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13/May/2024

Camil Alimentos divulga os resultados de 2023

A Camil Alimentos, fabricante de arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos, reportou lucro líquido de R$ 360,5 milhões no ano de 2023, 1,9% maior na comparação com 2022, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 353,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia atingiu R$ 914 milhões, recuo de 0,6% frente aos R$ 919,8 milhões do ano anterior. A margem Ebitda ficou em 8,1%, ante 9% de um ano antes, queda de 0,9 ponto porcentual. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 2,9 vezes, ante 3 vezes reportada ao fim de 2022. A receita líquida foi recorde e avançou 10,2% na comparação anual, alcançando R$ 11,250 bilhões em 2023, ante R$ 10,206 bilhões de 2022. No segmento alimentício Brasil, a receita aumentou 10,5%, para R$ 8,392 bilhões.

O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 9,3% maior, de R$ 2,858 bilhões. O volume de produtos comercializado pela empresa no ano recuou 0,6%, para 2,192 milhões de toneladas. O desempenho do Brasil, que cresceu 2,8% em volume vendido no ano fiscal de 2023, compensou a queda de 4% do segmento internacional no ano. No ano, a empresa investiu R$ 290,5 milhões, 27,5% menos que em 2022, quando aplicou R$ 400,6 milhões. Em 2023, os aportes foram direcionados especialmente para a expansão da capacidade de café, massas e internacional. A receita líquida foi recorde no ano fiscal de 2023, atribuindo parte do desempenho às categorias de maior valor agregado, negócios adquiridos recentemente pela Camil. Na categoria de alto valor, composta por pescados, massas, café e biscoitos, apresentamos crescimento de volume de 25% frente ao ano anterior, principalmente pela entrada na categoria de biscoitos e constante crescimento nos volumes de café torrado e moído.

A empresa está focada em ampliar os volumes de massas e a participação da categoria no mix de vendas da companhia. No segmento de café, a marca União alcançou em 2023 4% de participação de mercado em São Paulo e Rio de Janeiro e concluiu expansão para todo o País. A ampliação da capacidade de fabricação de café foi concluída no último ano fiscal pela companhia. Com as expansões de massas e cafés, em adição à operação de biscoitos que detém capacidade para dobrar de tamanho em vendas, acreditamos que estamos bem-posicionados para impulsionar oportunidades de expansão de vendas das categorias de alto valor para os nossos negócios, tanto em volume, quanto em expansão de rentabilidade. Em relação ao segmento de alto giro, formado por grãos e açúcar, o resultado foi beneficiado pelas altas dos preços de arroz no segundo semestre de 2023.

O açúcar, por sua vez, operou abaixo do potencial esse ano. Operamos no varejo de açúcar em um cenário desafiador, e tomamos medidas para minimizar esses efeitos, conforme observado nos volumes de açúcar com a continuidade das operações de exportações. Quanto ao mercado internacional, houve melhora na rentabilidade no Chile e no Peru, com investimentos realizados nos países. A Camil obteve lucro líquido de R$ 106,6 milhões no quarto trimestre fiscal de 2023, encerrado em fevereiro. O resultado representa alta de 572% ante igual período do ano passado, quando a companhia registrou lucro de R$ 15,9 milhões. O lucro por ação atingiu R$ 0,30 no quarto trimestre. A receita líquida aumentou 6,8%, de R$ 2,512 bilhões para R$ 2,682 bilhões no quarto trimestre fiscal de 2023. No segmento alimentício Brasil, a receita aumentou 6,8%, para R$ 2,101 bilhões.

O segmento alimentício internacional obteve receita líquida também 6,8% maior, de R$ 581,2 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 61,7% na mesma comparação, de R$ 157,0 milhões para R$ 253,8 milhões. Já a margem Ebitda avançou 3,2% do quarto trimestre fiscal de 2022 para o quarto trimestre fiscal deste ano, encerrando o período em 9,5%. A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) terminou o quarto trimestre fiscal de 2023 em 2,9 vezes ante 3 vezes de igual período do ano fiscal anterior. No período, a companhia investiu (Capex) R$ 86,3 milhões, 12,4% menos que no quarto trimestre fiscal de 2022. A Camil, comercializou no quarto trimestre fiscal de 2023, encerrado em fevereiro deste ano, volume total de produtos 6,7% inferior ao de igual período do ano passado. Foram 435 mil toneladas contra 466,4 mil toneladas do quarto trimestre fiscal de 2022.

