ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Mar/2021

Consumidores em busca de marcas mais baratas

De acordo com índice Abrasmercado da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em doze meses acumulados até janeiro, a cesta de consumo ficou 25% mais cara. Essa cesta é composta por 35 produtos mais consumidos, desde alimentos até itens de limpeza. Por isso, uma tendência que já crescia antes da crise da Covid-19 tem ganhado força: a migração do consumo para marcas mais baratas, embalagens mais acessíveis e produtos de marca própria. Um levantamento da consultoria Bain & Company, feito com dois mil brasileiros em julho, mostrou que 25% deles estavam migrando para produtos mais baratos e aproximadamente 18% afirmaram ter comprado tamanhos mais econômicos. Esse movimento não é novo nem exclusivo do Brasil, mas acelerou com a pandemia, porque a Covid-19 reduziu os ganhos. Na América Latina, 70% esperavam ter redução da renda.

As respostas, coletadas quando o País ainda pagava auxílio emergencial de R$ 600,00 indicam que o consumidor começava a sentir necessidade de poupar, já que os preços subiam (o Abrasmercado acumulava alta de 14% em 12 meses). Agora, sem políticas de estímulo de renda, desemprego crescente e inflação ainda mais alta, analistas de consumo afirmam que o primeiro trimestre deste ano deve registrar índices de migração para marcas mais baratas ainda mais elevados. Segundo a Kantar, as pessoas devem voltar para um consumo mais básico. A expectativa é de que volte aos patamares de 2019. O gasto médio das classes D e E, das quais 72% receberam o auxílio emergencial, cresceu 9% e 14% no primeiro e no segundo trimestres de 2020, respectivamente, ante 2019. Mas, desacelerou para 8% e 6%, no terceiro e quarto trimestres, quando o valor do auxílio caiu para R$ 300,00. O auxílio permitiu que as pessoas tivessem acesso a categorias de preço médio maior, mas o crescimento foi em valor e não em volume.

Já a marca própria acabou sendo um meio de acesso a algumas categorias no momento de dificuldade. Itens das marcas de supermercados e farmácias entraram até mesmo nas sacolas das classes A e B, pouco ou nada beneficiadas pelo programa de transferência de renda. O Carrefour Brasil afirma que 44% dos clientes das lojas já incluem produtos de marca própria da rede em seus carrinhos. Em 2021, o consumidor está fazendo uma equação econômica cada vez melhor, com uma relação de custo-benefício não só econômica, mas de qualidade. Houve crescimento em commodities, mas também em sortimento. Em 2020, o volume de produtos Carrefour vendidos avançou 23%. Com resultados positivos, a companhia planeja lançar 500 novos itens (SKUs) para o portfólio, que conta com mais de 2.800 SKUs. O Grupo Pão de Açúcar (GPA), dono das redes Extra, Pão de Açúcar e Assaí, tem marcas próprias de alimentos, produtos de limpeza, artigos para casa e bebidas.

Entrou em uma nova categoria, ao lançar produtos de cuidados pessoais no fim do ano passado. Em 2020, a fatia desses produtos nas vendas alimentares do GPA foi de 20%. E 80% dos clientes compraram algum item de marca própria, cujos preços podem ser até 30% mais baixos do que os das marcas líderes. Assim, foi possível um índice de retenção alto, de mais de 60%. Isso é importante, porque o grande desafio da marca própria é fazer o consumidor experimentar. Manter uma linha própria ajuda a ter imagem de preço acessível, fidelizar o cliente e na rentabilidade do negócio. A Farmax, fabricante de cosméticos e produtos farmacêuticos, se beneficiou do movimento de substituição de marcas por outras de preços mais acessíveis. A empresa investiu em produtos com preços mais baixos para atender o novo perfil de demanda. A receita da dona das marcas Sunless, Moskitoff e Hidraderm cresceu 20% em 2020, para R$ 500 milhões. A estimativa é avançar mais 10% este ano, com 60 lançamentos de preços acessíveis. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.