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17/Jul/2025

Camil Alimentos: resultado do 1º trimestre fiscal

A Camil Alimentos, multinacional de origem brasileira, teve lucro líquido de R$ 66,0 milhões no primeiro trimestre fiscal de 2025, encerrado em maio. O resultado é 15,9% inferior ao obtido em igual período do ano anterior, quando a empresa obteve lucro líquido de R$ 78,5 milhões. O lucro líquido por ação ficou em R$ 0,19 no trimestre. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos. A receita líquida recuou 7,3%, de R$ 2,899 bilhões para R$ 2,687 bilhões no primeiro trimestre fiscal deste ano. No segmento alimentício Brasil, a receita líquida cedeu 11,7%, para R$ 1,933 bilhão. O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 6,1% maior, de R$ 754,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia caiu 8,4% na mesma comparação, de R$ 254,5 milhões para R$ 233,1 milhões.

A margem Ebitda retraiu 0,1% do primeiro trimestre fiscal de 2024 para o primeiro trimestre fiscal de 2025, encerrando o período em 8,7%. A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) terminou o primeiro trimestre fiscal de 2025 em 4,1 vezes ante 3,3 vezes de igual período do ano fiscal anterior. No período, a companhia investiu (Capex) R$ 119,9 milhões, 90,6% mais que no primeiro trimestre fiscal de 2024. A companhia destacou sobretudo aportes na continuidade de investimentos na nova planta de grãos em Cambaí (RS) e na nova termoelétrica. A Camil destacou que o ambiente é desafiador diante da pressão nos preços na categoria de alto giro no Brasil. A companhia manteve sua rentabilidade no período apoiada em uma sólida performance nas operações internacionais. Na categoria de alto giro no Brasil (grãos e açúcar), o trimestre foi marcado pela redução dos preços de mercado do arroz.

Diante desse movimento, é comum os varejistas atuarem de forma mais cautelosa em suas reposições de estoque, o que trouxe uma redução de volumes na comparação do mesmo período do ano anterior. Ainda assim, observou-se um crescimento sequencial de volumes, reflexo da sazonalidade do período. Em açúcar, a empresa segue enfrentando um cenário competitivo no mercado interno, em volume e rentabilidade. s resultados da Camil para o primeiro trimestre fiscal de 2025, encerrado em maio, vieram em linhas com as estimativas do Citi e do consenso, o que deve gerar uma reação mista do mercado. O destaque vai para a evolução sequencial. O Citi segue otimista com a ação, dado o avanço da integração dos novos segmentos, que indica potencial positivo para os lucros futuros. Tanto Ebitda quanto receita líquida da Camil ficaram em linha com o consenso. O segmento internacional cresceu 6% em receita na comparação anual, enquanto o Brasil recuou 12%.

A contração no Brasil foi causada por menores volumes e preços na categoria de alto giro, principalmente devido ao açúcar. Na categoria de alto crescimento, os volumes caíram 4% na base anual, mas os preços subiram 18%. A margem Ebitda consolidada foi considerada positiva, melhorando em relação aos 6,5% do trimestre anterior. Essa melhora na margem bruta foi parcialmente compensada por maiores despesas com vendas, gerais e administrativas no segmento internacional, sobretudo em Uruguai e Chile. A instituição mantém sua recomendação de compra para a Camil, que negocia a 4,7x o EV/Ebitda estimado para 2025, abaixo de sua média histórica de cerca de 6x. O preço-alvo de 12 meses é de R$ 7,00 por ação. Entre os principais riscos para o preço estão preços de arroz e açúcar abaixo do esperado, safras fracas no Brasil e no Uruguai, recuperação mais lenta do mercado doméstico e desaceleração econômica nos mercados internacionais.

A Camil vê pouco impacto da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras de arroz, mas com tendência de maior reflexo em café. Não se espera nenhum impacto significativo em arroz. A Camil exporta volumes pequenos para os Estados Unidos. A companhia exporta arroz para os Estados Unidos para o chamado "mercado da saudade". São produtos da marca empacotados e comercializados em supermercados que atendem brasileiros no mercado norte-americano. Essa venda será eventualmente afetada por essas tarifas, mas não há grande impacto macro ao setor, porque o País e o bloco não têm exportação de grande volume para os Estados Unidos. Em contrapartida, para o segmento de café, a Camil projeta que deve haver impacto, apesar de ainda ser "incerto". Os Estados Unidos são grande destino do café brasileiro e isso sendo taxado pode trazer impacto em consumo ou busca de outros destinos. Então, haverá redistribuição de destinos, o que ainda não está claro são os impactos sobre o mercado brasileiro.