A queda foi puxada sobretudo pelo recuo de 16,5% no volume comercializado no segmento internacional, de 127,8 mil toneladas. No Brasil, o volume comercializado pela empresa cedeu 2% na comparação anual do quarto trimestre, para 307,2 mil toneladas. No Brasil, que representou 71% do volume comercializado pela Camil, o volume de vendas do segmento de alto giro (86% do total), formado por arroz, feijão e açúcar, foi 3,5% menor, para 264,2 mil toneladas. O volume vendido na divisão de alto valor (14% do total), formado por pescados, massas, café e biscoitos, aumentou 8,3%, para 43 mil toneladas. O preço líquido do segmento de alto giro no Brasil avançou 25,6%, para R$ 5,04 por kg, enquanto o preço líquido médio do segmento de alto valor cresceu 1,2%, para R$ 15,09 por Kg. No mercado internacional, que representou 29% do total comercializado pela companhia no trimestre, apesar da queda de 16,5% no volume, houve aumento de 24,6% no preço líquido, para R$ 5,57 por Kg ao fim do quarto trimestre de 2023.

Os resultados vieram dentro do esperado pelo mercado já que o quarto trimestre é sazonalmente mais fraco em volumes comercializados de arroz, em virtude do início da colheita e adiamento das compras pelos atacadistas. Em contrapartida, os preços médios da companhia se favoreceram das cotações mais firmes de arroz e do maior consumo sazonal de pescados. Os resultados obtidos pela Camil Alimentos no quarto trimestre fiscal de 2023, encerrado em fevereiro deste ano, foram positivos, especialmente em um trimestre que é sazonalmente mais fraco. O bom desempenho financeiro do trimestre ajudou a empresa a atingir os objetivos do ano. A empresa quer ampliar volumes de produtos de maior valor agregado. A categoria que reportou vendas 8,3% superiores, a 43 mil toneladas. Dois fatores contribuíram para os resultados trimestrais: os preços mais firmes do arroz no mercado nacional e o aumento da comercialização de pescado no período da Quaresma.

Houve uma recuperação grande de volume em pescados com rentabilidade boa. O arroz, por sua vez, permaneceu em patamar elevado, o que ajudou em um trimestre bom do ponto de vista de rentabilidade. Do terceiro para o quarto trimestre de 2023, a margem Ebitda da empresa avançou 1,2% para 9,5%, próximo do nível histórico da companhia, de 10%. O conselho de administração da Camil aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 19 milhões, correspondente ao valor bruto unitário de R$ 0,055706838 por ação ordinária. A empresa aprovou o pagamento de R$ 6 milhões em dividendos, ao valor bruto unitário de R$ 0,017591633 por ação ordinária. Em relação a ambos os proventos, será levada em consideração a posição acionária de 27 de maio e a partir do dia seguinte (28/05), as ações serão negociadas na condição "ex-juros". O pagamento do JCP e dos dividendos será realizado em 10 de junho. A Camil Alimentos espera gradual recuperação da rentabilidade da companhia no ano fiscal de 2024, iniciado em março.

Desde o ano passado, a empresa vem perseguindo alcançar a média história de margem Ebitda de 10%. A expectativa positiva vem após encerrar o quarto trimestre do ano fiscal de 2023, com uma margem Ebitda de 9,5%, avanço de 3,2 pontos porcentuais frente ao período anterior. Ainda não está no patamar histórico da companhia, mas houve uma evolução importante. Os objetivos são continuar crescendo na primeira linha (categoria de alto giro) por conta da dinâmica dos preços mais firmes e acelerar o crescimento em categorias de maior valor agregado. Do ponto de vista de rentabilidade, são estratégias para recuperação sequencial. A sustentação dos preços das commodities agrícolas adiciona um viés positivo para a rentabilidade da companhia. A empresa continua considerando que o preço médio dos produtos no ano fiscal de 2024 deve ficar superior ao de 2023, assim como o de 2023 foi maior que o de 2022. A incerteza agora é quanto ao impacto real dos preços, mas a direção altista se mantém. Os grãos vêm de ano de recuperação na rentabilidade, com perspectiva de continuidade.

