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16/Oct/2023

Camil divulga os resultados do 2º trimestre fiscal

A Camil Alimentos, multinacional de origem brasileira, obteve lucro líquido de R$ 46,9 milhões no segundo trimestre fiscal deste ano, encerrado em agosto. O resultado representa queda de 50,1% ante igual período do ano passado, quando a companhia registrou lucro de R$ 93,9 milhões. O lucro por ação atingiu R$ 0,13 no segundo trimestre. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos. A receita líquida aumentou 8%, de R$ 2,697 bilhões para R$ 2,913 bilhões no segundo trimestre fiscal de 2023. No segmento alimentício Brasil, a receita aumentou 14,9%, para R$ 2,153 bilhões. O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 7,6% menor, de R$ 759,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) avançou 1,9% na mesma comparação, de R$ 208,5 milhões para R$ 212,4 milhões. A margem Ebitda cedeu 0,4% do segundo trimestre fiscal de 2022 para o segundo trimestre fiscal deste ano, encerrando o período em 7,3%.

A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) terminou o segundo trimestre fiscal deste ano em 3,4 vezes ante 2,6 vezes de igual período do ano fiscal anterior. No período, a companhia investiu (Capex) R$ 28,9 milhões, 31,7% menos que no segundo trimestre fiscal de 2022. Destaque para a receita recorde no período. Com execução contínua e gradual do crescimento dos novos negócios na companhia. O resultado da Camil reforça o posicionamento da Camil como uma das maiores plataformas de marcas alimentícias da América do Sul. A Camil apresentou estabilidade no volume total vendido de seus produtos no segundo trimestre fiscal deste ano, encerrado em agosto, em relação a igual período do ano passado, em 629,5 mil toneladas. A alta de 9,3% no volume vendido no Brasil, de 424,9 mil toneladas, compensou a queda de 15% no volume comercializado no segmento internacional, de 204,6 mil toneladas.

No Brasil, que representou 67,5% do volume comercializado pela Camil, o volume de vendas do segmento de alto giro (60% do total), formado por arroz, feijão e açúcar, foi 7,2% maior, para 380,5 mil toneladas. Enquanto o volume vendido na divisão de alto valor (7% do total), formado por pescados, massas, café e biscoitos, aumentou 31,6%, para 44,4 mil toneladas. O preço líquido do segmento de alto giro no Brasil aumentou 6,8%, para R$ 3,88 por Kg, enquanto o preço líquido médio do segmento de alto valor caiu 5,8% para R$ 12,19 por Kg. No alto giro, que consiste em grãos e açúcar, o volume apresentou crescimento decorrente de operações de exportação de açúcar. Essa operação é fruto de uma frente de trabalho da companhia para minimizar os efeitos de um cenário competitivo desafiador e de menor rentabilidade para a categoria no curto prazo. A Camil, que é uma das maiores processadoras de arroz do País, observa forte alta dos preços do cereal no mercado interno.

A empresa tem estoque em arroz, mas sem previsão de grande impacto. Há expectativa de uma safra maior na temporada 2023/2024, apesar de que as condições climáticas ainda precisam ser acompanhadas. O plantio está cerca de 10 a 15 dias atrasado, mas a perspectiva é ter uma safra maior. Como o El Niño moderado se estende até meados de fevereiro e março, a preocupação com chuvas é constante. A Camil espera iniciar em breve em Cambaí, município de Itaqui (RS), a construção de usina de geração de energia térmica e elétrica a partir de casca de arroz. A obra civil para implantação da usina deve começar o quanto antes, após a emissão da licença. Do ponto de vista financeiro, a empresa está trocando uma despesa variável por despesa que na maior parte faz investimento inicial. A empresa investirá cerca de R$ 150 milhões no projeto e prevê ser autossuficiente no uso de energia. Quando o projeto foi aprovado, o ROIC (retorno sobre o capital investido) estava estimado em 15%.

