14/Oct/2024
A Camil Alimentos vê a recuperação gradual da rentabilidade ao longo do ano fiscal de 2024. Desde o ano passado, a empresa vem perseguindo alcançar a média histórica de margem Ebitda de 10%. Neste ano, o avanço da margem se concretizou, mas, passado o primeiro semestre do ano fiscal de 2024, o resultado, contudo, ainda deve ficar aquém do almejado. A empresa busca trajetória de recuperação do nível de rentabilidade superior ao pré-IPO (em média em torno de 10%) com maior escala, maior diluição de custos e um portfólio de produtos em nível de rentabilidade maior. Talvez não seja possível chegar ao fim do ano com nível de 10%, mas com diagnóstico de categorias e do que precisa ser feito. A margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Camil passou de 8,1% ao fim do ano fiscal de 2023 para 8,8% ao fim da primeira metade do ano fiscal de 2024, encerrado em agosto.
Na comparação entre os segundos trimestres dos anos fiscais de 2023 e 2024, a margem Ebitda da Camil avançou 1,5%. A companhia alcançou Ebitda recorde acima de R$ 1 bilhão nos últimos 12 meses. Apesar do recorde, ainda está abaixo do potencial de rentabilidade. Ainda há expectativa de fazer mais e capturar alavancas que podem melhorar os números. Uma das principais alavancas para rentabilidade da companhia é o crescimento da categoria de alto valor, formada por pescados, massas, café e biscoitos. Em biscoitos e café, segmentos de alto valor, apesar de incremento de volume ao fim do segundo trimestre, ainda são duas categorias que estão longe do nível de rentabilidade esperado, em margens compatíveis com outras categorias. Uma das estratégias da Camil nesses segmentos foi a entrada no segmento de café gourmet com a marca União e a expansão do segmento de massas para São Paulo com a marca Camil.
Com café no segmento premium a intenção é mais reforço de marca no mercado do que volume. Já com a massas Camil, primeira vez que a marca é utilizada além do segmento de grãos, o objetivo era entrar com o segmento no mercado paulista em nível de rentabilidade mais adequada e sem canibalizar com a marca Santa Amália. O segmento de açúcar é hoje um ofensor da rentabilidade da companhia com mercado pressionado em margens. Recuperar o nível de rentabilidade em açúcar contribui muito com objetivo de voltar a margem ao patamar histórico. A empresa segue com operações de exportação como mitigadoras desse cenário, mas não são suficientes para alcançar o nível que o segmento deveria entregar. A operação de grãos, sobretudo de arroz e feijão também dentro do segmento alto giro junto com açúcar, vem mostrando recuperação da rentabilidade ao longo dos últimos anos.
A sustentação dos preços das commodities agrícolas adiciona um viés positivo para a rentabilidade da companhia. A empresa continua considerando que o preço médio dos produtos no ano fiscal de 2024 deve ficar superior ao de 2023, assim como o de 2023 foi maior que o de 2022. De maneira geral, neste ano os preços dos produtos devem se manter em patamar superior ao do ano passado, com índice de preços altos em arroz, açúcar, café e farinha. Não há tendência de redução dos preços dessas commodities neste último trimestre do ano civil. Em relação ao arroz, principal produto comercializado pela empresa, o cenário é de preços elevados até o fim do ano, com balanço entre oferta e demanda ajustado. A tendência é que as cotações domésticas do cereal fiquem, cada vez mais, atreladas ao mercado internacional. À medida que se aproxima a entrada da próxima safra, há maior incerteza quanto aos preços, mas no curto prazo não vemos alteração nos patamares.
A perspectiva é de incremento na produção doméstica na próxima safra com aumento da área plantada no Rio Grande do Sul e em outras regiões. Mesmo com os preços superiores das commodities, no momento, a Camil não vê necessidade de revisão estrutural no preço final dos produtos. Para este ano, a companhia estima que a demanda por suas categorias deve permanecer estável, mesmo com a queda de 5,7% no volume comercializado no último trimestre, para 593,6 mil toneladas. Há aumento sequencial no volume comercializado, de 13,6% do segundo trimestre frente ao primeiro trimestre do ano fiscal. O nível de demanda permanece sem grandes alterações, próximo à estabilidade. Não há euforia no mercado, mas também não há ruptura na demanda do consumidor final.
A Camil não vê mudanças estruturais de estoque no varejo e na dinâmica de compras. A preocupação do varejo é com o capital de giro. Varejo e indústria continuam com essa atenção quanto a capital de giro, mas sem mudança de patamar estrutural em estoque. O atraso na colheita de arroz em 2024 levou ao maior volume do cereal entregue ao mercado no segundo trimestre deste ano, descolando a sazonalidade do primeiro trimestre para também o segundo trimestre. O crescimento da categoria de alto giro no segundo trimestre ocorreu em virtude do maior volume de grãos comercializados com compras maiores dos varejistas no período. As entregas de arroz ao varejo se concentraram de maio a junho deste ano dada a maior demanda após a tragédia climática do Rio Grande do Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.