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15/Jan/2024

Camil e as perspectivas para o ano fiscal de 2024

Após um ano com preços mais baixos das commodities agrícolas, a Camil Alimentos espera aumento no preço médio das matérias-primas, sobretudo do arroz e feijão. A perspectiva vale para o ano fiscal de 2023, que vai até fevereiro deste ano, e para o ano fiscal de 2024, que se inicia em março. O preço médio dos produtos no ano fiscal de 2023 deve ficar superior ao de 2022, assim como o de 2024 tende a superar o de 2023. Nas categorias em que a empresa opera, não se observou deflação. O índice de inflação de preços das categorias é positivo, ancorado especialmente no maior preço do arroz que é representativo em volume. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos. Para o arroz, principal produto comercializado pela empresa, a Camil espera preços firmes pelo menos até março, quando se encerra o ano fiscal de 2023 e começa a entrada da safra atual 2023/2024 no mercado.

Nesse último ano, a dinâmica do mercado ficou atrelada ao mercado internacional porque o Brasil ficou mais ativo nas exportações de arroz. Portanto, os preços estão vinculados ao mercado internacional e entendemos que essa dinâmica vai continuar. Talvez com a entrada da safra em meados de fevereiro e março, os preços podem apresentar arrefecimento, mas até lá devem continuar sustentados em virtude da menor disponibilidade do produto nessa entressafra. Estão descartados, contudo, eventuais problemas de abastecimento no País. A Camil combina a originação, se necessário, entre o produto nacional e o importado. A disponibilidade é suficiente para atender à operação. Não vai faltar arroz, mas os preços continuarão elevados até o fim deste ano fiscal. No próximo ano, as cotações devem ficar abaixo do recorde histórico, mas ainda superiores ao patamar de 2023. Nesta semana, o arroz bateu o maior valor nominal da série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, atingindo R$ 130,97 por saco de 50 Kg no Rio Grande do Sul.

Os reajustes de preços do produto junto ao varejo estão ocorrendo dentro do ritmo esperado, portanto, a valorização do produto pode contribuir para receita da empresa e redução das despesas e custos fixos. A Camil espera efeitos também nos custos dos preços mais elevados de feijão, que teve a produção afetada pelos impactos do El Niño, e do açúcar, que segue em níveis firmes de preços. No lado do consumo, a Camil vê demanda estável dos alimentos no mercado nacional e no internacional. O aumento de 11,7% no volume comercializado pela empresa no terceiro trimestre do ano fiscal de 2023 ante igual período do ano anterior reflete a sazonalidade na operação internacional e o aumento do volume exportado de açúcar. As operações de exportação de açúcar impulsionaram o crescimento dos produtos de alto giro no mercado doméstico. É uma estratégia de otimizar os volumes e mitigar o resultado de alta competitividade do mercado local. Nas categorias de alto valor, formada por café, pescados, massas e biscoitos, a Camil vê cenário positivo de demanda e margem de rentabilidade.

No mercado internacional, a operação no Uruguai apresenta resultado consistente, enquanto o Chile mostra uma trajetória de melhora gradual dos resultados. O Equador, por sua vez, volta a mostrar retorno dos resultados à média, após um primeiro semestre de fortes resultados. O mercado peruano continua sendo o pior em resultados na operação internacional, mas se observa um momento de inflexão no cenário e melhorias na operação. Para o atual ano fiscal (2023), que termina em fevereiro, a companhia espera rentabilidade menor que a desejada, de margem Ebitda de 10%, mas seguirá perseguindo a média histórica. Ao fim do terceiro trimestre do ano fiscal de 2023, encerrado em novembro, a companhia obteve margem Ebitda de 8,3%. Provavelmente, não atingirá essa média ao fim do ano fiscal de 2023, porque o quatro trimestre tende a ser mais fraco em volumes. A perspectiva é positiva para o fim deste ano fiscal. A empresa espera perfil de resultado semelhante ao do terceiro trimestre.

Em relação ao curto e médio prazo, a tendência de queda da Selic deve contribuir com o lucro líquido da companhia pelo menor impacto no endividamento. O lucro líquido da companhia vem sendo afetado pela maior alavancagem da empresa e pelo alto nível dos juros, ambos que pesam sobre as despesas financeiras. "Encerramos o terceiro trimestre com dívida líquida de R$ 3,5 bilhões, sendo a maior parte vinculado à taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). A cada um ponto percentual abaixo do CDI, a despesa financeira da empresa diminui em R$ 35 milhões. Para o ano fiscal de 2024, o cenário é de Selic média de 2% a 3% abaixo, o que poderia gerar redução de R$ 70 milhões em despesa financeira. Essa inflexão na trajetória da despesa financeira deve afetar positivamente a perspectiva de lucro líquido da empresa. No terceiro trimestre fiscal de 2023, encerrado em fevereiro, a Camil obteve lucro líquido de R$ 143 milhões, queda de 2,8% ante igual período do ano passado.

A receita líquida aumentou 15,5%, para R$ 3,004 bilhões, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 19,5% na mesma base comparativa. A Camil deve encerrar seu programa de recompra de ações em fevereiro. Foram 9 milhões de ações recompradas ao longo do último ano. Hoje, a empresa não tem posição do Conselho de Administração sobre o programa, mas foi muito ativa nesse processo nos últimos três a quatro anos. A empresa segue rigorosa na alocação de capital, o que se estende à recompra de ações. Há limite para recompra de ações. Essa discussão continua no Conselho. O atual programa de recompra de ações da Camil foi anunciado há um ano, com a liberação para aquisição de até 9 milhões de ações ordinárias. O programa tem prazo de 18 meses, de 13 de janeiro de 2023 a 12 de julho deste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.