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28/Out/2020

Inflação de alimentos atinge mais na baixa renda

A disparada no preço dos alimentos fez a inflação percebida pelos brasileiros mais pobres mais do que dobrar em relação à dos mais ricos. A inflação percebida pelas famílias de mais baixa renda subiu a 5,48% nos 12 meses encerrados em outubro, acima da meta de 4,0% perseguida pelo Banco Central. Entre os mais ricos, a inflação foi de 2,50% no período. Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considerando informações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os alimentos no domicílio representam 30% do cálculo da inflação da baixa renda. Enquanto entre a dos mais ricos não chega a 10%. Então, o impacto do aumento de preços acaba sendo muito menor entre os mais ricos. O Ipea usa os dados do IPCA para calcular a inflação em seis faixas de renda familiar mensal.

No grupo de renda mais baixa, as famílias recebem menos de R$ 1.650,50 mensais, enquanto quem no intervalo mais rico, a renda domiciliar mensal supera R$ 16.509,66 mensais. De janeiro a outubro, a inflação dos mais pobres foi de 3,68%, mais que o triplo da percebida pelos mais ricos, de apenas 1,07%. Os alimentos e bebidas já ficaram 9,75% mais caros apenas de janeiro a outubro de 2020, nos dados do IPCA-15, que subiu 2,31% no período. Considerados apenas os alimentos consumidos no domicílio, aqueles comprados em supermercados, o avanço de preços no ano foi de 12,69%. O encarecimento da comida penaliza mais as famílias de baixa renda, que já destinam uma fatia maior de seu orçamento mensal para a alimentação. Ou seja, agora eles precisam dirigir ainda mais de seus escassos recursos às compras nos supermercados. O que tem subido é aquilo que mais pesa no consumo das famílias mais pobres: arroz, feijão, carne, óleo de soja, ovos, leite.

Os alimentos já pesam muito, e dentro da alimentação esses são os que mais pesam. São alimentos básicos, de difícil substituição. O arroz ficou 51,72% de janeiro a outubro, quase a mesma alta do feijão fradinho (51,86%). O feijão-carioca, espécie mais consumida no País, avançou 21,15%, e o feijão-preto subiu 36,71%. A farinha de trigo está 13,76% mais cara. Também estão pesando mais no bolso das famílias em 2020 os tubérculos, raízes e legumes (28,86%). A alta acumulada pelo tomate alcança 52,93%. As frutas aumentaram 18,49%; as carnes, 11,04%; o óleo de soja, 65,08%; o leite longa vida, 32,75%. Os preços dos alimentos subiram tanto por um choque de oferta, uma vez que o dólar valorizado e a demanda externa impulsionaram o aumento das exportações brasileiras, quanto por um aumento na demanda doméstica por alimentos básicos, sustentada pelo pagamento do auxílio emergencial em meio à pandemia do novo coronavírus.

A redução no valor do auxílio pago pelo governo, de R$ 600,00 para R$ 300,00 deve provocar uma redução na demanda doméstica nos próximos meses. Essas famílias beneficiadas vão ter de ir ao mercado de trabalho para complementar essa renda, ou realmente vão ter de fazer um ajuste no consumo. Os preços dos alimentos só voltarão a dar trégua à inflação no primeiro trimestre de 2021, quando houver uma recomposição da oferta do País. A inflação de alimentos ainda vai pressionar pelos próximos meses, vai começar a dar uma arrefecida no primeiro trimestre do ano que vem, com uma adequação da oferta. As commodities já estão se estabilizando, o câmbio não deve pressionar mais. A diferença entre ricos e pobres vai começar a se atenuar, porque estamos esperando uma reação dos serviços, com a recuperação da atividade econômica. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.