A Camil espera melhora na rentabilidade da companhia na categoria de açúcar nos próximos dois trimestres. A projeção é resultado de uma melhora na competitividade do segmento. O preço do açúcar no mercado internacional está em patamares baixos, o que faz com que os principais concorrentes tenham menos margem para o mercado doméstico. A expectativa é de que nos próximos dois trimestres tenha melhora gradual da rentabilidade e aumento de competitividade que pode trazer volumes na categoria de açúcar. A companhia vem reportando dificuldades em volume e rentabilidade no segmento de açúcar no mercado interno ao longo dos últimos trimestres. O desempenho do segmento afetou os resultados da Camil no primeiro trimestre do ano fiscal de 2025, encerrado em maio. No segmento de alto giro, que inclui grãos e açúcar no Brasil, teve uma queda de 14% em volume comparado ao primeiro trimestre de 2024. Esse recuo veio, principalmente, da categoria de açúcar, que segue enfrentando forte pressão competitiva no varejo nacional, tanto em rentabilidade quanto em volume.

Ao todo, a Camil comercializou no primeiro trimestre fiscal de 2025 2,9% menos volume em produtos em comparação com igual período do ano anterior. Foram 507,7 mil toneladas ante 522,7 mil toneladas do primeiro trimestre fiscal de 2024. A queda foi motivada sobretudo pelo recuo de 12,4% no volume comercializado no mercado doméstico, para 339,7 mil toneladas vendidas no período. Em contrapartida, no segmento internacional, o volume comercializado pela empresa avançou 24,4% na comparação anual, para 168 mil toneladas. No Brasil, que representou 67% do volume comercializado pela Camil, o total de vendas do segmento de alto giro, formado por arroz, feijão e açúcar, foi 13,6% menor, para 292,6 mil toneladas. Já o volume vendido na divisão de alto valor, formado por pescados, massas, café e biscoitos, cedeu 3,7%, para 47,1 mil toneladas. O preço líquido do segmento de alto giro no Brasil caiu 12,5%, para R$ 3,96 por quilo, enquanto o preço líquido médio do segmento de alto valor subiu 18,2%, para R$ 13,96 por quilo.

No mercado internacional, que representou 33% do total comercializado pela companhia no trimestre, apresentou alta de 24,4% no volume, para 168 mil toneladas, com recuo de 19,4% no preço líquido, para R$ 4,49 por quilo ao fim do primeiro trimestre de 2025. A Camil mira na redução da alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) no médio prazo. A companhia considera um nível adequado de alavancagem de 2 vezes no médio prazo. Uma alavancagem em duas vezes daria "conforto" para a Camil ter tempo de resposta adequado em caso de acontecimentos que afetem a operação e possibilita espaço no balanço para investimento, caso surjam oportunidades. O patamar ideal que a companhia vai perseguir no médio prazo é chegar a 2 vezes em alavancagem. A Camil encerrou o trimestre com alavancagem em 4,1 vezes ante 3,3 vezes de igual período do ano anterior. O atual nível de alavancagem da companhia é atribuído aos investimentos realizados nos últimos anos para entrada em novas categorias, ao aumento da taxa de juros que afetou o nível de endividamento da Camil e ao resultado operacional que "andou de lado" nos últimos dois anos.

Isso fez chegar nesse nível de alavancagem em 4,1 vezes e de 2,9 vezes no trimestre anterior. Está longe do patamar que a empresa considera operar no médio prazo. A Camil vê uma melhora gradual na alavancagem, mas descarta venda de ativos ou alteração de estrutura de capital com diluição de acionistas. São alternativas que a companhia não tem considerado. A Camil não estuda venda de ativos nem no Brasil e nem no exterior, porque considera o portfólio adequado. Falar em diluição também não está na agenda da companhia. A aposta da Camil é na desalavancagem gradual. Essa alavancagem vai melhorar gradualmente em um misto da melhora do resultado operacional e de quando houver um contexto econômico melhor com redução da Selic, já que despesa de juros tem onerado bastante a nossa geração de caixa. Do ponto de vista operacional, a companhia está concluindo investimento grande para ampliar a planta de grãos em Cambai (RS) e nos próximos anos o nível de investimento deve ser menor. A dinâmica de melhoria operacional, redução do investimento e redução de encargos financeiros por potencial redução da Selic devem levar à redução da alavancagem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.