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22/Mar/2021

RS: previsão de chuvas abaixo da média até junho

O mês de fevereiro de 2021 voltou a registrar volume de precipitação abaixo da média na maioria das regiões do Rio Grande do Sul, com exceção da Zona Sul e parte da Campanha. A estação meteorológica de Santa Vitória do Palmar (Chuí) registrou 336mm em fevereiro. Regiões da Zona Sul e Campanha tiveram acumulados variando de 150 a 200mm. No entanto, as demais regiões da metade sul do Estado, e toda a metade norte, ficaram com anomalias negativas de precipitação. Nos locais onde choveu, os episódios ocorreram na 1ª quinzena do mês. Ou seja, houve locais que ficaram de 20 a 30 dias sem precipitação. Para a colheita do arroz isto é benéfico. Porém, para aquelas lavouras com culturas de sequeiro, como a soja, que ainda estão em fase de enchimento de grãos, essa irregularidade nas precipitações não é bem-vinda. A região norte e a Campanha tiveram anomalias mensais negativas das temperaturas mínima e máxima.

Nas demais regiões, ambas ficaram dentro dos valores normais para o mês. As temperaturas diárias, máximas e mínimas, oscilaram muito próximas dos valores normais para o mês de fevereiro. Uruguaiana, por exemplo, teve temperatura máxima de 35°C depois do dia 20 de fevereiro. O relatório da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), divulgado no dia 11 de março, aponta para probabilidade de 38% de La Niña se manter e 62% de o Oceano Pacífico entrar em fase neutra, no trimestre abril, maio e junho de 2021. O sistema acoplado oceano-atmosfera permanece consistente com um La Niña fraco ou em enfraquecimento. Vale salientar o que é posto pela própria NOAA, de que existem incertezas nas previsões feitas pelos modelos nesta época do ano, pois as previsões feitas durante o outono são menos confiáveis. Muitas situações nessa estação tornam a previsão um desafio, incluído o ENOS, que costuma mudar de uma fase para outra nesta época (por exemplo: La Niña para neutro).

A partir de junho será possível ter uma ideia mais clara de como será o resto do ano, em relação ao ENOS. Porém, vale salientar que, mesmo com o fim da La Niña, a atmosfera ainda responderá como tal por um período. Através do mapa da anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) observa-se que o resfriamento foi mais evidente na parte mais central do Oceano Pacífico Equatorial, desconfigurando o evento de La Niña clássica. A região Niño1+2 apresentou temperatura das águas quase dentro da normalidade em fevereiro, e, em alguns momentos de março, esteve até com anomalias positivas. Isto tudo indica que a La Niña está em fase de enfraquecimento e desconfiguração, porém, oscilações ainda poderão acontecer. As anomalias nas quatro regiões do Pacífico em fevereiro foram de: -0,7°C, -0,6°C, -0,9°C e -1,0°C, respectivamente nas regiões do Niño1+2, Niño 3, Niño 3.4 e Niño 4.

O valor do último trimestre (dezembro, janeiro e fevereiro) foi de -1,1°C. Embora a La Niña esteja enfraquecendo, ressalta-se que, ainda assim, as chuvas poderão ser irregulares, com períodos secos, e as precipitações ocorrendo de forma mal distribuída. A temperatura das águas do Oceano Atlântico Sul continuou apresentando anomalias positivas em fevereiro devendo, também, continuar em março. Estas águas, com temperaturas mais elevadas, são importantes, pois fornecem maior quantidade de calor e umidade à região, favorecendo a ocorrência de chuvas no Rio Grande do Sul. Através dos gráficos da anomalia das águas subsuperficiais, observa-se que a grande bolha de águas com temperaturas abaixo do normal está cada vez menor. Essas bolhas dão sustentação ao resfriamento em superfície no Oceano Pacífico Equatorial. Além disso, a bolha de águas mais aquecida vem se mantendo nos últimos meses e, mais recentemente, tem se deslocado um pouco para leste.

Isso ainda não indica um evento El Niño mais a frente. O modelo do IRI (International Research Institute for Climate Society) aponta para um trimestre abril, maio e junho de 2021 ainda com precipitação abaixo da média, principalmente na metade norte do Rio Grande do Sul. Na metade sul, as precipitações deverão ficar entre média e abaixo da média. O modelo CFSv2 (Climate Forecast System), em suas últimas atualizações, também aponta para um trimestre mais seco. Vale lembrar que a média climatológica dos próximos três meses é maior que a dos meses de verão, logo, mesmo que as precipitações não alcancem o volume da média, ainda assim, deverá chover pouco mais que nos meses do verão. Também é válido destacar que os meses de maio e junho deverão ter acumulados mais próximos da média climatológica. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê anomalias de precipitação entre -50mm a -75mm na metade oeste do Rio Grande do Sul e de -10mm a -50mm na metade leste, para o mês de abril.

No entanto, no acumulado total, a metade oeste receberá mais chuva, pois a Normal Climatológica de abril é mais elevada naquela região, do que na região sul e faixa leste. Para maio e junho, a anomalia deverá ser de -10mm a -50mm na maioria das regiões. Na metade sul do Estado, os acumulados de cada um dos meses deverão ficar entre 100mm e 130mm. Os modelos CFSv2 e do Inmet estão com previsões bem parecidas para o próximo trimestre. Embora a La Niña esteja perdendo força, a atmosfera ainda demora um tempo para responder a essa mudança. Com isso, chuvas irregulares ainda deverão ocorrer, assim como períodos mais secos prolongados, intercalados com períodos chuvosos, como vem ocorrendo neste mês de março, onde a primeira quinzena foi mais seca e a segunda deverá ser mais chuvosa. Com a chegada do outono, aumentam as entradas de ar frio, após a passagem de sistemas frontais. Com isso, aumentam, também, o número de manhãs com temperaturas mais baixas. Fonte: Irga. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.