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13/Out/2021

Marcas mais baratas de arroz estão mais escassas

Quando vai às compras de itens básicos, como arroz, feijão, leite e suco, o brasileiro encontra hoje menos opções de marcas baratas na comparação com seis anos atrás, quando a inflação também atingiu dois dígitos. As marcas econômicas ou “taleban” - em referência às táticas de guerrilha no Afeganistão -, com preço pelo menos 20% menor do que a média do mercado, estão cada vez mais escassas nos supermercados. Essa é mais uma dificuldade para as famílias levarem para casa tudo o que precisam, sobretudo no momento que o orçamento anda pressionado pela disparada da inflação e pela queda na renda. Levantamento feito pela startup Varejo 360, especializada em pesquisa de mercado, mostra que metade de uma lista de dez produtos básicos têm menor quantidade de marcas econômicas hoje em relação a 2015, quando a inflação atingiu 10,6%. A pesquisa revela que o número de marcas “taleban” recuou para arroz, feijão, leite integral, suco em pó e detergente. Em 2015, havia 14 marcas econômicas de arroz, 38 de feijão e 2 de leite. Hoje são só 6 de arroz, 7 de feijão e nenhuma de leite. No caso do óleo de soja e do açúcar, não houve oferta de marcas econômicas nos dois períodos.

As duas categorias continuam super concentradas, com 5 marcas, segundo o levantamento. A pesquisa aponta que o total de marcas econômicas para essa lista de dez itens, que somava 161 em 2015, caiu para 116 neste ano e a fatia nas vendas no período recuou 40%. A falta de regularidade na entrega de produtos, agravada pela dificuldade de obter matéria-prima por causa da pandemia, é um dos fatores que levaram à redução da oferta de marcas econômicas nas grandes redes de supermercados. Tudo que uma rede varejista não pode ter é ruptura e falta de produto. A grande preocupação hoje é o suprimento, segundo a Corporate Consulting, especializada em reestruturação de empresas. A desorganização, presente na indústria desde o fim de 2020, atingiu sobretudo os pequenos e fez grandes varejistas reduzirem o número de fornecedores. Com isso, as compras se concentraram nos mais fortes. Hoje, mais de 60% dos 12 mil itens vendidos nos supermercados de médio porte estão concentrados em 25 empresas globais, que têm entre 250 e 300 marcas, segundo a GS Ciência do Consumo.

A difícil situação financeira das pequenas empresas na pandemia ampliou a concentração. Companhias menores foram compradas pelas maiores, e houve casos extremos de pequenas que fecharam as portas. Além disso, o espaço cada vez mais caro nas prateleiras das lojas - com a exigência de participação de fundos promoção, por exemplo -, as grandes indústrias lançando uma segunda marca com preço ligeiramente menor e o avanço das marcas próprias acabaram expulsando as “taleban” das grandes redes. O suco em pó Camp, fabricado pela General Brands, cujo preço ao consumidor é 40% inferior ao das multinacionais, está fora dos grandes supermercados. Eles querem verba de introdução, e o preço de contrato é alto. Então, a empresa opta pelos atacarejos e redes independentes. A empresa está em recuperação judicial desde 2014. Para a cerealista Barcelona Alimentos, dona das marcas de feijão carioca Leivinha e Pina, também está mais difícil vender nas grandes redes. A companhia de médio porte chegou a comercializar os grãos da marca Pina para grandes varejistas no passado.

Mas, hoje, com tantas exigências, desistiu desse canal. A cerealista optou por focar em supermercados menores e empresas especializadas em cesta básica. O Carrefour, líder do setor de supermercados, nega que há menos opções de marcas mais baratas nas lojas. Desde o início do ano, com o término/redução dos auxílios emergenciais e com o aumento da inflação, a rede criou o programa “Mais Barato”, no qual contemplamos itens em todas as categorias essenciais com preços muito competitivos. A rede busca fornecedores locais e acelerou o lançamento de marcas próprias. Questionado sobre o recuo das marcas econômicas, o GPA limitou-se a informar que dentro de mercearia básica, a Qualitá, marca exclusiva, teve evolução de mais 59 itens entre 2018 e 2020, o que representa um alta de 50% no portfólio destes produtos. Hoje há mais opções de oferta de marcas econômicas nas lojas físicas do pequeno e médio varejo, nos marketplaces e nos atacarejos. Com a competição acirrada, ter sortimento amplo pode representar menos giro de estoque e alta de custos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.