14/Oct/2024
Após dar seu primeiro passo para entrada no mercado paraguaio de arroz, a multinacional brasileira Camil Alimentos espera incorporar a operação aos seus resultados financeiros a partir do próximo ano fiscal, que inicia em março de 2025. Em setembro, a Camil anunciou a compra 100% da Rice Paraguay e 80% da Villa Oliva Rice (empresas que possuem imóveis rurais, atividades agrícolas e operações industriais e ativos relacionados à produção, industrialização, beneficiamento e comercialização de arroz no Paraguai). Posteriormente à conclusão do negócio, a empresa tende a alienar os ativos relacionados à industrialização, beneficiamento e comercialização de arroz às subsidiárias da Camil no exterior. O prazo para integração da operação do Paraguai ao balanço da Camil considera a conclusão da operação, previsto para os próximos 45 dias, e a reorganização societária do ativo com a compra da indústria pela Camil.
Do ponto de vista prático, a entrada do Paraguai nos resultados ocorrerá a partir do próximo exercício ou nos últimos um a dois meses do ano fiscal atual. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos. A aquisição das empresas pelo controlador foi o modelo encontrado pela companhia para adequação à legislação do Paraguai, que não permite compra de propriedades rurais em áreas fronteiriças por empresas brasileiras. O grande desafio para entrada no país é o fato de a produção ser verticalmente integrada, ou seja, produtor tem terra e indústria. Portanto, não seria possível comprar apenas a indústria. Atuar na produção de arroz não está na estratégia da Camil, por isso, comprará apenas o ativo industrial do controlador e terá acesso à produção da propriedade com garantia de fornecimento. O objetivo da empresa é atuar no país com modelo semelhante ao Uruguai, com arrendamento de terras e apoio de crédito para investimentos aos produtores rurais fornecedores do cereal.
A operação no Paraguai é estratégica pelo crescimento do país na produção de arroz, hoje de 1 milhão de toneladas por ano, e pelo baixo custo de produção do país. É um mercado muito ativo na América do Sul, exportando arroz para países como Brasil e Chile a preços competitivos. Em virtude das características logísticas e fiscais, hoje o arroz paraguaio chega a preço competitivo em Minas Gerais e no interior de São Paulo. A empresa adquirida representa cerca de 10% do mercado paraguaio de arroz com comercialização de cerca de 100 mil toneladas por ano. Do ponto de vista estratégico, Paraguai é uma das fronteiras de crescimento de arroz e ter acesso privilegiado à originação do arroz no país faz sentido para operação da Camil. Além disso, é uma empresa relevante no mercado e com escala. A transação integra a estratégia da Camil de internacionalização e diversificação de mercados. Apesar do novo movimento no Paraguai, a Camil não vê no momento um movimento mais agressivo para novas fusões e aquisições no exterior.
Após concluir a operação no Paraguai, a Camil terá aproximadamente 10% do mercado local. Construir uma indústria de arroz no país não garantiria o fornecimento à Camil porque a operação é verticalizada entre produção e indústria. Repetindo o modelo do Uruguai, a Camil vai arrendar as terras e subarrendar aos produtores e garantir o fornecimento de arroz. A Camil terá aproximadamente 10% da produção paraguaia a ser comercializada e potencial de crescimento grande porque tem áreas próximas da indústria que podem ser desenvolvidas. O modelo da operação visa ao objetivo da Camil de ter apenas operação industrial sem contemplar titularidade de imóveis em áreas rurais.
A empresa não se envolve com a matéria primária das categorias em que atua. A ideia da Camil é repetir o modelo uruguaio, além do arrendamento das terras, dar suporte de crédito aos produtores e garantir o fornecimento para a indústria. A previsão é que a operação de aquisição das empresas pelos controladores seja concluída em 45 dias a 60 dias para posterior separação do ativo e alienação do ativo industrial à Camil. O processo deve ser concluído no primeiro trimestre do ano que vem. A transação é sinérgica em todas as frentes de atuação da Camil. O Paraguai é um fornecedor natural de arroz para Brasil e Chile e há possibilidade de o país abastecer também o Peru. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.