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06/Dez/2021

RS: previsão de chuvas abaixo da média no arroz

As chuvas volumosas e frequentes de setembro avançaram somente até o início de outubro. Tanto que a Metade Sul do Rio Grande do Sul teve volume acumulado abaixo dos 100 milímetros. Os valores extremos ocorreram no Norte-Noroeste, excedendo 250 mm. Com isso, a anomalia da precipitação de outubro ficou negativa em toda a Metade Sul e apenas a Metade Norte teve precipitações acima da média. As chuvas menos frequentes de outubro favoreceram a semeadura do arroz no Estado. A frequência das precipitações até foi boa, na maioria das regiões da Metade Sul do Estado. O mesmo não se pode dizer dos volumes acumulados dessas precipitações. Com relação às temperaturas, observou-se que houve gradual elevação, nas máximas e nas mínimas, a partir da segunda quinzena do mês de outubro. Em sua última atualização, em 11 de novembro, a NOAA-CPC (National Oceanic and Atmospheric Administration, Climate Prediction Center) divulgou que a La Niña tem 90% de chance de continuar até o verão (dezembro-janeiro-fevereiro) e de até 50% de ir até o outono de 2022.

Ou seja, a NOAA estendeu ainda mais a duração desta La Niña. Em outubro, a La Niña se fortaleceu e as águas subterrâneas se mantiveram estáveis. Com isso, o sistema acoplado oceano-atmosfera permanece. Outro fator que pode estar favorecendo a La Niña é um outro fenômeno, de escala interdecadal, chamado Oscilação Interdecadal do Pacífico (ODP). Ele também possui duas fases e, no momento, está em sua fase negativa. Com o ENOS e a ODP em fase negativa, as forças se somam e os feitos da La Niña podem ser potencializados e/ou favorecidos. A Temperatura da Superfície do Mar na região Niño 3.4 esteve em -0,7°C no trimestre agosto-setembro-outubro e em -0,8°C em outubro, na região Niño 3.4. A região do Niño 3.4, em outubro, esteve com anomalias predominantemente negativas, reforçando que a La Niña está ativa. A região Niño 1+2 também esteve com anomalias negativas, desfavorecendo as chuvas no Rio Grande do Sul. Estas duas regiões, com águas de anomalias negativas, desfavorecem a passagem de frentes frias mais potentes e continentais.

Com isso, o volume das precipitações diminui. As águas no Oceano Atlântico Sul apresentaram, em outubro, temperatura praticamente dentro da média, o que não foi suficiente para mudar o panorama das precipitações. As anomalias negativas da temperatura das águas subsuperficiais na região do Oceano Pacífico Equatorial se mantiveram estáveis entre as pêntadas de outubro e novembro. Essa bolha de águas frias subsuperficiais continuará aflorando em superfície, dando sustentação à La Niña nos próximos meses. Em suma, o sistema acoplado é condizente com o da La Niña e, assim, deverá permanecer nos próximos meses. Com isso, as precipitações deverão continuar em baixos volumes e mais espaçadas, principalmente, nos meses de novembro e dezembro. Relembrando que o efeito do ENOS (El Niño-Oscilação Sul) ocorre durante a primavera. Durante o verão, outros fatores interferem nas chuvas e, no caso do Rio Grande do Sul, a temperatura da água do Oceano Atlântico Sul influencia bastante. O IRI (International Research Institute for Climate Society) prevê até 45% de chance de as precipitações ficarem abaixo da média no trimestre dezembro-janeiro-fevereiro, na Metade Sul do Estado.

O modelo CFSv2 (Climate Forecast System, da NOAA-CPC) prevê precipitação abaixo da Normal Climatológica (NC) em dezembro de 2021 e em janeiro e fevereiro de 2022, sendo que, em janeiro, a anomalia é mais branda. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas ainda abaixo da Normal em dezembro, com precipitação total prevista abaixo dos 100mm em boa parte da Metade Sul e acima de 100mm na Metade Norte. Para janeiro, o modelo do Inmet também segue na linha de que as precipitações irão ficar dentro da Normal, com locais até superando a Normal Climatológica. Vale lembrar que nos cinco últimos anos, ou seja, de 2017 até 2021, todos os meses de janeiro tiveram precipitações acima da média, senão em todo o Rio Grande do Sul, ao menos em boa parte do território. Isso dá maior confiabilidade nesta previsão que está sendo colocada. O modelo prevê acumulados totais de até 160mm, na Metade Sul do Estado. Para fevereiro, o modelo volta a prever que as chuvas fiquem abaixo da média, com acumulados totais entre 100 e 160 mm.

Com a falta de regularidade e maiores volumes de precipitações, os níveis dos reservatórios e rios voltam a preocupar o produtor. A maioria das lavouras de arroz inicia o processo da irrigação e manutenção da lâmina d’água entre os meses de novembro e dezembro, com isso a demanda por água dos reservatórios aumenta bastante. Aqueles produtores que ainda não terminaram a semeadura do arroz devem focar nesta atividade, visto que já passou o período recomendado para alcançar altas produtividades. Realizar também a semeadura da soja quando houver umidade suficiente no solo para garantir os processos de germinação e emergência de sementes, visto que em dezembro o volume de precipitações deverá se manter baixo. Alerta-se para se fazer o uso consciente da água, evitando perdas no sistema de irrigação e fazer reuso, quando for possível. Fonte: Irga. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.