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22/May/2024

Arroz tailandês custará menos que produto nacional

Com a isenção da Tarifa Externa Comum até o fim do ano para arroz importado de países de fora do Mercosul, o cereal tailandês terá no mercado de São Paulo preços mais competitivos que os do produto local. É o que diz nota técnica da Superintendência de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) enviada ao Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) com o pedido de suspensão da tarifa. Hoje, a paridade do arroz tailandês beneficiado, com a adição da TEC de 12%, posto em São Paulo, é de R$ 145,27 por fardo de 30 Kg. Com uma posterior suspensão da TEC, a paridade do arroz tailandês beneficiado, posto em São Paulo, seria de R$ 131,23 por fardo de 30 Kg. O preço médio estadual do cereal beneficiado em São Paulo, apurado de 6 a 10 de maio, ficou em R$ 161,00 por fardo de 30 Kg, o que daria R$ 4,37 por Kg para o cereal tailandês ante R$ 5,37 por Kg do arroz estadual. A nota técnica embasou a decisão do governo de zerar a tarifa sobre o arroz importado sem restrição de volume até 31 de dezembro.

A Conab justificou na nota que no momento o grão proveniente do Mercosul é um dos principais parâmetros de formação dos preços nacionais, porém, com a redução da disponibilidade de arroz da região no segundo semestre, e com a entrada da principal safra tailandesa no período, a paridade tailandesa ganhará maior relevância na formação dos valores negociados no mercado brasileiro. Com esta ação (suspensão da TEC), espera-se que o referencial de formação de preços no mercado orizícola brasileiro seja reduzido e, com isso, a projeta-se um arrefecimento no cenário de alta dos preços nos elos da cadeia produtiva do arroz. A Conab afirma ainda que o mercado de arroz brasileiro opera em um cenário de menor disponibilidade interna do grão em meio às reduções passadas na área plantada e a previsão de um dos menores estoques de passagem do grão na safra 2023/2024, estimado em 400 mil toneladas de arroz em casca ao fim da temporada em fevereiro de 2025.

Logo, os impactos negativos sobre a safra de arroz no Rio Grande do Sul, principal Estado produtor do grão (responsável por 70,8% da produção brasileira), agravam ainda mais o quadro de abastecimento nacional e coloca em atenção à estabilidade da segurança alimentar do País, dado que o arroz é um dos principais alimentos da cesta básica, com destaque para o consumo das classes sociais de baixa renda. A Conab ponderou que não há uma avaliação precisa sobre os impactos negativos das enchentes sobre a safra do Rio Grande do Sul, apesar de agentes de mercado mencionarem perdas em torno de 600 mil toneladas. Porém, a redução deverá acontecer tanto no produto a ser colhido, que representa 16% da área plantada, quanto no produto já colhido e estocado em áreas inundadas.

A Conab avaliou que a redução da produção no Rio Grande do Sul e o maior consumo no País, estimado em 11 milhões de toneladas, deverão refletir em um estoque de passagem ajustado e destacou a alta probabilidade de revisar para baixo a projeção da safra brasileira nos próximos levantamentos. Anteriormente à conjuntura de perdas da safra de arroz, o mercado nacional já operava com viés de alta, mesmo em meio à intensificação da colheita na Região Sul do País, reflexo do quadro ajustado de oferta e demanda. Com isso, a atual incerteza acerca do abastecimento nacional do grão deverá intensificar as oscilações de mercado, em um movimento especulativo de preços, e resultará em manutenção do viés de alta das cotações. No segundo semestre, o arroz nacional deve girar no limite da paridade do arroz tailandês e o excedente do Mercosul provavelmente será insuficiente para atender à demanda brasileira por importação de arroz.

Dada a intensa concentração produtiva nacional de arroz no Rio Grande do Sul, nota-se um custo logístico significativo de deslocamento da safra gaúcha para o restante do País e, hoje, o quadro é de inviabilidade de escoamento de parte significativa da safra brasileira em virtude do fechamento de muitas vias logísticas, apontou a companhia, defendendo a suspensão da alíquota de importação para arroz proveniente de países de fora do Mercosul sem restrição de volume. No seu levantamento de safra mais recente, a Conab estimou perda de 230 mil toneladas de arroz na produção do Rio Grande do Sul que ainda não havia sido colhida no momento das enchentes que atingiram o Estado. A companhia cortou a sua estimativa para safra nacional de 10,7 milhões de toneladas para 10,5 milhões de toneladas, mas já sinalizou que pode ajustar o volume à medida que os prejuízos forem contabilizados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.