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04/Dez/2020

Alimentos: a discussão sobre os ultraprocessados

A nova classificação de alimentos por grau de processamento tem ganhado atenção com a recente discussão em relação ao guia alimentar brasileiro. O principal ponto de polêmica parece ser o uso do termo ‘'ultraprocessado'’ e há menções de que o termo é inadequado, sendo mais enganoso do que explicativo, pois esta classificação é muito ampla e genérica. Alimentos que nada têm a ver entre si coexistem nesta classificação dentro da mesma categoria. Esta divisão é um sistema de classificação de alimentos criado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). A Nova categoriza os produtos alimentícios pela “extensão” e “finalidade” do processamento, em quatro categorias: alimentos minimamente processados; ingredientes culinários processados; alimentos processados; e alimentos ultraprocessados.

Se o termo ‘'ultraprocessado’' fosse um código para alimentos pobres em nutrientes e densos em calorias (como bebidas com açúcar, doces e salgadinhos), então seria possível concordar que estes alimentos estejam relacionados com obesidade e outras doenças crônicas. A principal crítica em relação à classificação Nova parece ser a definição deste tipo de alimentos. É importante notar que essa definição vem mudando ao longo dos anos, o que aumenta a polêmica em relação à sua validade científica. A primeira vez que o termo aparece na literatura científica é em 2009, em um comentário na Revista Public Health Nutrition. Nesta publicação, em relação à saúde e nutrição, a questão não é o alimento nem os nutrientes, mas o processamento. Uma nova publicação foi feita em 2016. A classificação NOVA em sua forma atual e revisada, classifica todos os alimentos e produtos alimentícios em quatro grupos claramente distintos, especificando o tipo de processamento empregado na sua produção e a finalidade subjacente a este processamento.

Talvez a falta de clareza da definição apresentada até então tenha motivado o grupo a publicar um outro comentário em 2019, novamente na revista Public Health Nutrition, intitulado “Alimentos ultraprocessados: o que são e como identificá-los”. Nessa publicação, os autores especificam que ingredientes como açúcar, óleos, gorduras e sal podem estar presentes em nestes alimentos. Aditivos que prolongam a duração do produto podem ser usados em alimentos dos grupos ingredientes culinários, alimentos processados e ultraprocessados. A classificação Nova se propõe a classificar alimentos de acordo com seu grau de processamento. Porém, utiliza definições que incluem elementos relacionados a ingredientes, nutrientes, conveniência, palatabilidade, entre outros, mas não o processamento em si. Fonte: Associação Brasileira de Engenharia de Alimentos. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.