Em pescados, há expectativa de rentabilidade positiva e a Camil buscará neste ano melhorar a rentabilidade em biscoitos e café. Em relação ao arroz, principal produto comercializado pela empresa, o cenário de preços é mais incerto em virtude das fortes enchentes que afetam o Rio Grande do Sul e atingem parte das lavouras ainda não colhidas no Estado. Antes da tragédia climática, a companhia apostava em preços firmes do grão pelo menos até a entrada da safra atual 2023/2024 no mercado, o que agora pode se estender quando confirmado o tamanho das perdas no Estado. Em açúcar, também segue com maior incerteza sem ver gatilho de mudança na competitividade do mercado. A tendência de queda da Selic, embora em menor ritmo, deve contribuir com o lucro líquido da companhia pelo menor impacto no endividamento. Ao longo do ano passado, o lucro líquido da companhia vinha sendo afetado pela maior alavancagem da empresa e pelo alto nível dos juros (ambos que pesam sobre as despesas financeiras). A perspectiva de redução do nível de despesa financeira continua, o que mudou foi a intensidade.

Mesmo uma redução mais lenta da curva de juros, vai ajudar na expectativa de despesa menor com juros que no último exercício. A expectativa era de uma redução dos juros mais intensa e mais rápida, dinâmica alterada em virtude da conjuntura recente do mercado doméstico e internacional. Os resultados consolidados do ano foram positivos e superaram as expectativas da própria empresa. O ano começou com um cenário mais difícil do que o imaginado e depois teve um segundo semestre melhor do que a Camil esperava. Os resultados têm reflexo de um segundo semestre com uma melhor rentabilidade. Houve recuperação na rentabilidade dos segmentos de grãos e margens diferenciadas no setor de massas. O mercado de açúcar foi considerado detrator para o desempenho da empresa em virtude da alta competitividade do mercado local que comprimiu as margens da categoria.

Do ponto de vista estratégico, a empresa continuamos com o desafio de desenvolver as novas linhas de negócios e aprender mais sobre os segmentos mais novos, com café e biscoitos. No mercado internacional, há resultados sólidos no Chile, Uruguai e Equador, em detrimento da contribuição negativa da operação no Peru para a rentabilidade. Para este ano, a companhia enxerga que a demanda por suas categorias deve permanecer estável. No ano fiscal de 2023, o volume comercializado de produtos avançou 0,6%, para 2,192 milhões de toneladas. São categorias básicas e, portanto, não há flutuação significativa de demanda. Pode haver variação no curto prazo, como uma demanda mais forte para grãos neste primeiro trimestre, mas ao longo do ano a expectativa é de estabilidade. No mercado internacional, a Camil vê uma conjuntura semelhante ao do ano fiscal anterior com estabilidade no Uruguai, expectativa de melhora nos resultados do Chile e desempenho dentro da média do Equador. A perspectiva é positiva também para o Peru.

A Camil está otimista com a reforma tributária. A maioria das categorias da empresa terá alíquota zero pelo texto atual proposto pelo Executivo ao Congresso para regulamentação da tributária. Das categorias, somente pescados e biscoitos serão tributados entre 26% e 27%. Grãos, açúcar, massas e café ficarão com imposto isento. Da forma que o texto da reforma tributária está, a expectativa da companhia é muito boa, especialmente nas distorções das legislações estaduais com ICMS, o que traz ganho de competitividade nas principais categorias. Importante lembrar que há o período de transição até a vigência da reforma em 2032. Nesse período, há dúvidas quanto a investimentos porque mudará a dinâmica de incentivo dos Estados. A decisão de novas plantas e de expansão acaba sendo afetada neste cenário. A Camil já antecipou que pode rever a distribuição do parque fabril a partir de 2032. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.