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07/Out/2020

Exportações perdem ritmo e preços se estabilizam

Após quatro meses consecutivos de fortes exportações (maio a agosto), período em que foram embarcadas 1,081 milhão de toneladas de arroz base casca pelo Brasil, a forte alta dos preços internos esfriou as vendas externas. A pandemia da Covid-19 elevou a demanda interna de arroz e, também, as cotações internacionais do produto beneficiado. Com a alta de 39% do dólar ante o Real, entre janeiro e setembro de 2020, o preço do arroz em casca iniciou uma forte escalada entre os meses de julho e agosto. Entre o início de agosto e a última semana de setembro, a alta se acelerou e o preço médio do arroz em casca pago ao produtor do Rio Grande do Sul registrou subiu 62,4%. Com isso, o preço atingiu um recorde nominal de R$ 107,07 por saco de 50 Kg, para um produto em casca com 58% de grãos inteiros, acumulando uma alta de 114,1% desde o início da atual safra, em 1º de março deste ano, e de 131,4% nos últimos 12 meses.

Até agosto, o elevado patamar do dólar também inibia as importações de arroz. Porém, com a forte alta dos preços em Reais, o arroz em casca no Brasil saiu de uma faixa equivalente a US$ 11 por saco de 50 Kg no início da atual safra para US$ 20 no mês de setembro. Com isso, o mercado brasileiro ficou atrativo para os exportadores dos países do Mercosul, que elevaram as vendas para o Brasil em setembro, que atingiram 151.868 toneladas (base casca), o maior volume mensal importado pelo País desde março de 2017. No início de setembro, diante da forte alta dos preços internos e das exportações acumuladas ao longo do ano, o governo federal decidiu zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) sobre a importação de arroz de fora do Mercosul, para o arroz em casca e beneficiado, até 31 de dezembro deste ano, por proposta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A redução temporária está restrita à cota de 400 mil toneladas do grão. Desde então, já foram contratadas 225 mil toneladas de arroz dos Estados Unidos, Índia e Guiana, que deverão entrar no país a partir da segunda quinzena de outubro. A decisão de zerar a TEC interrompeu a trajetória de alta dos preços, mas ainda não provocou uma pressão baixista nas cotações internas, embora tenha reduzido o interesse de compra do atacado e dos varejistas. No acumulado do ano-safra 2019/2020 (março a setembro de 2020), as importações brasileiras de arroz atingiram 575 mil toneladas (base casca), 11% abaixo do mesmo período do ano-safra anterior. No mesmo período, foram exportadas pelo Brasil 1,388 milhão de toneladas base casca, gerando um superávit na balança comercial do arroz de 813 mil toneladas (base casca) no ano-safra 2019/2020.

Já se considerarmos o ano civil, entre janeiro e setembro de 2020, o Brasil exportou 1,542 milhão de toneladas (base casca), 55% acima do mesmo período de 2019 e importou 716 mil toneladas (base casca), 6% abaixo do mesmo período de 2019. A tendência é de continuidade da redução dos volumes embarcados ao exterior nos próximos meses, em comparação com o movimento visto entre abril e agosto deste ano. Entre meados de setembro e essa primeira semana de outubro, os preços do arroz em casca pagos aos produtores permanecem praticamente estáveis, com poucas oscilações. Caso os preços internos sigam sustentados nos patamares próximos aos atuais, haverá natural perda de competitividade das exportações brasileiras, com os compradores do mercado interno pagando valores superiores aos oferecidos pelas tradings para colocar o produto no mercado externo.

Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.