ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Nov/2020

La Niña mantém as chuvas abaixo da média no RS

Embora as previsões mostrassem que outubro poderia ter precipitações abaixo da média, havia esperanças de que fossem volumosas, para que os reservatórios de água do Rio Grande do Sul pudessem ser cheios, devido à “fama” que o mês de outubro tem em ser chuvoso (geralmente ocorrem acumulados acima da média). Porém, houve apenas dois eventos de chuva, um no início do mês e outro no final, que não tiveram volume acumulado suficiente para alcançar a normal climatológica. Com isso, a maior parte da Metade Sul do Estado teve acumulados entre 50 e 100mm. Dessa forma, a anomalia de precipitação foi negativa em praticamente todo o Estado, sendo a região norte com anomalias negativas mais intensas, com locais que não acumularam 25mm. Apenas a faixa leste do Rio Grande do Sul teve anomalias positivas de precipitação. Isso se deve ao resfriamento do Oceano Pacífico (La Niña) em que as frentes frias desviam para o oceano, com o sistema ficando próximo à costa do Estado, causando ventos de leste.

Com relação às temperaturas, tanto as mínimas quanto as máximas ficaram dentro do normal na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Na Metade Norte, as temperaturas ficaram acima da média, em torno de +2,0 a +3,0 °C. Comparando as temperaturas diárias ocorridas em outubro com a normal climatológica, observa-se que, em alguns períodos, as temperaturas (máximas e mínimas) ficaram abaixo do valor da média climatológica. Este padrão continuou ocorrendo na primeira quinzena de novembro e deverá ocorrer, em menor frequência, durante o verão. É um padrão típico da La Niña, que, devido ao ar mais seco e à ausência de nuvens, faz as temperaturas baixarem durante a noite. Os ventos mais persistentes, de leste, ajudam a baixar a sensação térmica, além de atrasarem o aumento da temperatura diurna na faixa leste. As regiões da Zona Sul e da Campanha são as que mais têm sentido esse efeito, por serem regiões em que as massas de ar frio, após a passagem de frentes frias, chegam primeiro e com mais força. Segundo o último relatório da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), existe 95% de chance de a La Niña continuar durante o verão e 65% de chance para o outono.

O sistema oceano-atmosfera continua acoplado, assim como as águas subsuperficiais na região do Oceano Pacífico, que continuam mais frias que o normal. Esses fatores darão sustentação ao resfriamento observado em superfície nos próximos meses. Segundo a NOAA, o pico da La Niña deve ocorrer entre novembro de 2020 e janeiro de 2021. No momento, a intensidade do fenômeno está quase na categoria moderada, mas, segundo a previsão de alguns modelos, poderá chegar ao patamar forte. Durante o mês de outubro, as anomalias da temperatura da água nas regiões do Niño 1+2, 3, 3.4 e 4 se intensificaram e foram de -1,2°C, -1,3°C, -1,4°C e -0,8°C, respectivamente. Toda a extensão do Oceano Pacífico está com anomalias negativas na temperatura da água. Além disso, destaca-se que, em relação ao mês anterior (setembro), o Oceano Atlântico Sul resfriou um pouco nas últimas semanas, o que pode ter colaborado para a quase ausência de chuvas em outubro e desta primeira quinzena de novembro. Porém, nos últimos dias, está dando sinais de que voltou a ficar com anomalias positivas.

De qualquer forma, como vem sendo observado no Rio Grande do Sul, as chuvas têm ocorrido de forma espaçada e muito irregular, não chegando à média climatológica. Devido à atuação da La Niña, a temperatura do ar não deverá ser tão elevada como no ano passado. Haverá dias de muito calor, mas, como o ar estará mais seco, as temperaturas noturnas e do início da manhã, poderão ser mais amenas. Esta situação tem sido uma "reclamação" de muitos orizicultores, visto que temperaturas mais baixas retardam o desenvolvimento da cultura do arroz. Além disso, reitera-se o alerta de que, no próximo ano, o frio chegará mais cedo, em meados do outono. Com a intensificação da La Niña, as precipitações têm ficado cada vez mais espaçadas de forma muito irregular, o que gera cada vez mais apreensão por parte dos agricultores de todo o Estado. Novembro vem se concretizando como um mês seco, e que, provavelmente, ficará com precipitação abaixo da média.

Para dezembro, também se espera que as precipitações fiquem abaixo da média. Alguns modelos até sugerem maior frequência de eventos de chuva, mas que, no geral, não somam altos acumulados. O modelo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê déficit entre -10 e -50mm na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Para janeiro e fevereiro, segue a expectativa de chuvas abaixo da média, sendo que fevereiro pode ter déficit de chuvas maior que em janeiro. O modelo do Inmet prevê déficit de precipitação entre -10 e -50mm para janeiro. Para fevereiro, o déficit previsto é maior, entre -60 a -100mm. Porém, o modelo CFSv2, da NOAA, prevê que a precipitação poderia até ficar acima da média. Como se está a praticamente 3,5 meses de fevereiro, o monitoramento ainda é necessário. A mensagem que fica ao produtor é que será mais uma safra difícil. Isso se dá por três razões: primeiro, o Estado vem de uma safra de verão (2019/2020) com déficit de chuvas; em segundo lugar, o inverno não foi chuvoso o suficiente para repor totalmente o nível dos mananciais; e em terceiro, a estiagem iniciou dois meses antes, já em outubro.

Além de toda essa situação, volta-se a reiterar que, com a proximidade do verão, aumenta a evapotranspiração e, como o verão deverá ser mais seco, ou seja, com baixa umidade relativa do ar, altas temperaturas e, por ventura, dias mais ventosos, a evaporação da água do solo é ainda mais rápida. Lembrando que 30mm precipitados durante o inverno "duram" mais no solo do que 30mm precipitados durante o verão. A média de precipitação na Metade Sul do Estado nos meses de dezembro e janeiro, é menor do que a média de água evapotranspirada. Alerta-se que os mapas são normais climatológicas, ou seja, média de 30 anos. Para um período seco, como o que está sendo projetado, a situação fica um pouco pior. É possível que alguns eventos de chuva possam ser mais intensos, mas fica o alerta de que, se ocorrerem, podem não abranger todas as regiões do Rio Grande do Sul e serem em curtos períodos de tempo (1 a 3 dias apenas). Na metade Sul do Estado, a evapotranspiração é maior que a precipitação. Para alguma cultura de sequeiro cultivada na primavera-verão, por exemplo, haveria a necessidade de repor a água no solo, pela irrigação suplementar. Fonte: Irga. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.