18/Sep/2023
Em agosto, os preços mundiais do arroz subiram 14%, mas começaram a diminuir no final do mês. O anúncio, em meados de julho, de interdição das exportações indianas de arroz não-basmati provocou turbulências nos preços asiáticos, que subiram 20% em apenas alguns dias, atingindo a maior alta em 15 anos. As tensões nos mercados mundiais também estão sendo repassadas para os mercados domésticos, tanto nos países exportadores quanto nos importadores. Controles de preços domésticos estão sendo implementados para proteger os consumidores das tendências inflacionárias. Ao mesmo tempo, as autoridades dos países exportadores, principalmente da Tailândia e do Vietnã, reafirmam que não há motivo para restringir as exportações, pois os suprimentos são suficientes.
No início de setembro, os preços mundiais começaram a cair, em parte devido aos importadores, especialmente das Filipinas, que não estão dispostos a pagar preços tão altos e preferem esperar pela chegada das novas safras asiáticas durante o último trimestre do ano. Portanto, o mercado mundial começou a assimilar a decisão do exportador do mundo, a Índia, embora as novas medidas restritivas agora se estendam ao arroz parboilizado indiano, que está temporariamente sujeito (até meados de outubro) a uma taxa de exportação de 20%, como é o caso de outras categorias de arroz branco indiano desde setembro de 2022. Quanto ao fenômeno climático El Niño, pode afetar os cultivos em 2024. De fato, com a antecipação do El Niño, alguns importadores aumentaram suas compras bem antes das novas restrições indianas. Os próximos meses serão cruciais para oferta global. Ao mesmo tempo, a demanda global pode diminuir, especialmente para ração animal, o que deveria aliviar a pressão sobre os preços mundiais nos próximos meses.
Na Índia, os preços do arroz não-basmati permanecem sem cotação, com exceção do arroz parboilizado. Além da proibição das exportações de arroz não-basmati desde meados de julho, as autoridades indianas aplicam um imposto de 20% sobre as exportações de arroz parboilizado. Essa medida permanecerá em vigor até meados de outubro, quando a nova safra começará a chegar ao mercado. Os preços mundiais altos, desde o início do ano, motivaram os produtores indianos a aumentar suas lavouras. De acordo com as últimas projeções, a área de arroz teria aumentado 3,7%, e a safra Kharif (85% da produção indiana total) poderia atingir um recorde de 118 milhões de toneladas. Isto pode aliviar a pressão sobre os preços domésticos e talvez o governo reveja sua política de exportação. Em agosto, o arroz parboilizado indiano atingiu uma média de US$ 480,00 por tonelada FOB, contra US$ 435,00 por tonelada em julho. No início de setembro, o preço permanece alto, a US$ 530,00 por tonelada.
Na Tailândia, os preços subiram 16% em agosto e se encontram 50% mais altos em relação ao ano passado na mesma época. A demanda externa renovada, após das restrições da Índia, também tende a aumentar os preços domésticos. No final de agosto, os preços estavam começando a cair, pois os compradores mostram-se reticentes em pagar preços tão altos. A desvalorização do bath em relação ao dólar, desde o final de agosto, também contribui à queda dos preços de exportação. Além disso, a chegada da nova safra durante o último trimestre do ano deve amenizar ainda mais a pressão sobre os preços domésticos e internacionais. Nos primeiros oito meses do ano, as exportações da Tailândia totalizaram 5,5 milhões de toneladas, 15% a mais que em 2022 na mesma época. Atualmente, estima-se que as exportações atinjam 8,5 milhões de toneladas em 2023. Em agosto, o preço médio do arroz Thai 100%B atingiu US$ 653 ,00 por tonelada, contra US$ 561,00 por tonelada em julho. O arroz parboilizado subiu para US$ 638,00 por tonelada, contra US$ 546,00 por tonelada em julho. O arroz quebrado A1 Super subiu para US$ 474 ,00 por tonelada em agosto, contra US$ 450,00 por tonelada. No início de setembro, os preços apresentam tendência baixista, mas ainda assim estão no nível mais alto em 15 anos.
No Vietnã, os preços de exportação aumentaram 20% em agosto, atingindo um valor médio de 60% em relação a agosto de 2022. O Vietnã já tira proveito das restrições indianas. O país exportou 921.000 toneladas em agosto contra 657.000 toneladas em julho. Para os primeiros oito meses do ano, o aumento é de 20% em relação a 2022, e equivalente a 90% da meta estabelecida pelas autoridades do país para todo o ano de 2023. Como na Tailândia, os preços do Vietnã estão com tendência baixista desde o final de agosto. As Filipinas, principal cliente, que representa 40% das vendas do Vietnã, estabeleceu um preço teto para o mercado interno, forçando o Vietnã a reduzir seus preços de exportação. As autoridades vietnamitas continuam otimistas, estimando que o país poderia exportar até 8 milhões de toneladas em 2023, contra 7,2 milhões de toneladas em 2022, mas preservando a segurança alimentar interna. O arroz Viet 5% foi negociado a US$ 633,00 por tonelada em agosto, contra US$ 535,00 por tonelada em julho. O Viet 25% foi cotado a US$ 615 ,00 por tonelada, contra US$ 515,00 por tonelada em julho.
No Paquistão, os preços do arroz subiram novamente em agosto, entre 7% e 10% de acordo com a categoria. Em agosto, o Pak 25% esteve cotado a US$ 520,00 por tonelada contra US$ 487,00 por tonelada em julho. O Paquistão realizará eleições gerais no final de novembro e novas políticas governamentais podem afetar o mercado de exportação. Enquanto isso, as autoridades do país acreditam em um aumento nas exportações, especialmente para a China, graças à recuperação produção de 30%, em comparação com a safra de 2022. O Paquistão está também na expectativa de aumentar suas exportações de arroz basmati, após o preço mínimo de exportação imposto pela Índia às suas vendas de arroz não-basmati, mas sendo 15% acima do preço atual de mercado. No início de setembro, os preços permanecem firmes devido à instabilidade econômica e ao contexto inflacionário que o país vem enfrentando há meses.
Nos Estados Unidos, os preços do arroz permanecem desconectados dos mercados asiáticos e marcam estabilidade. No entanto, as restrições comerciais da Índia podem ter um impacto sobre os preços de exportação no Hemisfério Ocidental em um futuro próximo, como já acontece no Mercosul. Em agosto, as exportações aumentaram para 147.000 toneladas, contra 120.000 toneladas em julho, com leve aumento em relação ao ano passado na mesma época. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 permanece estável em US$ 725,00 por tonelada. No início de setembro, os preços se mantêm firmes. Fonte: Informativo Mensal do Mercado Mundial de Arroz - CIRAD. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.