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06/Abr/2020

Forte queda do consumo de arroz e feijão no Brasil

De acordo com dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgados na sexta-feira (03/04), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a tradicional combinação de arroz com feijão está cada vez no passado da alimentação dos brasileiros. Somados os dois alimentos, a quantidade comprada para consumir no domicílio caiu 41,6% em 15 anos. Em tempos de alimentação saudável para enfrentar a Covid-19, os brasileiros também passaram a comprar mais alimentos "ultraprocessados", cujo consumo não é recomendado pelo Ministério da Saúde. A POF é o principal estudo sobre os hábitos das famílias brasileiras em relação a seus orçamentos domésticos. Na primeira divulgação da edição 2017-2018, em outubro passado, constatou-se que os brasileiros passaram a gastar mais com impostos e com dívidas, enquanto os gastos com transporte (18,1%) superaram os de alimentação (17,5%) pela primeira vez.

Outra tendência é o aumento do hábito de comer fora de casa. Em 2017-2018, 32,8% dos gastos com alimentação foram em bares, restaurantes e lanchonetes, ante 24,1% na edição 2002-2003 da POF. Os dados mostram mudanças nos hábitos alimentares em casa, por meio das quantidades compradas de diferentes tipos de alimentos. A perda de espaço do arroz com feijão foi maior entre os mais ricos que moram na Região Sudeste, em áreas urbanas. Na média nacional, os brasileiros que vivem na zona rural compraram, em 2018, em média 40,268 Kg por pessoa ao ano de cereais e leguminosas, que inclui arroz e feijão. Os moradores das áreas urbanas compraram 25,595 Kg por pessoa ao ano, pouco abaixo da média nacional, de 27,757 Kg por pessoa ao ano. Só a quantidade de feijão comprada foi de 5,908 Kg por pessoa ao ano, queda acumulada de 52% em 15 anos. Entre os mais ricos, com renda familiar acima de R$ 14.310,00 por mês, a compra de cereais e leguminosas para consumir em casa ficou em 22,252 Kg por pessoa ao ano.

Nas famílias com renda mensal abaixo de R$ 1.908,00 a quantidade ficou em 30,505 Kg por pessoa ao ano. Entre os moradores da Região Sudeste, essa média ficou em 26,245 Kg por pessoa ao ano, enquanto, na Região Nordeste, foi de 31,906 Kg por pessoa ao ano. Quinze anos antes, na POF 2002-2003, as famílias brasileiras compravam em média 48,367 Kg por pessoa anualmente de cereais e leguminosas. De lá para a edição 2017-2018 da POF, o indicador despencou 42,6%. Também caiu fortemente a quantidade adquirida de açúcares, doces e produtos de confeitaria, para 14,140 Kg por pessoa ao ano, ante 20,521 Kg por pessoa ao ano em 2007-2008 e 23,502 Kg por pessoa ao ano em 2002-2003. O consumo de frutas (26,414 quilos por pessoa ao ano) caiu ante 2008, mas segue acima do de 2003. Em quantidade, o grupo de alimentos mais comprado pelos brasileiros é bebidas e infusões (52,475 Kg por pessoa ao ano), que inclui bebidas alcoólicas como cerveja e vinho e não alcoólicas como água mineral, refrigerantes, suco de fruta envasados e energéticos.

Enquanto as compras de arroz e feijão caíram nos últimos 15 anos, a quantidade de bebidas adquiridas saltou 16%, ante a média de 45,297 Kg por pessoa ao ano em 2002-2003. Se a quantidade de bebidas compradas pelas famílias brasileiras cresceu nesse período, em termos nutricionais, também avançou a proporção dos alimentos "ultraprocessados" (produtos fabricados com vários ingredientes, incluindo substâncias sintetizadas a partir de constituintes de alimentos e aditivos, como refrigerantes, biscoitos doces e salgados, sorvetes, balas, chocolate e guloseimas em geral) nas compras dos brasileiros. Para fazer essa conta, o IBGE calculou o total de calorias contidas nos alimentos comprados pelas famílias. Na POF 2017-2018, 18,4% do total de calorias vieram de alimentos "ultraprocessados", ante 16,0% em 2008 e 12,6% em 2003. Essa proporção é maior entre os mais ricos (24,7% nas famílias que estão entre os 20% de maior renda) e entre os moradores de áreas urbanas. No orçamento das famílias das zonas rurais, apenas 11,3% do total de calorias vem de alimentos "ultraprocessados". Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.