ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

23/Ago/2022

Menor safra no Brasil deve sustentar preços globais

Uma má colheita do maior produtor de café do mundo ameaça aumentar ainda mais o custo de uma xícara de café. Os agricultores brasileiros estão lidando com as consequências de um clima fora do normal no ano passado, onde as plantações sofreram primeiro com a seca e depois com geadas. Alguns dizem que a safra brasileira de grãos de café arábica de alta qualidade será menor do que a metade do que poderia ser em um ano bom. Algumas dessas más notícias já estão precificadas para investidores, empresas de café e consumidores. O clima ruim no Brasil ajudou a impulsionar os futuros do café para máximas de vários anos em 2021, em uma série de interrupções nos mercados globais de commodities. Mas, se a safra resultante deste ano for ainda menor do que se temia, isso pode exacerbar um déficit de oferta internacional e ajudar a alimentar novos ganhos de preços. O Brasil é importante para o mercado global de café porque é o maior exportador mundial.

O problema é ainda pior porque sua produção de café arábica acontece em um ciclo de dois anos, rendendo uma safra maior nos anos pares. O mau tempo também prejudicou a indústria cafeeira na Colômbia, outro grande produtor. Segundo os dados de preços ao consumidor dos Estados Unidos, depois de praticamente não mudar por anos, os custos com café das famílias norte-americanas dispararam em 2021. A indústria do café, como outras, tem lutado tanto com problemas de cadeia de suprimentos quanto com altos custos. Segundo a Cazarini Trading Co., os preços globais do arábica provavelmente aumentarão quando as estimativas para a colheita deste ano no Brasil começarem a ser concluídas. Embora as preocupações com a economia global tenham pesado recentemente nos preços do café, é muito perigoso deixar os fundamentos para trás. Analistas previram que a safra de arábica do Brasil nos 12 meses a partir de julho poderia atingir o recorde estabelecido dois anos antes, de 48,7 milhões de sacas de 60 Kg, cada uma com 132 libras de café.

Mas, o número final provavelmente será muito menor. A previsão oficial antecipada do Brasil é de apenas 35,7 milhões de sacas de 60 Kg. A Cooperativa de café Minasul considera esta como uma grande crise. Os mais de 9 mil associados da Minasul se comprometem a fornecer uma certa quantidade de café a cada temporada, mas este ano permitirá que eles entreguem metade do que prometeram. A expectativa é de menos de 1 milhão de sacas de 69 Kg de café, abaixo dos 2,2 milhões de sacas de 60 Kg de 2020. Alguns produtores não têm nem a metade do que a cooperativa está pedindo. Analistas apontam outros sinais de demanda por café superando a oferta, o que também pode impulsionar os preços. A Organização Internacional do Café (OIC) afirmou que o consumo global ficará à frente da produção pelo segundo ano consecutivo, enquanto a Fitch Solutions afirma que os estoques nos armazéns da Intercontinental Exchange estão em seu nível mais baixo neste século.

Segundo o Saxo BankOle Hansen, a queda na oferta e nos estoques de café aponta para preços mais altos nos próximos três a seis meses. Os contratos futuros subiram em 2021 e no início deste ano, atingindo uma alta de quase dez anos de 258,00 centavos de dólar por libra-peso em fevereiro. Desde então, eles recuaram um pouco, para cerca de 223,00 centavos de dólar por libra-peso, mas permanecem elevados em comparação com os últimos anos. A Fitch Solutions não acredita que os preços vão subir ainda mais, mas diz que uma queda nas exportações brasileiras, juntamente com a falta de estoques em depósitos, manterá os preços em alta. Recentemente, elevou sua previsão de arábica para 215,00 centavos de dólar por libra para o resto deste ano, um pouco abaixo dos níveis recentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.