ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

18/Out/2021

Varejo: GPA ganha mais fôlego para investimentos

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) deve receber R$ 5,2 bilhões pela venda de 71 lojas do Extra Hiper ao Assaí. Ao acabar com essa bandeira, o grupo ainda tira de suas contas o prejuízo que ela trazia para o balanço. No entanto, mesmo com dinheiro no caixa e negócios mais rentáveis na carteira, o GPA tem um desafio: ganhar escala nacional. Para isso, a empresa diz que vai sair da posição defensiva na qual jogava havia muito tempo e passar a atacar em abertura de novas lojas e, eventualmente, em aquisições de redes regionais. Ao estancar as perdas que os hipermercados traziam, o GPA se torna mais leve. Das 32 lojas restantes do Extra Hiper, que não foram vendidas ao Assaí, 14 serão convertidas em supermercados Pão de Açúcar e 14 em mercados Extra. Já as outras 4 serão vendidas nos próximos meses. No caso dos pontos a ser convertidos para Pão de Açúcar, o presidente do GPA, Jorge Faiçal, diz que a receita vinda de alimentos deve ser mantida no mesmo patamar, mas que a geração de caixa dessas operações deve subir de 3 a 4 pontos porcentuais.

Isso porque os supermercados Pão de Açúcar têm margem de lucro bem maior. Mesmo com todos os esforços para recuperar a bandeira Extra Hiper, a operação ainda não tinha voltado a ser lucrativa. Também não haverá mais as drogarias da marca, que tinham efeito marginal na receita do grupo. O GPA sem Extra Hiper se torna muito mais lucrativo, segundo a consultoria Varese Retail. Muito menor na escala, mas mais rentável. Porém, é inegável que, mais uma vez, o GPA diminui de tamanho. Na cisão com o Assaí, o GPA perdeu seu maior motor de crescimento. Agora, perde, ao menos, R$ 8,7 bilhões de faturamento por ano, consideradas apenas as lojas vendidas. Em 2020, o conglomerado faturou R$ 55,7 bilhões. Além da escala, o grupo controlado pelo francês Casino perde participação de mercado e parte do poder negociação com a indústria. O grupo tomou a decisão estratégica de se capitalizar para investir na expansão do Pão de Açúcar, um negócio com demanda mais estável e modelo econômico sustentável, além de marca forte.

A companhia resultante é uma rede de proximidade e supermercados premium, com possibilidade de fazer aquisições regionais e nacionalizar a marca. De fato, a expansão territorial agora deve ser intensa. A proposta é que, com conversões e expansão, o Pão de Açúcar tenha 100 novas lojas nos próximos três anos. A mesma meta está prevista para a bandeira Minuto. A empresa sai da defensiva de território e parte para o ataque em seus pontos fortes. A companhia está atenta a oportunidades ligadas a redes regionais de supermercados, mas ressalva que os estudos ainda são preliminares. Para a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), as vendas digitais também devem ser outra avenida de crescimento. Além do e-commerce clássico, eles têm o marketplace especializado, no qual têm feito algumas coisas interessantes. Os R$ 5,2 bilhões parecem ter sido suficientes para tirar da frente a necessidade de vender mais ativos para alavancar investimentos.

O desafio, portanto, é usar os recursos para entregar crescimento. Novas vendas estão descartadas. Não existe nenhum plano de desinvestimentos adicionais, seja no Brasil ou na América Latina. A transação é positiva para o GPA. Dos R$ 4 bilhões em recursos líquidos, R$ 1,2 bilhão será usado para reinvestir no negócio, principalmente nos planos de expansão do GPA no Brasil e na aceleração das iniciativas digitais, R$ 500 milhões serão pagos em forma de dividendos (6,7% de rendimento) e o restante será destinado para reduzir dívidas e capital de giro. O ponto de atenção é a governança. Embora o Casino (grupo francês que controla o GPA e o Assaí) não tenha votado na transação, os investidores podem ficar desconfortáveis com os riscos envolvendo partes relacionadas, visto que o Casino continuará procurando alternativas para reduzir o seu nível de alavancagem. No entanto, a transação deve gerar valor para os acionistas minoritários do Assaí e do GPA. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.