16/Jan/2023
A Camil Alimentos obteve lucro líquido de R$ 147,1 milhões no terceiro trimestre fiscal de 2022, encerrado em novembro do ano passado. O resultado representa aumento de 22,1% ante igual período do ano anterior, quando a companhia lucrou R$ 120,5 milhões. A receita líquida aumentou 14,4% na mesma comparação, para R$ 2,6 bilhões. No segmento alimentício Brasil, a receita aumentou 13,2%, para R$ 1,88 bilhão. O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 17,7% maior, de R$ 718,3 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 54,4%, para R$ 309,8 milhões. A margem Ebitda aumentou 3,1%, para 11,9%. A Camil destacou a conclusão da aquisição da Mabel em novembro e o licenciamento da marca Toddy para cookies, marcando a entrada da companhia na categoria de biscoitos. Com a aquisição da Mabel, do ponto de vista de gestão contábil, a empresa registrou um ganho de compra vantajosa no período.
O conselho de administração aprovou o novo programa de recompra de ações, que autoriza a recompra de até 9 milhões de ações no prazo de 18 meses. Além disso, foi aprovado o cancelamento de 10 milhões de ações em tesouraria. Com isso, após o cancelamento, o total de ações ordinárias de emissão da companhia passará a ser de 350 milhões de ações. A Camil assumiu as operações da Mabel, do segmento de biscoitos, em 1º de novembro, após a aquisição feita em agosto do ano passado, e observa surpresas positivas ao longo dos primeiros meses de atuação. A receptividade dos clientes está grande e está sendo possível fazer um reposicionamento de preço significativo. A implementação do sistema da Camil na Mabel ocorreu de forma ágil e, hoje, a companhia opera dentro da estrutura. Para o curto e médio prazo, a previsão é de otimização das embalagens dos produtos. A fase do turn around prevista para ocorrer entre seis e oito meses, após o início do comando da Camil, deverá ser menor.
A redução dos estoques por parte do varejo, em um movimento que começou em agosto último e se alongou por alguns meses, afetou fortemente as margens da Camil o terceiro trimestre de 2022. Dentro desse mesmo período teve a Copa do Mundo, que é usualmente ruim para o segmento, mas que favorece outros setores. Além desses dois fatores, houve também o impacto do poder aquisitivo da população brasileira e dos custos elevados com fretes. Algumas rotas de distribuição foram afetadas por uma oferta menor de veículos. Isso fez com que o custo do frete subisse bastante no período. Tais causas pressionaram as margens da companhia no 3º trimestre de 2022 e perduram também no 4º trimestre de 2022 da empresa, iniciado em dezembro. O ambiente de consumo continua lento. O sentimento é de que o ritmo de compras está menor. Os meses de janeiro e fevereiro são “fracos” para a companhia e o baixo consumo está tendo impacto adicional no 4º trimestre de 2022. Não na mesma intensidade do 3º trimestre de 2022. Tem variáveis a menos, mas o cenário é desfavorável e tende a mudar a partir do primeiro trimestre de 2023.
A Camil busca entender melhor o mercado do café antes de “pensar” em aderir ao segmento, há muitos outros passos a dar antes de entrar nesta frente que é bem usual. Esta é a categoria que está mais distante da empresa. Foi citada a forte concorrência do setor que atua de forma mais agressiva sobre o segmento. Apesar disso, a categoria tem sinergia comercial com outros negócios da companhia, com algumas sendo mais óbvias e outras menos. Há muitas oportunidades de captura de sinergia, mas hoje a empresa está focada em olhar para ‘dentro de casa’, com o objetivo de manter a operação simples, de capturar toda eficiência e oportunidades. A Camil, em relação às indústrias, ainda não capturou todas as otimizações em níveis de eficiência e esse será o foco da empresa. Isso não significa que a companhia não esteja aberta para olhar novas oportunidades.
Desde a oferta pública inicial (IPO) da Camil Alimentos, feita há cinco anos, quando tinha cerca de 410 milhões de ações, a empresa cancelou 60 milhões de ações (aproximadamente de 14% a 15% do capital da companhia comparado ao IPO). É um misto do que a companhia tem de valor versus quanto ela está sendo negociada na Bolsa, mas também com uma alocação de capital. A empresa afirma ter um nível de alavancagem adequado, que permite movimentos estratégicos. Mas, o foco está no interno. A Camil Alimentos está focada em realizar o refinanciamento de seus vencimentos, e as ações estão sendo tomadas já neste início de ano. A empresa tem parceiros comerciais e bancários fortes e já há algumas sinalizações sobre o que fazer. A ideia é ter esse refinanciamento nos próximos três meses. O movimento trará recursos suficientes para recompor a liquidez da companhia. A empresa terá capital suficiente para os vencimentos programados para os próximos 12 meses.
Esses vencimentos serão colocados em vértices para que a companhia tenha menor pressão. A medida será a estratégia da Camil nos próximos meses. Em relação às aquisições que a empresa fez nos últimos anos, o movimento permite extrair sinergia entre os negócios no Brasil e, qualitativamente, a companhia está satisfeita. A XP Investimentos considera que a Camil Alimentos apresentou resultados fracos no 3º trimestre de 2022 (setembro a novembro), com muitos eventos não recorrentes, alguns positivos, que ofuscaram o desempenho decepcionante em suas principais categorias, especialmente arroz e açúcar. A empresa conseguiu aumentar os preços em quase todas as categorias, porém, impulsionada principalmente pelo aumento dos custos. A receita líquida acima do esperado de R$ 2,6 bilhões (ex-Mabel) não foi empolgante diante do EBITDA de R$ 168 milhões e margem de 6,5%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.