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08/Set/2020

Alimentos básicos: alta repassada ao consumidor

A alta de preços de alimentos básicos informada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) tem razão de existir. E o aumento tem sido quase completamente repassado aos consumidores no varejo. A Fundação Getúlio Vargas selecionou sete produtos básicos e verificou que, em 12 meses até agosto, esses produtos subiram, em média, 28,9% no atacado e 23,8% no varejo. A cesta selecionada para a análise foi composta por arroz, farinha de trigo, açúcar, frango, carne bovina, suína e óleo de soja. Para esses itens básicos, o repasse ao consumidor foi praticamente integral. A diferença de 5% ainda não chegou às prateleiras dos supermercados pode ser um atraso por conta de estoques, mas inevitavelmente será repassada ao consumidor. O repasse de preços no setor de alimentos e supermercados costuma ser mais complexo, mas, neste momento, tanto supermercados quanto fornecedores, conseguiram repassar a alta pelo aumento de demanda. Esse é um setor historicamente de margens baixas. Tanto do ponto de vista dos fornecedores quanto dos supermercados.

É muito competitivo. Agora, porém, ambos conseguiram repassar preços pelo aumento de demanda causado, em parte, pelo auxílio emergencial. No segundo trimestre, as empresas do setor conseguiram tornar a operação de vendas mais eficiente e melhorar os ganhos. Esses preços continuarão a ser repassados e o que pode acontecer é uma substituição por parte do consumidor de menor renda, que acaba buscando marcas mais baratas. Os aumentos de preços dos alimentos neste momento ocorrem sobretudo por causa da desvalorização do Real em relação ao dólar, que baliza os preços desses produtos no mercado internacional. Esse movimento também é impulsionado pela forte demanda externa por alimentos, sobretudo por parte da China. Para o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), os argumentos expostos pela Abras fazem sentido. Além da alta do dólar, a associação mencionou incentivos fiscais às exportações e o crescimento da demanda interna impulsionada pelo auxílio emergencial. É um fato, mas em uma economia de livre mercado, não há como controlar preços.

Na nota divulgada, a Abras diz que comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre os reajustes de preços, com o intuito de buscar soluções junto a todos os participantes dessa cadeia de fornecedores. Nos bastidores, a briga seria a respeito das perdas de margens e quem repassaria menos as altas. O setor supermercadista tem se esforçado para manter os preços normalizados e vem garantindo o abastecimento regular desde o início da pandemia nas 90 mil lojas de todo o País. Na opinião da FGV, os supermercados têm razão de reclamar de aumentos de preços e essa pressão não é de hoje. A questão é que, gradualmente, os varejistas vêm reduzindo as margens até um ponto que não conseguem mais absorver os reajustes. Por isso, têm de aumentar os preços ao consumidor. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.