao comércio de carbono, o que permitiria ao café e à indústria inserção e neutralização de emissões em sua cadeia de valor.
Com relação ao consumo de café no mundo, a alta inflação e o risco de recessão não devem prejudicar a demanda. O café é produto bastante inelástico (a variação de preço não implica alteração de demanda), mas é preciso atenção no consumidor, que pode optar por cafés de qualidade inferior. O ano de 2022 foi desafiador para a empresa. Os custos de produção, como energia, logística e o próprio preço do café, subiram acima da inflação, atingindo máxima histórica. As vendas, no entanto, compensaram e espera-se que 2022 termine positivo. A atual queda dos preços internacionais do café arábica reflete em grande parte a expectativa de boa colheita no Brasil em 2023 e, com isso, os estoques globais devem aumentar. A cotação futura do café arábica na Bolsa de Nova York a 150,00 centavos de dólar por libra-peso pode ser considerada sustentável. O contrato para março/2023 fechou nesta segunda-feira (28/11), a 162,85 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.