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01/Dez/2022

Camil Alimentos apresenta o planejamento futuro

Nascida voltada para os grãos, hoje a operação com feijão e arroz representa um terço do negócio da Camil. Grãos eram o core business (principal negócio) há 15 anos e a empresa foi expandindo atuação para uma operação de multinacional de alimentos. Hoje, é uma multinacional que busca replicar o modelo para operação internacional. Atualmente, a companhia atua em feijão, arroz, pescados, biscoitos, café e massas. A expansão da empresa foi impulsionada principalmente pelo crescimento inorgânico, por meio de fusões e aquisições. Desde a abertura de capital (IPO) em 2017, R$ 1,3 bilhão foram colocados em aquisições. Somente entre 2021 e 2022, foram R$ 1 bilhão em aquisições. Desde 2021, a Camil entrou em quatro categorias (massas, biscoitos e café no Brasil e produtos saudáveis no Uruguai) e em um novo país (arroz no Equador). A companhia concluiu a compra e assumiu o negócio da Mabel, de biscoitos, em 1º de novembro. A empresa opera em mercado competitivo com margens relevantes e buscando eficiência.

A Camil tem o desafio de recuperar a margem Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) histórica de 10%, segundo o diretor de Relações com Investidores e Financeiro da empresa. O desafio é recuperar a margem de rentabilidade por volta de 10% com crescimento nos segmentos de alto giro e expansão dos segmentos de maior valor agregado. A empresa concluiu o segundo trimestre do ano fiscal de 2022 com margem Ebitda em 7,7%. O grande desafio será como balancear as categorias de alto giro e os produtos que agreguem na rentabilidade. Atualmente, o portfólio da empresa é dividido em produtos de alto giro, de alto crescimento e de alto valor agregado. Sobre a categoria de alto giro, o que inclui feijão e arroz, a estratégia da companhia é retomar oportunidades de crescimento no Brasil. Em arroz, há oportunidade por conta da fragmentação do mercado. Em feijão, também há espaço. E em massas a operação hoje está limitada a atender os mercados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Sobre os segmentos com alto crescimento, o que inclui café e pescados enlatados, o desafio é recuperar a rentabilidade com a qual a companhia sempre operou nestas categorias.

Em café, o mercado está consolidado. Então, para crescer, será preciso entrar em espaço de outra marca. Em alto valor agregado, a companhia almeja crescer especialmente em biscoitos, negócio adquirido recentemente. Apesar dos desafios, a operação de multinacional fornece vantagens competitivas difíceis de serem replicadas por demais companhias. Como vantagens pode-se citar o fato de a empresa ter marcas líderes no setor de alimentos na América Latina, a estrutura de uma plataforma de distribuição com ampla capilaridade e a capacidade de identificar, adquirir e integrar as aquisições. Um dos focos estratégicos da Camil para os próximos anos é fortalecer a sua posição de companhia consolidadora de marcas no setor de alimentos na América Latina. Para isso, a empresa continua de olho em novas fusões e aquisições, estudando muito outras marcas e produtos que tem complementaridade para permitir que a companhia alavanque todo potencial das categorias. Além das novas categorias e marcas almejadas, a empresa quer também ampliar a liderança das marcas e a sua participação no mercado brasileiro.

A Camil quer continuar ampliando a relevância e a liderança nas marcas. Em todos os mercados em atua hoje, a empresa tem marcas relevantes. O objetivo é também ampliar o portfólio de marcas e produtos em categorias com potencial de crescimento e de alto valor agregado. A Camil prevê receita potencial superior a R$ 800 milhões com seu negócio de café. Em café, o investimento foi menor (R$ 250 milhões) para entrada no segmento e para investimento em adequações para ampliação da capacidade da fábrica da marca União. O potencial de receita é muito superior ao aporte. A companhia entrou no segmento de café em dezembro do ano passado por meio da aquisição das marcas Seleto e Café Bom Dia. Neste ano, a Camil reativou a sua marca própria de café, o União. No segundo trimestre do ano fiscal de 2022, a empresa comercializou 3,4 mil toneladas vendidas com preço líquido de R$ 22,26 por Kg. A Camil espera recuperar os indicadores financeiros da Mabel, marca de biscoitos que adquiriu em agosto deste ano. Hoje, há clareza dos desafios industriais e comerciais da Mabel.

A companhia estava com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo. A expectativa é de 'virar a mesa' em seis meses. A Camil adquiriu a Mabel e a linha de cookies licenciada pela Toddy, antes pertencente à Pepsico Brasil, por R$ 152,8 milhões. O negócio foi concluído e incorporado pela Camil em 1º de novembro deste ano. Com a conclusão, as duas plantas fabris da Mabel, em Goiás e em Sergipe, foram integradas à operação da Camil. Em biscoitos, a Camil objetiva reforçar a liderança da Mabel em rosquinhas e ampliar o crescimento das demais categorias. É uma marca com potencial de retomar a rentabilidade média do setor e com complementaridade ao portfólio atual. A Camil busca reativar distribuidores da Mabel no exterior, principalmente na Europa. Com o ingresso em novas categorias e a forte aquisição de marcas e empresas, a Camil ampliou o seu mercado potencial de R$ 30,2 bilhões para R$ 68,7 bilhões.

Com arroz, açúcar, feijão e pescados, a Camil participava de um mercado de R$ 30,2 bilhões. Com massas, biscoitos e café, entrou em um mercado com potencial de R$ 38,4 bilhões, totalizando em mercado atual de R$ 68,7 bilhões, ou seja, o potencial de mercado da empresa mais que dobrou. A ampliação de portfólios proporciona à empresa maior possibilidade de venda cruzada de alimentos, o chamado cross-selling. As categorias possuem enorme potencial de cross-selling, seja pela venda de arroz com feijão, massa com pescado, café com biscoito e café com açúcar. Os pilares comerciais atuais da empresa são venda de volume com receita, rentabilidade e mix. O maior desafio da ampliação dos segmentos tem sido o logístico. O modelo sai de cargas fechadas para cargas mais fracionadas, o que é um desafio hoje.

A Camil possui 17 plantas fabris, 13 centros de distribuição e 1 transportadora própria. Hoje, 40% da operação é feita pela transportadora com veículos próprios e o objetivo é aumentar esse número. No modelo atual, a empresa produz e transporta em média mais de 140 mil toneladas por mês de grãos, adoçados, pescados, massas, café e biscoitos. O amplo portfólio trouxe também à Camil a necessidade de um olhar diferenciado sobre a cadeia de fornecimento. São mais de 7 mil fornecedores, sendo cerca de 5 mil no Brasil e mais de 2 mil no exterior. Em café, a originação é local. Em pescados, o rol de fornecedores externos foi ampliado e, em trigo, há sinergia de fornecedores de trigo e de feijão, especialmente com os produtores do Paraná. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.