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25/Jan/2022

RS: chuvas abaixo da média nos próximos meses

No Rio Grande do Sul, de modo geral, o volume das precipitações não mudou muito de novembro para dezembro de 2021, visto que ficou abaixo da média em praticamente todo o Estado. A exceção foi o extremo leste, na região das lagoas, onde o volume superou a Normal Climatológica do mês. Logo, na maior parte do Rio Grande do Sul, as precipitações ficaram abaixo dos 45 milímetros acumulados. Os locais que passaram dos 100 mm foram as regiões de Canguçu, de Porto Alegre e das lagoas. As anomalias de precipitação foram negativas em dezembro, principalmente na Metade Norte do Estado, onde deveriam ocorrer os maiores volumes acumulados do mês. Chuvas abaixo do volume e frequência ideais, elevação nas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e ventos que, predominantemente, sopravam de sudeste, agravaram muito a situação da estiagem no Rio Grande do Sul. Em dezembro, já eram somados grandes prejuízos nas lavouras de milho, principalmente, e nas de soja.

Nas lavouras de arroz, a situação ainda não era tão crítica, pois havia a esperança das chuvas de janeiro. Ainda sobre a cultura do arroz irrigado, com exceção das lavouras com problemas na manutenção da lâmina d’água, que é um fator importante para se atingir altas produtividades, é a quantidade de radiação solar. Durante dezembro de 2021, ela foi superior à Normal Climatológica em todas as regiões. Na Metade Sul, com base na média dos locais que possuem estação meteorológica, a radiação solar em dezembro de 2021 (26 MJ m-1) e em dezembro de 2020 (25,7 MJ m-1) foram superiores à Normal Climatológica (24,6 MJ m-1). Ou seja, em ambos os anos, a radiação solar foi favorável para o desenvolvimento do arroz irrigado. Além dos baixos volumes acumulados, a frequência nas precipitações na Metade Sul foi muito ruim. As temperaturas se mantiveram próximas dos valores médios para o mês, ficando acima da média apenas nos últimos dias do ano.

Em relatório publicado no dia 13 de janeiro de 2022, a NOAA-CPC (National Oceanic and Atmospheric Administration, Climate Prediction Center) divulgou que a La Niña tem 83% de chance de continuar durante o trimestre fevereiro-março-abril de 2022 e que entraria em Neutralidade durante o outono. O sistema acoplado oceano-atmosfera continua consistente com a ocorrência de La Niña durante dezembro. Outro fator que favorece a La Niña e que está amplificando seu efeito é um fenômeno de escala interdecadal, chamado Oscilação Interdecadal do Pacífico (ODP). A ODP também possui duas fases e, no momento, está em sua fase negativa. Com o ENOS e a ODP em fases negativas, as forças se somam e os efeitos da La Niña podem ser potencializados e/ou favorecidos. A Temperatura da Superfície do Mar na região Niño 3.4 esteve em -1,0°C no trimestre outubro-novembro-dezembro de 2021 e em -1,1°C em dezembro, na região Niño 3.4. A região do Niño 3.4, em dezembro, esteve com anomalias predominantemente negativas, reforçando que a La Niña está ativa, e na sua forma Clássica.

As anomalias de temperatura foram mais elevadas em dezembro na região Niño 1+2. Essa região tem relação mais direta com as precipitações no Rio Grande do Sul. Logo, esta pode ser a razão para a expressiva falta de chuva no Estado em dezembro e durante a primeira quinzena de janeiro de 2022. As águas no Oceano Atlântico Sul apresentaram, em dezembro, temperatura entre valores normais e acima do normal, ao longo da costa do Estado. Possivelmente, devido à maior força do Pacífico no momento, este fator não favoreceu as chuvas no Rio Grande do Sul. Mas, é importante acompanhar sua evolução durante o período do verão. As anomalias negativas da temperatura das águas subsuperficiais na região do Oceano Pacífico Equatorial mantiveram-se ativas durante o período, mas, em janeiro, parece estar dando sinais de diminuição em área e magnitude. No entanto, essa bolha de águas frias subsuperficiais continuará aflorando em superfície, dando sustentação à La Niña ainda nos próximos meses.

Em resumo, a La Niña continua ativa e influenciará o tempo nos próximos três meses. Contudo, ao que tudo indica, o pico de intensidade parece já ter passado. O IRI (International Research Institute for Climate Society) prevê até 40%-45% de chance das precipitações ficarem abaixo da média no trimestre fevereiro-março-abril na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Por sua vez, o modelo CFSv2 (Climate Forecast System, da NOAA-CPC) prevê precipitação dentro da média na Metade Sul do Estado e acima da média na Metade Norte para o mês de fevereiro. Para março e abril, o modelo volta a prever valores abaixo da média. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê precipitação predominantemente abaixo da média para fevereiro e março de 2022. Para abril, o modelo também prevê que o volume de precipitação fique abaixo da média, com valores mais pronunciados na Fronteira Oeste. Com relação às temperaturas, a previsão mostra que devem ficar acima da média nos próximos três meses.

No entanto, após a passagem de sistemas frontais, poderá haver quedas mais acentuadas nas temperaturas mínimas. Isso fica agravado por conta da presença da La Niña. As culturas de sequeiro, pelo interior de todo o Rio Grande do Sul, apresentam perdas que já são muito grandes e, em alguns casos, irreversíveis, como a soja e o milho, que dependem da água da chuva para ter adequado desenvolvimento. Devido à falta de chuvas expressivas nos últimos meses, os reservatórios estão com nível muito baixo e alguns rios já secos. Com isso, alguns produtores de arroz irrigado, principalmente os da Fronteira Oeste e da Região Central, vêm tendo problemas para irrigar suas lavouras. Alerta-se para se fazer o uso consciente da água, evitando perdas no sistema de irrigação e fazer seu reuso, quando for possível. É sempre importante atualizar-se quanto à previsão do tempo, para melhor se programar nas atividades diárias. Até o dia 21 de janeiro, 347 municípios no Rio Grande do Sul já haviam entrado em situação de emergência, por conta da estiagem. Fonte: Irga. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.