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18/Jul/2022

CAMIL planeja expansão e está otimista com 2022

Mesmo com o cenário adverso, de inflação em alta e corrosão do poder de compra da população, a Camil Alimentos, multinacional de origem brasileira, espera ver crescimento em todas as suas categorias no ano fiscal de 2022, iniciado em março deste ano. O novo auxílio, que está em vias de ser aprovado pelo governo, tem efeito positivo neste cenário, pois deve auxiliar na questão da queda do poder aquisitivo. A companhia atua em arroz, feijão, café, açúcar, massas e pescados. A empresa não enxerga cenário de ruptura de demanda dos produtos em que a Camil atua neste ano, mesmo em meio ao cenário econômico adverso, pelo fato de serem considerados alimentos básicos e mais resilientes às oscilações de mercado. A expectativa é de demanda normalizada. Há possibilidade de crescimento de vendas mesmo em uma situação eventual de redução de consumo, uma referência à estratégia de melhor distribuição de mix de pontos de venda, entrando em novas áreas de distribuição e melhorando a atuação em pontos de distribuição já integrados.

O sentimento é que mesmo que as categorias de base podem ter trocas por marcas mais baratas, raramente a demanda delas é afetada. A projeção é de estabilidade no consumo. A companhia acompanha a possibilidade de ocorrer um movimento de trade down (quando o consumidor opta por produtos de menor valor agregado em detrimento de produtos de maior valor agregado), embora ainda não se observe este movimento internamente. No último trimestre, apesar da queda de volume em grãos, de 7,3%, a marca Camil de arroz (linha intermediária do portfólio entre a mais premium e de faixa inferior, chamada de mainstream) apresentou desempenho superior que as demais, enquanto as marcas chamadas de ocupação (faixa inferior) mostraram recuo no volume vendido na comparação anual, por exemplo. Está sendo possível defender as marcas principais. A Camil tem focado em buscar eficiência, com preços mais competitivos para continuar crescendo em marcas superiores. Entretanto, por ter produtos de todas as faixas de consumo, a Camil poderia eventualmente capturar movimento de migração de linhas superiores para inferiores.

O assunto da queda do poder aquisitivo dos consumidores e da necessidade de ter produtos mais baratos está presente em todas as negociações, ao mesmo tempo em que as marcas principais são defendidas. Em paralelo ao acompanhamento dos volumes e marcas vendidas neste cenário adverso, a Camil continua reajustando os preços finais de seus alimentos quando o repasse do aumento do custo das matérias-primas é necessário. Cada categoria tem dinâmica diferente de precificação. O repasse de preço nas principais categorias ocorre sempre, tanto quando há alta das commodities quanto quando há baixa. Nunca houve cenário em que não fosse repassado, independentemente de pressão de mercado. No momento, não há defasagem entre os preços praticados pela companhia e os seus custos de produção. Em massas, um último reajuste será implantado em julho para alcançar o patamar de reposição do custo da farinha. Nas últimas semanas, os preços do arroz têm subido com efeito de câmbio e de oferta. Em feijão, com a entrada da nova safra, o preço caiu e foi repassado.

Em açúcar, há pressão de baixa neste momento. Em pescados, houve aumentos no primeiro trimestre e não se espera novas altas. Já em café, o mercado está incerto. A combinação de juros elevados, inflação em alta e arrefecimento da economia não vai afastar a Camil Alimentos da maioria de seus projetos de expansão. A companhia pretende seguir com os projetos de maior retorno, mesmo aqueles que necessitam de maior volume de recursos. Já aqueles de menor retorno tendem a ser freados momentaneamente. A opção é por esperar para iniciar alguns investimentos, assim como são implementados outros que fazem sentido. Os investimentos de menor retorno que não são críticos foram adiados e os de maior retorno, prosseguidos. Um dos projetos que a companhia optou por prosseguir é a construção da nova termoelétrica em Cambaí, na região de Itaqui (RS). O projeto de geração de energia a partir de casca de arroz prevê aporte de R$ 150 milhões. A conclusão do projeto está prevista para julho de 2023.

A termoelétrica usará toda a casca de arroz das plantas da região e permitirá à companhia ser autossuficiente em energia na região. Hoje, mais de 90% da energia utilizada nas plantas da Camil são de fontes renováveis. Deste montante, aproximadamente 40% são produzidos pela própria empresa por meio da casca do arroz. Outro projeto que está mantido, no momento, é a construção de uma nova fábrica de arroz em Cambaí. O projeto exige aporte de R$ 250 a R$ 300 milhões, com execução estimada de 18 a 24 meses. A obra, contudo, ainda depende de licenciamento ambiental para ser iniciada. Além dos projetos de investimento na estrutura própria, o crescimento inorgânico, por meio de fusões e aquisições de outras empresas (M&As), também continua no foco da empresa. Nos últimos 9 meses, foram integradas quatro novas aquisições, duas novas categorias e um novo país e a capacidade de integração está sendo comprovada. No ano passado, a companhia fez quatro aquisições, entrando em novos segmentos de atuação, como massas e café, e em novos países, como o Equador. Há interesse ainda da companhia por outros segmentos dentro da cadeia do trigo, como biscoitos e farinha.

Também há interesse em categorias de alto giro e vontade de levar novas categorias aos países em que a Camil atua, além de entrar em novos mercados na América do Sul e Central, como a Colômbia, que é um desejo antigo. A situação financeira da empresa permite o apetite por novos negócios. A Camil tem estrutura de capital muito sólida. Ainda tem capacidade para fazer novas aquisições de pelo menos R$ 1 bilhão. Não há nenhuma preocupação com capital. Há ferramentas de captação de recursos que podem ser lançadas como a oferta de ações por parte da família controladora da empresa. Hoje, a família que controla a empresa detém 64% de participação e tem disposição para baixar a participação até 40% se necessário, o que aumentaria a capacidade de valor nominal para aquisições significativamente. A alavancagem da companhia, relação entre dívida líquida e Ebitda, também permite tal movimentação, já que encerrou o primeiro trimestre fiscal deste ano em 2,4 vezes, abaixo do limite considerado adequado pela própria empresa, de 3,5 vezes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.