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16/Mar/2022

Preços globais do arroz estão em tendência de alta

Em fevereiro, os preços mundiais do arroz subiram 1% em média, sendo que grande parte se deve aos preços mais altos nos Estados Unidos. Na Tailândia, os preços mostraram volatilidade como resultado de variações nas taxas de câmbio do bath em relação ao dólar. No resto da Ásia, os preços estiveram relativamente estáveis, exceto no Paquistão, onde caíram devido à forte concorrência da Índia. A guerra na Ucrânia, que afeta fortemente os mercados de commodities, ainda não teve nenhum impacto nos mercados mundiais de arroz. A Rússia e a Ucrânia estão apenas envolvidas marginalmente no comércio mundial de arroz.

Entretanto, dentro de alguns meses, o conflito poderia ter um impacto nos custos de produção nas regiões produtoras de arroz da Ásia, devido ao aumento dos preços da energia, de fertilizantes e de transporte, já fortemente afetados pela pandemia de Covid-19. O aumento dos preços do petróleo e dos grãos lembra, em alguns aspectos, a crise de 2008, quando os riscos inflacionários nas economias asiáticas, por ser deficitários em trigo, milho e oleaginosas (além do óleo de palma), levaram as autoridades locais a restringir as exportações de arroz para limitar os efeitos inflacionários nos preços ao consumidor, o que não parece ser o caso em 2022. Pelo contrário, os exportadores asiáticos procuram manter ou recuperar as parcelas de mercado, dadas as abundantes reservas exportáveis.

Porém, os exportadores procuram favorecer o comércio regional para reduzir os custos de transporte. Nesta perspectiva, o Vietnã poderia se concentrar ainda mais nos mercados do Sudeste Asiático e chinês. A Índia, que já é o principal fornecedor da África, também poderia aumentar suas parcelas de mercado na África. Mas, há um alto risco de que os preços mundiais do arroz aumentem até o final do ano como resultado de uma possível alta dos preços domésticos nos mercados asiáticos. A produção mundial 2022/2023 também pode ser afetada se os produtores forem forçados a reduzir o uso de insumos para limitar seus custos de produção. Este cenário teria um grande impacto sobre os preços mundiais do arroz em 2023.

Na Índia, os preços do arroz ficam estáveis e permanecem os mais competitivos do mercado. Após do volume recorde de vendas em 2021, a Índia estará novamente em condições de responder à forte demanda global em 2022, especialmente da África para o arroz não aromático, e para o arroz Basmati (20% do total de suas exportações) destinado principalmente aos mercados do Oriente Médio. As únicas restrições que poderiam retardar as vendas externas viriam de novos aumentos nos custos do frete marítimo e atrasos nas saídas devido ao congestionamento nos portos de embarque. Em 2022, as exportações indianas podem cair 15% para 18 milhões de toneladas, mas, por enquanto, as vendas externas sinalizam um avanço de 10% em relação ao ano passado, na mesma época. Em fevereiro, o arroz indiano 5% quebrado esteve cotado a US$ 344,00 por tonelada FOB contra US$ 342,00 por tonelada em janeiro. Neste início de março, os preços se mantêm estáveis.

Na Tailândia, os preços de exportação mostraram fraqueza no início do mês de fevereiro, devido à valorização do bath em relação ao dólar. Entretanto, uma tendência ascendente é perceptível desde o final de fevereiro, devido às tensões nos mercados domésticos. Em fevereiro, as exportações atingiram 470.000 toneladas contra 460.000 toneladas em janeiro. Em 2022, deve haver um aumento adicional nas vendas externas para 7 ou 7,5 milhões de toneladas. Em fevereiro, o preço do arroz Thai 100%B permaneceu estável em US$ 415,00 por tonelada. Em contraste, o arroz parboilizado subiu para US$ 409,00 por tonelada contra US$ 404,00 por tonelada anteriormente. O quebrado A1 Super subiu 4%, para US$ 381,00 por tonelada contra US$ 366,00 por tonelada. Neste início de março, os preços estão firmes.

No Vietnã, os preços de exportação permaneceram estáveis em fevereiro, aproximando-se dos preços tailandeses. Em 2022, o Vietnã espera exportar pelo menos 6 milhões de toneladas, mas procurando rever sua estratégia comercial, devido aos custos logísticos, concentrando-se ainda mais em seus clientes asiáticos, que já respondem por mais de 75% de suas exportações, sendo as Filipinas o principal cliente. O Vietnã também espera consolidar suas vendas para a União Europeia, no âmbito do acordo de livre comércio, e com uma perspectiva global de exportar menos em volume e mais em valor, graças a um melhoramento na qualidade do arroz exportado. Em fevereiro, o Viet 5% foi negociado a US$ 399,00 por tonelada contra R$$ 397,00 por tonelada em janeiro. Neste início de março, a tendência é de alta, aproximando-se da paridade com os preços da Tailândia.

No Paquistão, os preços do arroz caíram em média 2% em fevereiro, limitando os diferenciais de preços com a Índia. O Paquistão espera concentrar suas vendas para a China, especialmente no segmento de arroz quebrado. Esta estratégia concorda com a expectativa de limitar as exportações para destinos mais distantes devido aos altos custos de frete marítimo. Em fevereiro, o Pak 25% foi negociado a US$ 329,00 por tonelada contra US$ 336,00 por tonelada anteriormente. Neste início de março, os preços continuam fracos.

Nos Estados Unidos, os preços do arroz aumentaram 2,6% em fevereiro, em um mercado bastante ativo, e com a perspectiva de uma nova redução na oferta exportável devido a uma provável redução na produção em 2022. As tensões que afetam os mercados mundiais de grãos e oleaginosas podem limitar os plantios de arroz que começarão nas próximas semanas. Em fevereiro, as exportações atingiram 300.000 toneladas contra 210.000 toneladas em janeiro. O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 subiu para US$ 606,00 por tonelada contra US$ 591,00 por tonelada em janeiro. Neste início de março, o preço continua firme em US$ 620,00 por tonelada. Fonte: Informativo Mensal do Mercado Mundial de Arroz - CIRAD. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.