Agora, será possível mensurar de fato o retorno ao longo da operação, porque a empresa não conseguiu travar um contrato de energia em horizonte amplo de tempo. O retorno dependerá da energia que seria contratada no mercado em relação ao custo operacional. A Camil quer aumentar sua participação de mercado em café. O desempenho no segmento de café não alcançou a margem que a companhia havia projetado. A planta fabril de café está rodando 50% abaixo da sua capacidade. O portfólio do União (marca da empresa) foi ampliado e lançado agora em todo o Brasil com embalagens menores. Até então, a empresa comercializava o café somente nas Regiões Sul e Sudeste. A categoria está inserida no segmento chamado de alto valor da empresa. Em massas, também no segmento de alto valor agregado, a Camil está ampliando a capacidade fabril de 90 mil toneladas por ano para 150 mil toneladas por ano, o que deve ser concluído em três trimestres.

Hoje, de 85% a 90% da capacidade instalada na planta está sendo ocupada. Em biscoitos, a empresa também vê a possibilidade de ampliar o uso da capacidade ociosa. Em pescados, a expectativa é a redução de estoques com o período da Quaresma. A Camil vê que o mercado de açúcar continuará desafiador nos próximos trimestres, sobretudo em margens de rentabilidade, em virtude do aumento dos preços da commodity no mercado global. A empresa perdeu market share em açúcar nos últimos trimestres. Essa situação macro atual (de déficit no balanço global) já ocorre há mais de um ano. A expectativa é que a condição permaneça ao longo deste ano. Não se espera quedas maiores de market share, mas há desafios na recuperação do market share e com margens menores ainda nos próximos trimestres. A empresa está com uma operação de exportação em andamento, fornecimento iniciado ao longo do último trimestre e contratado até o fim do ano.

O cenário competitivo desafiador e de menor rentabilidade para o segmento permanece no curto prazo. A exportação visou minimizar o efeito desafiador no curto prazo. Apesar do quadro complexo no mercado de açúcar, as mudanças não tendem a ser estruturais. É difícil imaginar que as variáveis devam continuar. Se for estrutural, a Camil repensará a questão do fornecimento, mas ainda tem caminhos a serem estruturados. É um ponto de atenção. No mercado internacional, que representou 32% do total comercializado pela companhia no trimestre, a queda foi puxada pelo menor volume comercializado no Uruguai na comparação com o segundo trimestre do ano fiscal de 2023 com o segundo trimestre do ano fiscal passado em virtude da sazonalidade das vendas no País. Sendo o volume do Uruguai forte na base comparativa e um pouco mais fraca em sua concentração de exportações no país no trimestre atual quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Vale destacar que Equador tem desempenhado bons resultados, parcialmente compensado pela continuidade de um cenário desafiador no Peru. Os resultados obtidos pela empresa no segundo trimestre fiscal de 2023, encerrado em agosto, foram positivos do ponto de vista operacional. No Brasil, houve volume 9,3% maior com preço líquido maior e receita recorde (de R$ 2,913 bilhões e alta de 8%). O Ebitda também foi 1,9% superior contra o 2º trimestre do ano passado. O lucro líquido da companhia recuou 50,1% no 2º trimestre fiscal de 2023, para R$ 46,9 milhões, ante igual período do ano anterior. Apesar de a retração ser significativa, ela não foi inesperada. Apesar de o resultado operacional positivo, é um movimento que já vinha ocorrendo nos últimos trimestres e resultado de uma combinação de fatores. Dos fatores externos à companhia, pode-se citar a taxa de juros muito superior à do ano passado. Do ponto de vista da companhia, o aumento da alavancagem financeira em virtude das aquisições recentes aumentou a despesa financeira e afetou o lucro líquido de maneira significativa.

