23/Mar/2021
Com um ano de pandemia, bares e restaurantes enfrentam uma “tempestade perfeita”. De um lado, a alta dos preços de alimentos mantém o custo dos insumos elevados. Do outro, o aumento das mortes pela Covid-19 e o colapso do sistema de saúde levam a novas restrições de funcionamento em todo o País. Isso afeta especialmente os pequenos e médios estabelecimentos, que são maioria no setor. Controle dos estoques, distribuição maior das compras entre diferentes fornecedores, adaptação do cardápio e redução da margem de lucro são algumas das alternativas adotadas.
Com a demanda em baixa, empresários tentam evitar ao máximo repassar a alta de custos para o consumidor e seguem se adaptando com estratégias para reduzir gastos enquanto aguardam a reedição de medidas de apoio do governo para manter os negócios, como o Benefício de Emprego e da Renda (BEm), de redução de salários e suspensão de contratos, e o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Os números da inflação deixam claras a pressão de custo e a dificuldade de repasse.
Os preços de alimentos e bebidas subiram 15% no acumulado de 12 meses até fevereiro, três vezes a variação de 5,20% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A alta dos alimentos no domicílio (grupo que reúne os ingredientes em si, como hortaliças e legumes, carnes e leite), foi mais expressiva (19,42%) nesse período. A variação dos preços de alimentos fora do domicílio foi de apenas 4,93%, mostrando que muito do aumento do custo de produção de bares e restaurantes não foi repassado aos consumidores. O Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio) reconhece o equilíbrio muito delicado do momento. O setor entende a gravidade da situação atual da pandemia, mas teme pela continuidade dos negócios e empregos.
Após um ano de pandemia, o empresário não tem mais capital de giro. Quem sobreviveu, já fez todo o possível: reviu custos, enxugou cardápios, passou a usar insumos mais baratos e evitou serviços que geram mais desperdícios, como buffet. Mas, as novas restrições vão resultar em mais fechamentos e desemprego. Para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o momento atual é terrível. O setor precisa de ajuda urgente para se manter: cerca de 80% das empresas não têm condições de pagar os salários em abril. Há uma completa falta de liquidez dos empresários. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.