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03/Fev/2021

Renda dos mais pobres deverá recuar com força

O benefício pago pelo governo desde abril aos brasileiros mais vulneráveis, em razão da pandemia, pode ter uma nova rodada. Mas, tudo depende de negociações com o Congresso. Com o fim do auxílio emergencial, inflação em alta, especialmente dos alimentos, e desemprego no maior nível dos últimos anos, uma camada da população vai perder renda disponível para consumo neste ano. Renda disponível é o dinheiro que sobra para gastar depois de comprar itens básicos. As classes D e E devem perder quase um quarto da renda disponível (23,8%) em termos reais em relação a 2020. Serão R$ 48 bilhões a menos circulando entre os mais pobres. No ano passado, no entanto, esse foi o estrato social que teve o maior ganho de renda disponível, com avanço de 16,1% ante 2019 por conta dos auxílios do governo. Se o quadro for mantido, essa será a maior queda na renda disponível para as classes D e E da série iniciada em 2008.

Os dados se baseiam estimativa de inflação ao consumidor (IPCA) para este ano, de 3,4%, crescimento da economia (PIB) de 2,9% e taxa de desemprego atingindo 15,1%. Assim a previsão é de recuo da renda disponível, de 3,7% da população brasileira como um todo em 2021, depois do crescimento de 1,1% em 2020. Exceto os mais ricos, a classe A, com um avanço na renda disponível de 1,6% esperado para 2021, os demais estratos devem perder capacidade de consumo. Mas, o tombo maior é esperado para os mais pobres. Normalmente, 80% da renda das classes D e E são destinados à compra de itens básicos. O que sobra é gasto com outros produtos e serviços. E, neste ano, essa sobra (R$ 156 bilhões) deve ser a menor dos últimos 13 anos. A renda disponível dos mais vulneráveis deve ser atingida por várias frentes. Uma delas é a persistente alta da inflação dos alimentos, itens que pesam mais no orçamento dessas famílias.

Além disso, sabe-se que o desemprego castiga mais os pobres, apesar de não existir uma taxa por camada social. De toda forma, o principal fator apontado para esse choque na renda disponível das classes da base da pirâmide social é o fim, por ora, do auxílio emergencial. O reflexo da perda de capacidade de consumo dos mais pobres deve afetar mais as vendas do varejo das Regiões Norte e Nordeste do País, onde há maior concentração da população das classes D e E. Segundo a consultoria Kantar, especializada em consumo, a indústria está preocupada com promoção e o objetivo é manter o consumidor comprando, mesmo com a renda disponível menor. Há indústrias que baixam o preço de uma categoria de produto e aumentam de outra para manter o negócio saudável. Existem também fabricantes que optam por reduzir o tamanho das embalagens para oferecer um preço acessível ao consumidor. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.