16/Oct/2025
O mercado brasileiro de algodão acumula perdas expressivas em outubro, com o Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, voltando a operar abaixo da paridade de exportação pela primeira vez desde dezembro de 2024. O movimento reflete a safra recorde 2024/2025, a resistência dos produtores em fixar contratos a preços baixos e o balanço global folgado. Na parcial de outubro, o recuo acumulado é de 4,11%. Na média da parcial do mês, o Indicador está 0,3% abaixo da paridade de exportação. Do início de 2025 até 13 de outubro, a paridade de exportação e o Indicador Cepea acumulam quedas similares, de 15,6% e 15,7%, respectivamente.
A baixa na paridade foi influenciada pela desvalorização de 11,7% do dólar em relação ao Real, pela queda de 4,2% do Índice Cotlook A e pelo recuo de 7,1% no primeiro contrato negociado na Bolsa de Nova York. Nos últimos dias, a moeda norte-americana se fortaleceu frente ao Real, resultando em pequena recuperação da paridade. A paridade na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,60 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,61 por libra-peso no Porto de Paranaguá, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. A pressão sobre os preços vai além da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O algodão vem em trajetória de queda desde março de 2024, reflexo do balanço global folgado e do comportamento dos agentes. O volume de posições não fixadas pelos produtores cresceu de forma expressiva. No fim de 2024, havia cerca de 10 mil contratos pendentes na Bolsa de Nova York. Em 2025, o número superou 50 mil. O produtor não encontra no mercado um cenário atrativo para fixar preços. Ele está postergando, mas o mercado sabe que em algum momento essa fixação vai ocorrer. Fundos especulativos ampliam posições vendidas, apostando que as fixações futuras vão pressionar ainda mais as cotações.
A safra norte-americana menor poderia aliviar parte da pressão, mas o efeito tem sido limitado. A área plantada nos Estados Unidos caiu 14% em relação ao ano anterior. A China reduziu importações após duas boas safras, enquanto Vietnã, Paquistão e Bangladesh firmaram acordos para ampliar compras de algodão norte-americano. O mercado deve continuar pressionado até que esse excesso de oferta seja absorvido. A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2025/2026, divulgada no dia 14 de outubro, aponta produção nacional de pluma em 4,03 milhões de toneladas, 1,1% inferior em comparação com a temporada anterior 2024/2025.
A redução está associada à menor produtividade, estimada em 1.885 quilos por hectare, 3,5% abaixo da registrada em 2024/2025. A área cultivada deve crescer 2,5%, alcançando 2,138 milhões de hectares. A Conab projeta consumo doméstico em 725 mil toneladas e exportações em 3 milhões de toneladas, aumento de 2,1% no comparativo anual. O Itaú BBA alerta que os estoques devem crescer na safra 2025/2026, mesmo com exportações recordes. A expressiva produção brasileira na safra 2024/2025 deverá causar impacto significativo na oferta global em 2025/2026. A demanda interna deve permanecer limitada por juros elevados e consumo fraco de têxteis. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.