20/Ago/2020
O preço do arroz em casca pago ao produtor do Rio Grande do Sul – maior produtor nacional – atingiu a casa dos 3 dígitos nesta quarta-feira (19/08), cravando a marca histórica dos R$ 100 por saco de 50 Kg FOB. O prazo de pagamento pode variar, em média de 30 dias. Esse preço está sendo praticado para arroz em casca de variedades nobres, para marcas premium, como, por exemplo, a Puita Inta CL, com 64% de grãos inteiros, para o produto FOB fazenda, com 12% de umidade, até 2% de impurezas, livre de Funrural e CDO. Para efeito de comparação com a soja em grãos, cujo Indicador Cepea/Esalq para o produto FOB interior do Paraná é de R$ 124,97 por saca de 60 Kg, esse preço do arroz em casca de variedades nobres (R$ 100 por saco de 50 Kg) equivale a R$ 120 para uma saca de 60 Kg, apenas 4% abaixo do valor praticado para a soja, cujo preço também é recorde nominal no mercado brasileiro.
Para o arroz em casca de variedades comerciais, como Guri INTA CL e IRGA 424 RI, que representam a maioria (74,1%) da área plantada no Rio Grande do Sul, as cotações para o produto com 58% a 60% de grãos inteiros, 12% de umidade e até 2% de impurezas, livre de Funrural e CDO, as cotações giram entre R$ 90 e R$ 95 por saco de 50 Kg FOB. Entretanto, praticamente não há mais vendedores no Estado abaixo dos R$ 95 para estas especificações comerciais, enquanto os compradores cumprem contratos e buscam repassar as altas diárias acumuladas nos próximos compromissos de venda. Para uma arroz em casca com menor percentual de grãos inteiros, entre 50% e 55%, com renda total de 70%, destinado à produção de arroz parboilizado, com limite de 13% de umidade, 2% de impurezas, livre de Funrural e CDO, as cotações giram entre R$ 85 e R$ 90 por saco de 50 Kg FOB.
O preço médio do arroz em casca, FOB produtor, no Rio Grande do Sul, para o produto longo fino, tipo 1, com média de 58% de grãos inteiros, é de R$ 92,68 por saco de 50 Kg, acumulando altas de 40,6% nos últimos 30 dias e de 108,9% nos últimos 12 meses. Esse é o maior valor médio recebido pelos produtores de arroz em casca, no Rio Grande do Sul, tanto em termos nominais, quanto em termos reais. A tendência é de alta dos preços do arroz em casca ao produtor ao longo deste segundo semestre, diante do consumo interno aquecido, ritmo aquecido das exportações brasileiras e recuo das importações, com projeção de escassez de oferta no mercado interno até o final de 2020. Com o viés de alta, os produtores estão retraídos, aguardando a evolução dos preços, na expectativa de novos reajustes nas próximas semanas.
No ano-safra 2019/2020 (março a julho de 2020), enquanto as exportações brasileiras de arroz (base casca) cresceram 97% em relação ao mesmo período do ano anterior, as importações recuaram 22% no mesmo intervalo. As cotações externas do arroz beneficiado asiático e norte-americano estão, em média, 15% acima do mesmo período do ano passado, o que, combinado com o dólar em patamares elevados no Brasil, aumenta o custo final de importação do produto de terceiros mercados (do arroz de fora do bloco do Mercosul): com o dólar na casa dos R$ 5,50, o arroz importado teria custo final entre R$ 105 e R$ 110 por saco de 50 Kg. Se o ritmo de exportações não ceder, há possibilidade de forte escassez no mercado interno, mas, por outro lado, se o ritmo de alta de preços também não ceder, deverá haver recuo dos volumes exportados, mantendo o mercado abastecido até a próxima colheita.
Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.