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24/Mai/2022

CAMIL ALIMENTOS deverá seguir repassando altas

A Camil Alimentos não enxerga cenário de ruptura de demanda neste ano, em meio ao cenário econômico adverso com inflação elevada e corrosão do poder de compra da população. Os produtos da empresa são mais básicos e menos discricionários. Historicamente, a demanda de arroz e feijão é menos inelástica. Na composição do prato brasileiro, é responsável por praticamente a metade do consumo, mas em pressão monetária representa menos. É mais fácil primeiro consumidor mudar proteína do que fonte de carboidrato, por isso não deve haver mudança na demanda. Contudo, a companhia acompanha a possibilidade de ocorrer um movimento de trade down (quando o consumidor opta por produtos de menor valor agregado em detrimento de produtos de maior valor agregado). O que desperta cautela neste momento é que em cenário de menor poder de compra, o consumidor pode migrar para produto de menor valor agregado, que tem impacto menor no preço e maior na margem.

Entretanto, no ano passado, quando já havia queda no poder de compra, a companhia conseguiu crescer mais nas principais marcas premium do portfólio que nas da faixa inferior. Neste momento de preocupação, o consumidor acaba valorizando produtos que têm capacidade de entrega. Cada centavo conta, mas a diferença entre um pacote de arroz de 5 Kg premium e o um da faixa de ocupação (nível inferior de preço), às vezes, é R$ 1,00 ou 1,50 por Kg, menos do que gasta com outros itens e opta por produto de qualidade. Por outro lado, o portfólio da Camil pode capturar uma possível migração de consumo entre os produtos premium e de valor inferior, chamados de faixa de ocupação. Em todas as categorias, o portfólio é completo e abrange desde faixa premium, intermediária, a de ocupação e a de maior valor agregado.

Do ponto de vista de posicionamento, a Camil tem capacidade de atender cliente inclusive neste movimento. Em contrapartida, o reajuste de preços tende a continuar sendo feito pela Camil à medida que os preços das commodities se mantêm em alta. A estratégia de precificação, segundo ele, depende da dinâmica de cada categoria e do percentual de aumento do custo de cada matéria-prima. Em feijão, que tem muita volatilidade, o repasse é imediato. Em arroz, leva uma semana. Em açúcar, há dois a três movimentos por mês, dependendo da intensidade da mudança. Em massas, a dinâmica é um pouco mais lenta. Para a empresa, quanto mais rápido conseguir repassar, melhor. Os repasses do aumento do custo para o valor final dos produtos são necessários em virtude da margem de rentabilidade apertada da indústria de alimentos, de cerca de 10% diferentemente de outros segmentos que possuem margens de 35%.

Qualquer diferença de preço, tem impacto muito grande no resultado, o que faz com que a dinâmica venha ser de reajustes mais imediatos, tanto de alta quanto de queda. No momento, os repasses estão sendo absorvidos pelo varejo e consumidor final. A companhia não vê dificuldade para o reajuste dos produtos. Historicamente, as categorias que a empresa opera conseguem fazer repasse de preço. A maior parte do reajuste sempre é feita. Em alguns anos é mais difícil, em outros é mais fácil. Neste momento que as notícias mostram o aumento dos preços e questões de produção é mais fácil de explicar o repasse. Como exemplo: houve perda de um 1% da margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa do ano passado por dinâmica de pressão de varejo e menor repasse que o custo. No ano fiscal de 2021, encerrado em fevereiro deste ano, a Camil obteve margem Ebitda de 9%, abaixo dos 10% perseguidos pela companhia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.