13/May/2024
A Camil Alimentos, maior fabricante de arroz do País, descarta risco de desabastecimento do cereal no mercado interno. O receio de uma eventual escassez de arroz no País cresceu após as fortes enchentes que atingem o Rio Grande do Sul desde a última semana. O Estado é responsável por 70% da produção nacional do grão e deve reportar perdas em lavouras não colhidas do cereal e em grãos armazenados em silos. Não há risco de desabastecimento estrutural do mercado. O fornecimento ao varejo segue normalizado. O arroz é o principal produto comercializado pela empresa, que atua também em feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos. Aproximadamente 85% da safra de arroz do Estado já estava colhida antes das fortes chuvas, com a produção concentrada na indústria ou nos armazéns de produtores.
O impacto, de fato, se houve volume perdido, só será conhecido quando essas chuvas terminarem, mas a avaliação preliminar é de baixo impacto do fenômeno climático na produção de arroz do Estado em virtude da colheita avançada. O Estado é a principal origem do arroz processado pela fabricante. A dinâmica de mercado neste ano já apontava para menor exportação do cereal. Considerando o que tem de estoque de passagem, haverá disponibilidade adequada de cereal ao mercado doméstico. Não deve haver mudança grande em relação a isso, mas se houvesse risco de desabastecimento maior, o País tem acesso ao mercado internacional de arroz, podendo importar da Tailândia e outros países. Não vai faltar arroz para consumir e colocar na mesa do brasileiro. Neste momento, há um movimento do consumidor semelhante ao que ocorreu na pandemia com consumidores adquirindo cereal em volume superior ao seu padrão de consumo usual. Isso gera a percepção de desabastecimento, quando estruturalmente não vai faltar arroz no ano.
O volume de arroz produzido no Brasil somado ao acesso ao mercado internacional garante a disponibilidade de consumo. Há uma dificuldade de abastecimento do arroz gaúcho no curto prazo, em virtude das questões logísticas de escoamento. A Camil consegue atender o varejo da Região Nordeste pelo arroz importado ou pelo Porto de Rio Grande (RS). Atende ao mercado de São Paulo através da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, região de Itaqui. O maior desafio de atendimento ao varejo é na região ao norte de Porto Alegre, por conta de rodovias bloqueadas. Uma das alternativas em estudo na empresa para garantir o fornecimento normal ao varejo é atender o mercado de São Paulo por cabotagem, com arroz saindo do Porto de Rio Grande em rotas diretas a São Paulo, apesar do encarecimento do custo e do maior tempo da operação.
Estuda também entregar cargas em contêineres para manter acesso à distribuição, garantir a logística e tirar a percepção de desabastecimento. Quanto aos impactos no mercado da decisão do governo de importar até 1 milhão de toneladas de arroz pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Camil considera que é preciso aguardar os editais finais com detalhamento da operação para avaliar os efeitos e eventual arrefecimento da potencial alta de preços do produto. A eventual redução da alíquota de importação para arroz de origens de fora do Mercosul, hoje de 10% a 12%, poderia ter reflexo maior nos preços do produto que no cenário de fornecimento. No abastecimento, independente da questão tributária, há capacidade de originação seja no Brasil, na América do Sul ou em outros mercados. A redução da alíquota traria impacto em preço em virtude de importação de arroz tailandês, por exemplo, que chegaria em menor preço e em maior competitividade ao mercado doméstico.
Neste momento, é difícil auferir se há necessidade de medidas exógenas por parte do governo porque o cenário é nebuloso quanto ao impacto das chuvas no arroz e eventual efeito na inflação. A conjuntura atual de preços do cereal é incerta, apesar da tendência de preços mais sustentados. Tanto produtores quanto indústria têm tido muita cautela para não haver especulação de preço. Há poucos negócios girando no momento para poder determinar o preço de equilíbrio hoje no mercado, o preço no curto, médio e longo prazo. Antes da tragédia climática, a companhia apostava em preços firmes do grão pelo menos até a entrada da safra atual 2023/2024 no mercado, o que agora pode se estender quando confirmado o tamanho das perdas no Rio Grande do Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.