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29/May/2024

Intervenção do governo pode afetar safras futuras

Especialistas e representantes dos setores produtores criticaram a decisão do governo de vender arroz com rótulo próprio e preço tabelado. As principais entidades que representam os produtores classificaram a iniciativa de “intervenção” e alertaram que a venda do arroz importado nos preços anunciados pelo governo deve desestimular o plantio das novas safras no País. As advertências foram feitas pelos produtores em reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, na semana passada. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) solicitou novamente a não intervenção do governo no mercado.

Já foi explicado que o que ocorre são problemas logísticos e de emissão de nota fiscal, e não de oferta de arroz, pois o que houve foi um gargalo momentâneo. A tendência é de que, em 30 dias, as condições para o abastecimento de arroz estejam normalizadas. Não existe necessidade de importação para volume indefinido. No encontro, que também contou com a participação de integrantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as entidades de produtores pediram o cancelamento da iniciativa e a revisão da isenção da tarifa de importação do arroz, e a criação de uma cota de 100 mil toneladas até meados de outubro.

Entre as justificativas, os arrozeiros argumentam que a oferta pelo governo de arroz a R$ 4,00 por Kg está descasada do mercado mundial e do preço médio atual do produto de R$ 5,00 a R$ 6,00 por Kg. Isso vai trazer desestímulo ao produtor para manter área de produção com preços abaixo do custo de produção e voltaremos a diminuir área plantada. Fávaro disse aos produtores que foi uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter a estabilidade de preços neste momento. Para a MB Agro, a operação, além de colocar o governo numa atividade nova de distribuição de arroz, está sendo feita no auge da colheita. Quase toda a safra do Rio Grande do Sul já foi colhida e o problema é de logística, não de falta de produto.

É uma política estranha, não foi feita para regular o estoque, mas para abastecer o mercado. Se faltar arroz no Brasil, a indústria vai buscar, não há necessidade de o governo entrar nisso. Além de correr o risco de não dar certo pelo ineditismo e falta de expertise do governo em operar a venda direta ao consumidor final, a estratégia ainda pode desestimular o plantio da nova safra. É um intervencionismo. O governo esteja preocupado com a inflação, mas não é justificável. Vai colocar produto novo agora, no auge da safra, enquanto há outros Estados capazes de abastecer o mercado. É algo que outros países, como a Argentina, já tentaram e que nunca deu certo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.