17/Ago/2020
Pelo segundo mês consecutivo, em julho, o Indicador de Inflação por Faixa de Renda demonstrou uma aceleração dos preços na margem para todas as classes de renda pesquisadas. O índice, calculado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou ainda que o grupo que mais afetado foi o de menor poder aquisitivo (inferior a R$ 900,00), com alta de 0,38% no mês. A inflação para os de renda mais alta (superior a R$ 9.000,00) foi de 0,27%. Para o grupo de renda baixa (de R$ 900,00 a R$ 1.350,00), a inflação foi de 0,36%; para o de renda média-baixa (de R$ 1.350,00 a R$ 2.250,00), de 0,36%; para o de renda média (de R$ 2.250,00 a R$ 4.500,00), de 0,35%; e para o de renda média-alta (de R$ 4.500,00 a R$ 9.000,00), de 0,31%. Apesar de ainda ter sido registrada alguma pressão por parte dos alimentos no domicílio, especialmente das carnes (3,7%) e de leites e derivados (3,8%), o grupo habitação foi o principal foco inflacionário para as camadas mais pobres da população.
Os reajustes de 2,6% da tarifa de energia elétrica e de 0,53% dos aluguéis geraram uma contribuição de 0,19% para o grupo habitação, respondendo por 50% da variação total da inflação desse segmento de renda. Em menor escala, a alta do grupo transportes, por conta do aumento de 3,1% dos combustíveis e de 0,94% das tarifas de metrô, também ajuda a explicar o quadro inflacionário para a faixa de renda mais baixa. Para a classe de renda mais alta, o peso dos combustíveis na cesta de consumo fez com que o impacto de 0,17% do grupo transporte respondesse por quase 65% de toda a inflação registrada por esse segmento. Mas, esse movimento foi em parte aliviado pela queda nos preços das passagens aéreas (-4,2%) e do transporte por aplicativo (-8,2%). O comportamento dos itens que compõem o grupo despesas pessoais originou um impacto completamente distinto entre as camadas da população.
Enquanto as deflações dos itens empregada doméstica (-0,52%), clube (-1,46%) e hospedagem (-0,95%) geraram uma contribuição negativa de 0,06 pp para a inflação da faixa de renda mais alta, o reajuste de 1,3% nos preços dos cigarros propiciou uma contribuição positiva de 0,01% para o segmento de renda mais baixa. Com a incorporação do resultado de julho, ao longo de 2020, continua inalterada a trajetória de uma inflação mais amena para as classes mais altas (0,03%), em comparação aos segmentos de renda mais baixa (1,2%). Da mesma forma, o comportamento da inflação em 12 meses voltou a apresentar um movimento de aceleração em todos os segmentos de renda, com os índices observados em julho deste ano situando-se abaixo dos registrados no mesmo mês do ano anterior. A inflação dos segmentos de renda mais baixa aponta alta de 2,9%, em nível superior ao das famílias de maior poder aquisitivo (1,7%). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.