ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

01/Dez/2021

RS terá riscos de estiagem sobre as áreas de arroz

No Rio Grande do Sul, a esperada chuva, para encher os reservatórios, aconteceu. Setembro teve precipitação acumulada próximo dos 300 milímetros em alguns municípios da Campanha, Região Central e Planície Costeira Interna. Dessa forma, boa parte do Estado, incluindo a Metade Sul, ficou com precipitações acima da média. As precipitações abundantes foram essenciais para a recuperação dos níveis dos reservatórios localizados na Metade Sul do Estado, que agora estão com 90% a 95% da capacidade. Além dos altos volumes de precipitação, na Metade Sul, os eventos de chuva foram mais concentrados e ocorreram ao longo de todo o mês. Com isso, o solo esteve encharcado por mais tempo, atrasando o início da semeadura do arroz na maioria das regiões. A exceção foi a Fronteira Oeste, que teve maior janela de semeadura em relação às demais regiões. As temperaturas oscilaram bastante, com dias mais quentes e dias mais frios.

Estas oscilações são normais, visto que setembro é o primeiro mês da primavera, estação de transição e devido aos eventos de chuva, que favorecem essas oscilações, devido às trocas de massas de ar, quentes e frias. Em sua última atualização, em 14 de outubro, a NOAA-CPC (National Oceanic and Atmospheric Administration, Climate Prediction Center) divulgou que as condições oceano-atmosféricas condizentes com a La Niña se desenvolveram durante setembro e deverão continuar, com 87% de chance, entre os meses de dezembro/2021 e fevereiro/2022. Com isso, este fenômeno influenciará o regime de chuvas pela segunda safra seguida, aumentando o risco de estiagem no Rio Grande do Sul nesta primavera. A Temperatura da Superfície do Mar na região Niño 3.4 esteve em -0,5°C no trimestre julho-agosto-setembro, sendo o primeiro trimestre com anomalias no patamar de La Niña. A região do Niño 3.4 em setembro esteve com anomalia entre normal e abaixo da normal. A região Niño 1+2 ficou com anomalia positiva.

Quando essa região tem anomalias positivas mais intensas, ela favorece a entrada de frentes frias mais potentes e que geram maiores volumes de precipitações. Além disso, as águas no Oceano Atlântico Sul apresentaram temperatura um pouco acima da normal. Esses dois fatores somados é o que pode ter favorecido as chuvas do mês de setembro de 2021. As anomalias negativas da temperatura das águas subsuperficiais na região do Oceano Pacífico Equatorial aumentaram significativamente durante setembro e, também, no início de outubro. Essa bolha de águas frias subsuperficiais continuará aflorando em superfície, dando sustentação à La Niña nos próximos meses. Resumindo, o sistema acoplado é condizente com o da La Niña e assim deverá permanecer nos próximos meses. Com isso, deverá ser observada redução no volume e na frequência das precipitações nos meses de novembro e dezembro, principalmente. Relembrando que o efeito do ENOS (El Niño-Oscilação Sul) ocorre durante a primavera.

Durante o verão, outros fatores interferem nas chuvas e, no caso do Rio Grande do Sul, a temperatura da água do Oceano Atlântico Sul tem bastante influência. O IRI (International Research Institute for Climate Society) prevê até 50% de chance de as precipitações ficarem abaixo da média no trimestre novembro-dezembro-janeiro na Metade Sul do Estado. O modelo CFSv2 (Climate Forecast System, da NOAA-CPC) prevê precipitação abaixo da Normal Climatológica em novembro e dezembro de 2021 e entre normal e abaixo da Normal em janeiro de 2022. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também prevê que as precipitações fiquem abaixo da Normal em novembro e dezembro, com volumes totais abaixo dos 100mm na Zona Sul e em parte da Campanha e Planícies Costeira Interna e Externa. Para janeiro, a previsão é de que as precipitações fiquem dentro da Normal em quase todo o Estado, com algumas regiões podendo ter chuvas acima da média.

A Região Central, por exemplo, conforme essa previsão, poderá ter volumes acima dos 160mm. Outro fator que deixou de ser preocupação relaciona-se aos níveis dos reservatórios, agora praticamente cheios. No entanto, é necessário que as chuvas ocorram com certa regularidade para manter o nível dos rios e arroios, que são mais variáveis, conforme as chuvas. A recomendação é focar na semeadura do arroz, para garantir a semeadura durante o período recomendado, permitindo que as cultivares expressem seu potencial produtivo. Realizar também a semeadura da soja para garantir que haja umidade no solo suficiente para o processo de germinação e emergência de sementes, visto que em novembro o volume de precipitações deverá diminuir. É importante atualizar-se quanto à previsão do tempo, para melhor se programar para as atividades diárias. Fonte: Irga. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.