17/Jan/2020
O cenário de oferta e demanda de arroz no Brasil sinaliza para a menor disponibilidade interna observada desde 1984/1985, de 12,1 milhão de toneladas, podendo também chegar a um dos mais baixos estoques de passagens, de 437,8 mil toneladas em fevereiro/2021. Quanto ao consumo interno, segue em queda no Brasil, fator que, a médio prazo, deve pressionar as cotações, caso haja manutenção de oferta e pouca demanda do mercado externo. Nos últimos 10 anos-safras, o patrimônio investido na produção em arroz no Rio Grande do Sul não foi remunerado. Assim, para a temporada 2019/2020, é esperada a menor área de semeio desde o primeiro registro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 1,67 milhão de hectares.
Ainda assim, a produção brasileira pode ser de 10,52 milhões de toneladas de arroz em casca, 0,6% maior que a da temporada anterior, devido à alta de 1,8% na produtividade média, estimada em 6,27 toneladas por hectare. No Rio Grande do Sul, a colheita 2019/2020 está estimada em 7,39 milhões de toneladas de arroz em casca, queda de 0,1% frente à safra anterior, com retração de 5% na área semeada, mas ganho de 5,2% na produtividade. Em Tocantins, a produção poderá cair 1,25%, para 616,1 mil toneladas, reflexo da menor produtividade (-2,2%), mesmo com área 1% maior. Em Mato Grosso, a produção está prevista em 492,5 mil toneladas, alta de 27%, com aumentos na área (+25%) e na produtividade (+1,6%).
Em Santa Catarina, a Epagri/Cepa apontou em seu último relatório leve redução de 0,28% na área de semeio na safra 2019/2020, que pode alcançar 143,4 mil hectares. No entanto, deve haver ganhos na produtividade (+4,4%) e na produção (+4,1%), para 8 toneladas por hectare e 1,15 milhão de toneladas, respectivamente. Vale lembrar que, na temporada 2018/2019, as lavouras do Estado foram castigadas com o excesso de calor no período de floração. Entre março/2020 e fevereiro/2021, a Conab estima que as importações de arroz fiquem em 1,1 milhão de toneladas. Assim, somando o estoque inicial, a produção e a exportação, a disponibilidade interna deve ficar 1,54 milhão de toneladas maior que o consumo interno, que deve ser o menor desde 1987/1988.
Este cenário possibilitará exportações por parte quase que exclusivamente do Rio Grande do Sul, estimadas inicialmente em 1,1 milhão de toneladas. Em termos mundiais, a maior produtividade deve compensar a menor oferta do cereal, enquanto as transações internacionais devem crescer, o que pode favorecer as exportações brasileiras. Considerando-se os principais demandantes do produto nacional, as aquisições devem se elevar por parte do Senegal, Iraque, Estados Unidos, Cuba e alguns países da África, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Quanto ao consumo, o aumento populacional e os preços atrativos devem elevar a demanda, atingindo níveis recordes na temporada 2019/2020. Por enquanto, a relação estoque/consumo está em 36,2%. Fonte: Cepea.