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21/Nov/2023

Varejo: Justo utiliza IA para replicar “hora da xepa”

A tradicional ‘hora da xepa’, que ocorre depois do meio-dia nas feiras livres, é o momento crucial para o dono da banca. O feirante tem de decidir, rapidamente, quanto vai baixar o preço de frutas, verduras e legumes, para voltar para casa com o caminhão vazio, mas sem prejuízo. A estratégia, que para os feirantes é intuitiva, ganhou ajuda da inteligência artificial (IA) nos supermercados online. Um exemplo vem do Justo, o primeiro supermercado digital do México, que desembarcou no Brasil em 2021 com o desafio de vender alimentos perecíveis online. O grupo usa a IA como um dos pilares do negócio. Por meio de um aplicativo ou do site da varejista, o cliente pode fazer pedidos 24 horas por dia. Do outro lado do balcão virtual, há um planejamento de compras do produto que está sendo colhido no campo e segue para centros de distribuição (CD).

Um deles fica no Parque São Domingos, zona noroeste de São Paulo, e o mais recente, aberto em abril, no Parque Novo Mundo, na zona norte da capital. Se há um produto com estoque elevado, o algoritmo dispara automaticamente uma promoção personalizada para os clientes que têm o costume de comprar esse item. Além de impulsionar a venda, o objetivo é evitar o encalhe do produto. Seria humanamente impossível ter uma pessoa que olhasse, a cada segundo, o movimento do aplicativo e do site. Na loja física de um supermercado tradicional, a saída para ajustar a sobra de produto é colocar uma placa avisando que o item está em promoção. A efetividade do uso de algoritmos para calibrar a oferta com a demanda é alta. O encalhe dos cerca de 5 mil itens vendidos pela empresa é de 1,5%, ante 10% a 12% de um supermercado que não use essa ferramenta.

A IA também permite que a falta do produto, chamada no jargão do setor de “ruptura”, seja bem menor. A varejista busca uma taxa de ruptura de 2% a 2,5%. Essa marca é um quinto do normal do mercado de autosserviço. Metade do faturamento vem da venda de frutas, verduras, legumes, carnes e lácteos. O frescor dos alimentos é garantido pela proximidade dos fornecedores de itens in natura e pela frequência das entregas, que chegam duas vezes ao dia nos CDs. Além disso, existe uma verdadeira linha de montagem para separar as mercadorias e preparar os pedidos. Os itens vêm em caixas ventiladas e ficam acondicionados em câmaras climatizadas ou frigoríficas, aguardando a separação e o despacho. Depois, os pedidos partem do CD para a entrega com hora marcada, em frota e equipe próprias. A entrega é pontual, com profissional uniformizado, que oferece uma flor ao cliente (no primeiro pedido).

Vender perecíveis e produtos como alimentos industrializados, bebidas e cosméticos é um grande desafio e o grande potencial do e-commerce. A Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC) destaca que o sucesso do online nesses segmentos de maior recorrência de compras depende de o varejo prestar um bom serviço de entrega e da qualidade dos produtos. Hoje, o Justo vende dez vezes mais do que no início da operação no País, em 2021. E o potencial de avanço é muito grande. Neste momento, a empresa está focada em aumentar a presença no estado de São Paulo, mas já tem sete capitais mapeadas e há regiões metropolitanas com forte potencial. Presente na capital e em mais 12 cidades da Grande São Paulo, a operação brasileira do Justo representa hoje 31% do negócio. O México responde por 60%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.