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11/Sep/2025

Preços do algodão são pressionados pela colheita

O mercado de algodão mantém viés de baixa em setembro, pressionado pelo avanço da colheita no Brasil e pelo ritmo fraco de exportações. Segundo o Itaú BBA, a pluma caiu 1% em agosto, para 65,60 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York, operando em intervalo estreito entre 65,00 e 67,00 centavos de dólar por libra-peso desde o início do ano. No Brasil, as cotações cederam pelo terceiro mês consecutivo, com desvalorização de 2,7% em agosto em Rondonópolis (MT), para R$ 3,81 por libra-peso. O Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com pagamento em 8 dias acumula queda de 5,48% no mês e voltou ao menor nível desde julho de 2023. Setembro registra quedas mais frequentes e intensas, com movimento associado ao avanço da colheita e do beneficiamento da safra 2024/2025, que aumentam a disponibilidade de lotes, e à maior oferta de vendedores que precisam se capitalizar.

O avanço da colheita aumenta a pressão sobre os preços. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que, até 4 de setembro, 90,83% das lavouras da safra 2024/2025 estavam colhidas e 30,65% beneficiadas. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, o índice chegou a 92% da área colhida, com 24% do volume beneficiado. Na Bahia, 83,6% da área estava colhida, com 48% já passando pelo beneficiamento. A colheita alcançou 73% até agosto, ante 88% no mesmo período de 2024 e 87% da média de cinco anos. As exportações estão enfraquecidas. Em agosto, o Brasil embarcou 77 mil toneladas de algodão, volume 33% menor que em agosto de 2024, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume marca o pior início da temporada de exportação desde a safra 2022/2023, quando foram embarcadas 64 mil toneladas. O Itaú BBA projeta que o País está colhendo nova produção recorde e terá oferta de cerca de 4,7 milhões de toneladas, entre produção e estoque inicial, com necessidade de aumento nos embarques para 2025/2026.

A paridade de exportação também cedeu. A condição de embarque no porto registra queda de 0,80% nos últimos sete dias, a R$ 3,64 por libra-peso (67,33 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e a R$ 3,65 por libra-peso (67,52 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook, referente à pluma posta no Extremo Oriente. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou a safra norte-americana para 2025/2026, diminuindo a área colhida em 15% para 3 milhões de hectares, mas elevando a produtividade para 0,97 tonelada por hectare. A produção foi ajustada para 2,877 milhões de toneladas, ante 3,179 milhões na estimativa anterior. Os estoques foram revisados para baixo, para 784 mil toneladas. Apesar da expectativa de retomada das exportações, pairam dúvidas sobre os números de embarques para 2025/2026, uma vez que ainda não há acordo com a China, um dos maiores importadores globais.

Ainda no cenário externo, o governo da Índia prorrogou até 31 de dezembro a isenção da tarifa de importação sobre o algodão, após os Estados Unidos imporem tarifa adicional de 25% sobre têxteis e vestuário indianos. A prorrogação pode estimular as importações de algodão por parte das indústrias indianas no curto prazo. No mercado doméstico, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram crescimento de 9,9% na produção industrial de produtos têxteis em julho, na comparação anual. Para a safra 2025/2026, diante do recorde de produção, a expectativa é de que os embarques alcancem 3,1 milhões de toneladas de pluma. O balanço global de algodão para 2025/2026 indica estoques finais menores, mas ainda superiores à média das últimas cinco safras. Segundo o Itaú BBA, diante do estoque mundial confortável, fraco crescimento econômico mundial e das incertezas comerciais, além dos preços do petróleo com perspectiva de quedas adicionais, há mais fatores para manutenção ou queda dos preços da pluma do que para valorização. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.