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28/Jul/2022

CARREFOUR sacrifica margem para ganhar mercado

O Grupo Carrefour Brasil superou as expectativas do mercado com vendas fortes no segundo trimestre de 2022. A companhia afirma que, segundo dados da consultoria Nielsen, ganhou 120 pontos base (ou 1,2%) em fatia de mercado no período. O avanço se relaciona à escolha da companhia de oferecer preços mais baixos em um período de inflação alta, ainda que isso tenha significado abrir mão de margem. A margem bruta da companhia encerrou o segundo trimestre de 2022 em 19,0%, 1,4% menor do que o reportado um ano antes. Segundo a empresa, as promoções de abril, relativas ao aniversário da bandeira de atacarejo do grupo, o Atacadão, influenciaram essa queda, bem como a alta de vendas do período. A bandeira registrou alta de 22% no segundo trimestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021. Em abril, essa alta teve pico de 30%.

O Citi afirmou não vê o nível de crescimento de vendas apresentado neste trimestre como sustentável, mas que a empresa está interessada em entregar um crescimento consistente acima do setor e pode contar com mais ações comerciais para obter mais ganhos de participação de mercado. Na margem bruta, a empresa diz esperar uma melhoria sequencial para o segmento de atacarejo, visto que o segundo semestre costuma ser mais favorável para isso. Entretanto, a integração do BIG (adquirido completamente em junho) deve afetar os números consolidados do grupo daqui para frente. A dinâmica comercial do Atacadão no trimestre, que investiu margem para ganhar em receita, tem a ver com o modelo de negócios da marca, que é focada em aumento de vendas (top line). Anteriormente, a oportunidade capturada foi a de compras "oportunísticas" e, agora, a empresa escolheu investir margens. Nas bandeiras de varejo, o preço baixo da companhia mirava a aquisição de novos clientes.

O Carrefour aponta que, desde fevereiro, o mercado vem enfrentando uma inflação de alimentos persistentemente alta (em dois dígitos) e isso resultou em algumas mudanças nos hábitos de compra. No segundo trimestre, observou-se o aumento da frequência de visitas de clientes ao supermercado e diminuição do ticket médio e do número de itens por ticket; aumento das vendas de carne suína versus bovina; crescimento significativo de 82% ano a ano dos produtos "Únicos" (aqueles que não atendem aos padrões usuais em termos visuais, mas são adequados para consumo e vendidos a preços com desconto); e produtos de marca própria continuaram a aumentar a penetração. No total, 20% das vendas líquidas de alimentos no trimestre (4,7% a mais do que um ano antes) foram de produtos de marca própria. Segundo a XP, apesar da operação de varejo ser mais exposta ao cenário macroeconômico, os resultados foram positivos.

A divisão de negócios teve queda de margem bruta em 1,4% em relação ao mesmo período do ano passado para sustentar o crescimento de vendas de 16%. Ainda assim, a margem Ebitda dessa área veio acima do esperado, em 5,8%, com a alavancagem operacional compensando parte desse efeito. Segundo a Eleven Financial, do lado negativo, observou-se o desempenho do segmento não alimentar que, embora tenha apresentado mesmas vendas no campo positivo para o segmento de Bazar e Têxtil, foi impactado pela queda de 7,4% de mesmas vendas do segmento de Eletroeletrônicos, devido aos fortes impactos em demanda com a redução do poder de compra da população. A companhia continua prudente com a expectativa de vendas de eletrodomésticos. Eletrodomésticos tiveram crescimento na pandemia e no contexto atual estão sofrendo muito. Mas, nos últimos meses e semanas houve alguma melhora. A companhia tem se preparado para a Copa do Mundo e para a Black Friday para recuperar o desempenho fraco do ano passado nessa categoria de produtos. Em relação à rentabilidade, ainda há oportunidades de melhoria de eficiência no negócio de varejo.

O faturamento do Banco Carrefour atingiu R$ 12,9 bilhões no segundo trimestre de 2022, um aumento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2021. A empresa explica que o resultado foi impulsionado tanto pelo cartão Carrefour (com alta de 7,5% ou R$ 573 milhões), quanto pelo cartão Atacadão (11,2% ou R$ 454 milhões). O índice de inadimplência acima de 30 dias manteve-se praticamente estável ao final de junho em relação ao último trimestre, com alta de 0,3%. Já os atrasos acima de 90 dias aumentaram para 13,2% (+0,9%). Depois de diminuir a oferta de crédito em dezembro, para equalizar os índices de inadimplência, o banco já voltou a crescer a oferta, mas, agora, com mais cautela. O Grupo Carrefour Brasil apresentou lucro líquido ajustado ao controlador de R$ 600 milhões, alta de 1,2% ante o apresentado no mesmo período de 2021. A empresa pontua que, sem o Grupo BIG (que teve a aquisição concluída em junho), o lucro líquido ajustado teria sido de R$ 631 milhões, 6,5% a mais que o apresentado um ano antes.

Já o Ebitda Ajustado ficou em R$ 1,7 bilhão, alta de 24,5%. As vendas líquidas foram de R$ 24 bilhões, com alta de 35,9%. A dívida líquida da empresa encerrou junho em R$ 12,1 bilhões ou R$ 17,0 bilhões incluindo aluguéis e recebíveis descontados, o que representou 2,7x Ebitda Ajustado LTM. Isso representa o pico do ano e está mantida a expectativa de fechar o ano em não mais que 2x. Para o TradeMap, os investimentos do Grupo Carrefour Brasil (CRFB3) no BIG foram um dos motivos que fizeram a margem de lucro da empresa encolher no segundo trimestre de 2022, assim como o aumento de despesas em função da inflação elevada e da expansão de lojas próprias. A expectativa de margens de lucro maiores para o Carrefour é grande para o segundo semestre, em parte porque o Auxílio Brasil aumentará de R$ 400,00 para R$ 600,00 a partir de agosto e deve aquecer novamente as vendas no varejo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.