04/Nov/2024
A XP avalia que o Carrefour apresentou resultados mistos no terceiro trimestre deste ano, apresentando um crescimento maior do que o esperado na receita. O lucro líquido, superou as expectativas da casa em 94%, impulsionado por resultados financeiros acima do previsto e um benefício fiscal de R$ 82 milhões. As margens no Atacadão e um desempenho sólido do banco Carrefour foram destaques da companhia no período, embora as margens no Varejo e no Sam’s tenham sido pressionadas. A lucratividade foi influenciada pela alavancagem operacional, que compensou a queda na margem bruta. A margem bruta consolidada diminuiu 0,9% ano a ano, influenciada pelo mix de vendas com maior participação do Atacadão e margens reduzidas em todos os formatos. A alavancagem operacional, junto com a maturação das lojas e redução de despesas, superou a pressão sobre a margem bruta e os custos pré-operacionais elevados, resultando em um aumento de 0,2% na margem Ebitda ajustada consolidada, conforme esperado.
O desempenho variou entre os formatos, com atacarejo e o CSF Bank excedendo as previsões, equilibrados por resultados mais baixos no varejo e no Sam’s. O Goldman Sachs avalia que o Carrefour apresentou resultados amplamente em linha com as expectativas do banco no terceiro trimestre do ano. O banco prevê uma reação positiva do mercado, dado que os resultados não foram tão negativos quanto se temia, com margens um pouco melhores no Atacadão e na operação bancária. A margem Ebitda do Atacadão se manteve praticamente estável na comparação anual, beneficiando-se de uma relação de despesas gerais e administrativas (SG&A) mais favorável devido à maturação da loja, avalia o Goldman Sachs, apontando que este cenário compensou uma menor margem bruta resultante da mistura de produtos e clientes. A operação bancária também apresentou receitas acima do esperado, com a diversificação de produtos ajudando a mitigar o impacto do teto de juros.
As margens na operação de varejo apresentaram melhoria em relação ao ano anterior, impulsionadas pela otimização da rede de lojas, embora ainda se mantenham em níveis modestos. Por outro lado, o Sam’s Club não atendeu às expectativas do Goldman. O capital de giro sofreu uma deterioração, em parte antecipada devido ao aumento das vendas parceladas no Atacadão. A redução nos dias pagáveis surpreendeu, mas a gestão indicou que isso deveria ser visto como um evento pontual, já que as vendas do trimestre se concentraram em setembro. A expectativa do banco é de que haja uma normalização no quatro trimestre do ano. Para o Citi, a aumento de alavancagem do Carrefour no terceiro trimestre do ano e a piora no fluxo de caixa podem implicar em uma revisão do lucro do quarto trimestre. O Ebitda Ajustado ficou 2% abaixo do esperado, mas lucro superou a estimativa do banco em 8%. Os outros resultados estavam em linha com expectativas.
Um pouco melhor em Atacado e C&C e outra boa impressão do Carrefour Bank, que foram capazes de compensar os números fracos do Varejo e do Sam's Club. Destaque para o aumento da dívida líquida de R$ 9,5 bilhões para R$ 12,2 bilhões, com contas a receber descontadas que diminuíram de R$5,8 bilhões no segundo trimestre para R$ 4,9 bilhões no terceiro, mas permanecem elevadas em relação ao histórico, provavelmente um reflexo da nova política de parcelamento. O Citi classificou o Carrefour como alto risco por dois motivos: a grande integração ainda está em andamento, o que significa riscos de execução persistentes e alta alavancagem, apesar da natureza de cash-cow do negócio de C&C. Segundo o Grupo Carrefour Brasil, em setembro, teve início um novo momento de inflação alimentar no País, que dá sensação de um quarto trimestre mais positivo. Outubro seguiu a dinâmica de setembro. De maio a junho, houve alta dos preços em decorrência da tragédia do Rio Grande do Sul, mas os preços voltaram a cair em julho e agosto, o que fez com que os clientes pessoas jurídicas segurassem as compras, na expectativa de mais quedas.
Com novas altas em setembro, esses comerciantes subiram as compras no Atacadão. O aumento de capital de giro que a companhia viu no terceiro trimestre de 2024 não foi estrutural, mas se tratou de um investimento pontual. As vendas mais fortes em setembro geraram mais recebíveis, seja pelo parcelamento de compras ou outros meios de pagamento. No entanto, não há motivos para remodelagens nessa linha. A companhia investiu em estoques por acreditar em um movimento mais forte que se concretizou em setembro. O Grupo Carrefour ter uma expansão menor em 2025, visto o nível de alavancagem da companhia. A estimativa é fazer até 40 conversões de lojas da bandeira Carrefour para outros formatos até 2026. A companhia vive um “momento atípico” no que se diz respeito a ações e provisões trabalhistas, visto que houve um forte movimento de conversões e fechamento de lojas. Isso deve se normalizar em cerca de um ano, dados os prazos legais para esse tipo de processo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.