06/Set/2021
Pressionado pela combinação de inflação, desemprego em alta e menor abrangência e disponibilidade de recursos do auxílio emergencial, o brasileiro reduziu as quantidades compradas de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza no primeiro semestre deste ano. Houve diminuição de volumes em praticamente todas as cestas. A prioridade do consumo diário ficou concentrada nos alimentos básicos: o arroz e o feijão. O orçamento mais curto das famílias também mudou o consumo de itens até então não considerados tão básicos, como empanados de frango e de peixe, por exemplo. No primeiro semestre, o produto estreou em 3,4 milhões de domicílios como uma alternativa de proteína animal mais barata à carne vermelha, que subiu 31,3% em 12 meses até agosto, segundo o IPCA-15 do mês, o indicador que é uma prévia da inflação oficial do País, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
É o equivalente a três vezes a inflação geral no mesmo período (9,3%) pelo indicador da prévia da inflação. Esse rearranjo nas compras aparece em uma pesquisa da consultoria global Kantar. Mensalmente, a consultoria tira uma fotografia da despensa de 11 mil domicílios para projetar o consumo de 58,8 milhões de lares do País. De janeiro a junho, o volume de unidades compradas de uma cesta de 107 categorias foi 4,4% menor em relação a igual período de 2020. Mas o gasto subiu 6,9%, puxado pelo aumento médio de 11,8% dos preços desses produtos. No curto prazo, do primeiro para o segundo trimestre, as commodities, com alta de 16%, e os perecíveis, com 15%, estiveram no topo das cestas com os maiores aumentos de preços, segundo a pesquisa. Isso abriu caminho para que os empanados, sinônimo de praticidade, começassem a fazer parte regularmente da lista de compras de todas as classes sociais.
A pesquisa mostra que os consumidores trocaram carnes por produtos processados (como empanados) e efetuaram cortes de gastos em produtos como iogurtes, produtos de higiene e limpeza. O consumidor teve de fazer escolhas e abandonou uma série de categorias para fazer o orçamento funcionar com menos recursos no bolso, segundo a Kantar. No caso dos mais pobres, a maioria dos brasileiros, o auxílio emergencial, que beneficiou no ano passado 55% da população com recursos de R$ 600 nos primeiros três meses, chegou a 39% dos brasileiros no primeiro semestre deste ano. E com cifras bem modestas, entre R$ 150 e RS 250 mensais. Isso fez a população da base da pirâmide social cortar o consumo de supérfluos. A pesquisa revela que 1 milhão de domicílios das classes D e E, com receita mensal entre R$ 270 e R$ 1,6 mil, tirou o achocolatado em pó das compras no primeiro semestre deste ano. No polo oposto, também meio milhão de lares das classes A e B, com renda média mensal familiar acima de R$ 7,2 mil, deixou de comprar cerveja em igual período. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.