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21/Mai/2021

RS: neutralidade climática na nova safra de arroz

Abril foi mais um mês com precipitações bem abaixo do esperado. A Fronteira Oeste e a Campanha tiveram acumulados de 40 a 70 milímetros, o extremo sul da Zona Sul teve acumulados de até 130mm. A parte da região Central e da Planície Costeira Interna mal chegaram aos 25mm acumulados, com locais, inclusive, com registros de menos de 5mm no mês. A parte norte da Planície Costeira Externa chegou a registrar acumulados de 200mm. Com isso, a maior parte do Rio Grande do Sul teve anomalias negativas de precipitação, com exceção do extremo sul e do extremo nordeste do Estado. Esta conjuntura agravou a estiagem no Rio Grande do Sul, onde alguns municípios já decretaram situação de emergência. Alguns locais estão começando a enfrentar problemas com o abastecimento de água para a população. Devido à condição de tempo mais seco, as temperaturas tiveram maior elevação durante as tardes de abril e, com isso, a anomalia da temperatura máxima foi positiva no Rio Grande do Sul. As temperaturas mínimas ficaram entre a normal e um pouco acima.

Em final de abril houve a primeira entrada de massa de ar frio no Estado, onde as temperaturas mínimas ficaram em torno dos 6-9 °C. Segundo o relatório da NOAA-CPC (National Oceanic and Atmospheric Administration, Climate Prediction Center), divulgado no dia 13 de maio de 2021, o Oceano Pacífico Equatorial entrou em neutralidade climática no mês de abril, já que o acoplamento entre o oceano e a atmosfera enfraqueceu. O Oceano Pacífico ainda apresenta regiões com anomalias negativas de temperatura, onde a média de abril ficou em -0,5°C. O último trimestre, fevereiro-março-abril, teve anomalia de -0,8°C. Os órgãos de monitoramento climático internacionais mostram que há 67% de probabilidade de a fase Neutra se manter no trimestre junho-julho-agosto. A temperatura das águas do Oceano Atlântico Sul apresentou anomalias positivas, porém em uma área mais ao sul da Bacia do Prata, e isso favoreceu as chuvas na região sul do Estado. A evolução temporal da anomalia da temperatura das águas subsuperficiais mostra que a bolha de águas com temperaturas acima do normal abrange, desde abril, quase toda a extensão do Pacífico Equatorial.

Essa bolha deverá surgir em superfície em algum momento, mas, de acordo com o que os modelos indicam, não deverá trazer muitos impactos ao clima global, pois ao chegar próximo da costa da América do Sul, ela tem enfraquecido bastante. Segundo as previsões do modelo do IRI (International Research Institute for Climate Society), no trimestre junho-julho-agosto há em torno de 50% de chance de as precipitações serem abaixo da média, na maior parte do Rio Grande do Sul. Na mesma linha vai o modelo CFSv2 (Climate Forecast System, da NOAA-CPC), que prevê precipitações abaixo da média neste trimestre. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica precipitação entre 10mm e 50mm abaixo da média em junho, na Fronteira Oeste e na Região Central, sendo que as demais regiões arrozeiras ficariam com precipitações próximas à média. Para julho e agosto, o modelo prevê precipitações dentro da normal climatológica, em todas as regiões da metade sul do Rio Grande do Sul.

Com a fase Neutra do ENOS (El Niño-Oscilação Sul), espera-se que as condições de temperatura e precipitação ocorram dentro da normalidade, mas raramente isso acontece, porque outros fenômenos de menor escala têm peso maior. De qualquer forma, a atmosfera demora a entender que a La Niña foi embora, por isso, ainda deverão ser observados períodos de tempo seco mais longos, nos próximos meses. Outra consequência é que pode haver entradas de massas de ar frio mais intensas e duradouras neste período. A falta de bons volumes de precipitação tem causado preocupação ao setor orizícola do Estado. Os reservatórios de água estão com os níveis baixos, para a safra 2021/2022. A falta de regularidade e de bons volumes de precipitação também traz preocupação para a semeadura e o estabelecimento adequado das coberturas de solo ou para pastejo no outono-inverno. Com a aproximação do inverno, aumenta o risco para formação de geadas, o que também pode impactar negativamente nas pastagens.

Em contrapartida, o tempo mais seco favoreceu as colheitas de arroz e soja no Rio Grande do Sul. Esse período de pouca chuva, pode ser aproveitado para a realização das operações de preparo de solo. Para não haver atraso nas semeaduras de arroz e de soja da próxima safra, as operações relacionadas à melhoria da drenagem da área, que inclui também a limpeza de drenos já existentes, devem ser realizadas aproveitando este tempo mais seco. Na resteva de soja podem ser feitas as curvas de níveis (taipas) e, na resteva de arroz, pode ser realizada a incorporação da palha e as demais operações. As colheitas de arroz e soja em período seco também mantêm as condições da área favoráveis à semeadura direta na próxima safra. Deve-se dar atenção à manutenção do nível de água dos reservatórios, que estão bem baixos, e, até o momento, não se tem expectativa de elevados volumes de chuva para enchê-los. Fonte: Irga-RS. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.