Após o aumento sequencial em volumes e receita líquida nos dois primeiros trimestres deste ano, a Camil espera que o ano fiscal encerre com demanda e rentabilidade estáveis em relação ao período anterior. Não se observa aumento da demanda, de modo que possa afetar os negócios da companhia. O cenário é de estabilidade em volume e em rentabilidade. Não há nenhum fator que altere de forma significativa o que ocorreu no primeiro semestre. O volume comercializado pela companhia cresceu 14,9% do primeiro para o segundo trimestre deste ano fiscal, para 629,5 mil toneladas, com avanço de 10,6% nas vendas do País e de 24,9% no mercado internacional. O ano fiscal de 2023 da empresa segue o calendário de safra de arroz e termina em fevereiro de 2024. No segundo trimestre deste ano, o aumento de 9,3% no volume vendido no Brasil deve-se sobretudo ao segmento de alto giro, porque houve operação de exportação pontual de açúcar no período que afetou o resultado, e de 31% em novas categorias.

Em relação ao lucro líquido, que vem sendo afetado pela maior alavancagem da empresa e pelo alto nível dos juros (ambos que pesam sobre as despesas financeiras), a dinâmica deve continuar no curto prazo em virtude de a taxa de juros permanecer em patamar elevado. A geração de caixa da empresa neste ano deve ficar praticamente neutra. O endividamento líquido deve permanecer no mesmo patamar, portanto, não se espera redução da alavancagem financeira este ano. Para o próximo ano fiscal, a expectativa da Camil é de ter redução na alavancagem, o que ajuda a geração de caixa. A empresa espera também uma contribuição positiva dos menores juros previstos na redução do endividamento para 2024. A redução do endividamento líquido pode ajudar em maior resultado operacional, mas vemos redução da relação de dívida líquida por Ebitda somente no ano que vem. Do lado dos custos, a empresa ainda não observou o impacto do aumento recente dos preços do trigo, apesar de ver tendência de alta, e não vê riscos de disponibilidade da matéria-prima na safra atual. O custo de aquisição deste ano em relação ao ano passado está entre 25% e 30% menor.

Isso tem sido positivo na operação, especialmente em massas para manter patamar adequado de rentabilidade. Para a próxima safra 2023/2024, o El Niño ainda é um fator de preocupação para os grãos, incluindo o arroz. Para arroz, há perspectiva de maior produção, mas a dinâmica dos preços segue muito vinculada ao mercado internacional. Os preços do arroz devem continuar em patamar elevado, apesar da potencial maior oferta no mercado no ano que vem. Em relação ao feijão, sobre o qual o Brasil deve cultivar uma área maior, ainda é cedo para avaliar se haverá aumento de produção em virtude da maior volatilidade da cultura. No mercado internacional, a Camil vê a operação como um todo praticamente inalterada em relação ao ano passado, apesar das especificidades em cada país. O volume internacional é muito puxado pelo Uruguai, que representa cerca de 50% do total, e apresenta muita sazonalidade na operação. Neste contexto, o resultado anual deve ser bastante sólido, porque a empresa já comercializou mais de 90% de todo o arroz que será recebido na safra.

O Chile, por sua vez, apresenta recuperação no resultado operacional, enquanto o desempenho da empresa no Equador segue acima do esperado. No Peru, o resultado continua deprimido, afetado pela economia, mas começa a aparecer uma inflexão e melhora na expectativa para o segundo semestre. O mercado internacional não deve apresentar surpresas no restante do ano e a Camil deve ver um resultado muito consistente em relação ao que foi entregue no ano passado. Diante desta conjuntura de estabilidade, a Camil manterá a cautela nos investimentos. O foco seguirá na integração dos negócios recém adquiridos, na expansão dos mercados de maior valor agregado (café, massas, biscoitos) e no cumprimento de investimentos já contratados. O contexto externo não ajuda em investimentos com nível de juros alto para eventuais financiamentos. Tanto o contexto interno quanto o externo apontam que é adequado foco na agenda interna e na melhoria operacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.