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12/Feb/2025

Preços globais do arroz seguem com fortes quedas

Em janeiro, os preços mundiais do arroz caíram significativamente de 7%. Esta foi a maior queda mensal desde julho de 2021, quando os exportadores reduziram os preços devido ao aumento dos custos de frete marítimo e à oferta abundante para exportação. No início de 2025, o mercado mundial apresenta grandes excedentes de exportação, enquanto a demanda de importação segue fraca. Os importadores antecipam novas reduções de preços e aguardam uma estabilização dos preços no mercado mundial. Prevê-se uma retoma do mercado de importação com o regresso dos principais importadores, como as Filipinas e os países da África Ocidental, mas só daqui a várias semanas. Por outro lado, a Indonésia, cujas importações atingiram níveis recordes em 2024, verá sua demanda cair drasticamente em 2025. Do lado da oferta, espera-se que as exportações da Índia aumentem significativamente de 30%, chegando perto do recorde histórico de 22 milhões de toneladas registrado em 2022. A Tailândia e o Vietnã serão os grandes perdedores dessa nova configuração do mercado, com uma queda de 15% a 20% nas vendas externas, após um ano favorável em 2024, impulsionado pelas restrições nas exportações indianas.

Diante desse cenário, é provável que os preços globais do arroz permaneçam baixos durante grande parte do ano, com períodos de estabilidade ou até mesmo pequenas recuperações, dependendo da evolução da demanda global. Com tudo, prevê-se que o comércio mundial cresça apenas 1,2% em 2025, contra 10% em 2024. Na Índia, os preços do arroz caíram 3%, mas permanecem competitivos, apesar da concorrência do Paquistão, que atualmente tem os preços mais baixos do mercado. Com o fim das restrições às exportações de arroz branco, no final de setembro de 2024, a demanda pelo arroz indiano aumentou significativamente. As vendas mensais dobraram no último trimestre do ano, com uma média de 2 milhões de toneladas por mês, contra 1 milhão de toneladas/mês entre junho e setembro. No total, as exportações indianas teriam atingido 17 milhões de toneladas em 2024, um volume semelhante ao de 2023. Em 2025, prevê-se um salto para 22 milhões de toneladas, graças a estoques abundantes acumulados durante o período restritivo e ao aumento da produção em 2024/2025.

Em janeiro, o arroz branco e o parboilizado registram preços médios entre US$ 433 e US$ 435 por tonelada FOB, contra US$ 445 e US$ 450 em dezembro. No início de fevereiro, os preços indianos continuavam em queda, variando entre US$ 400 e US$ 415, o nível mais baixo desde janeiro de 2023. Na Tailândia, os preços caíram de 7% a 8%. Desde o anúncio da retomada das exportações indianas, os preços tailandeses caíram mais de US$ 100 por tonelada, atingindo o menor nível desde dezembro de 2022. Assim como outros exportadores asiáticos, a Tailândia é fortemente impactada pelo retorno da Índia ao mercado. Esse retorno marca o fim de um período favorável, durante o qual as exportações tailandesas cresceram 25%, chegando a 10 milhões de toneladas em 2024. Para 2025, as exportações tailandesas poderiam cair para 7,5 milhões de toneladas, devido à concorrência indiana e à redução da demanda de importação, especialmente da Indonésia. Em janeiro, o arroz 100%B tailandês marcou um média de US$ 481, contra US$ 515 em dezembro. O parboilizado foi negociado a US$ 479, contra US$ 508 anteriormente.

No Vietnã, os preços de exportação recuaram drasticamente de 15% em um mês, a maior queda desde julho de 2021. O país sofre da mitigação da demanda global, especialmente de seus dois principais clientes, Filipinas e Indonésia, cujos representaram 60% das exportações vietnamitas em 2024. Para o Vietnã, isso marca também o fim de um “ano dourado”, que permitiu ao país exportar, pela primeira vez, mais de 9 milhões de toneladas em 2024. Para 2025, prevê-se uma queda de 17% nas exportações, para 7,5 milhões de toneladas. Em janeiro, o arroz Viet 5% foi negociado a US$ 426, contra US$ 502 anteriormente. O Viet 25% caiu para US$ 401, contra US$ 471. No início de fevereiro, os preços continuavam caindo diante da concorrência da Tailândia e da fraca demanda global. No Paquistão, os preços do arroz caíram entre 2% e 3% e são os mais competitivos do mercado, abaixo dos preços indianos, mas também são impactados pela mitigação da demanda mundial. Assim como a Tailândia e o Vietnã, o Paquistão se beneficiou das medidas restritivas da Índia à exportação, ultrapassando o recorde histórico de 6,5 milhões de toneladas, contra 4,5 milhões de toneladas em 2023.

Em janeiro, o arroz Pak 5% marcou uma média de US$ 445, contra US$ 455 em dezembro. No início de fevereiro, o preço do Pak 5% tendia a cair significativamente para US$ 410. Na China, estima-se que a produção tenha aumentado apenas 0,5%, para 207,5 milhões de toneladas (base beneficiado). Esse leve aumento deve-se às inundações que afetaram parte do país. Diante da provável redução dos estoques domésticos, mas que ainda permanecem elevados, é provável que a China aumente sua demanda de importação, impulsionada também pela queda dos preços mundiais. Em 2025, as importações chinesas de arroz poderiam atingir 2 milhões de toneladas, contra 1,4 milhões de toneladas em 2024. Nos Estados Unidos, os preços do arroz caíram 1% dentro de um mercado externo pouco ativo. Em janeiro, as exportações teriam atingido 230.000 toneladas, contra 240.000 toneladas em dezembro. Em 2024, as exportações aumentaram consideravelmente em 33%, para 3,2 milhões de toneladas, e poderiam ainda continuar elevadas em 2025.

Desde o início do ano, o México é o principal mercado, seguido pelo Haiti e Japão. Em janeiro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 marcou US$ 744/tonelada, contra US$ 746. No início de fevereiro, o preço continuava caindo para US$ 715. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros do arroz casca caíram 2%, para US$ 317/tonelada, contra US$ 324 em dezembro. No início de fevereiro, os preços futuros continuavam caindo para US$ 302. No Mercosul, os preços de exportação caíram 4-5% dentro de um mercado pouco ativo. O mercado de exportação deveria começar a se recuperar com a chegada progressiva das novas safras nas próximas semanas. O preço indicativo do arroz casca brasileiro subiu em média 1,3%, para US$ 331/tonelada, contra US$ 327 em dezembro. No início de fevereiro, o preço do arroz casca tendia a se recuperar para US$ 344, graças à valorização do real frente ao dólar. Fonte: CIRAD. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.