04/Sep/2025
O mercado brasileiro de algodão mantém trajetória descendente pelo terceiro mês consecutivo, com o Indicador Cepea/Esalq registrando nova mínima em setembro. A pressão sobre os preços internos reflete o cenário global de superávit, com oferta abundante e demanda fraca, enquanto projeções para a próxima safra já apontam redução na área plantada por causa da baixa remuneração. O Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com pagamento em 8 dias acumula baixa de 0,88% na parcial de setembro. Em agosto, o índice registrou média mensal de R$ 3,97 por libra-peso, recuo de 3,49% em relação a julho e menor valor desde novembro de 2024. A queda reflete as desvalorizações internacionais, a entrada da safra 2024/2025 no mercado doméstico e a necessidade de vendedores fazerem caixa. A combinação de preços baixos e demanda fraca já está afetando as decisões de plantio em grandes países produtores.
A StoneX atualizou sua projeção para a safra 2025/2026 e estima redução de 3,5% na área plantada no Brasil. Esta redução mostra que o setor produtivo já está respondendo aos preços mais baixos, o que torna mais difícil ver um declínio muito mais profundo nas cotações no futuro. A paridade de exportação continua pressionada. A condição FAS (Free Alongside Ship) caiu 3,3% entre 31 de julho e 29 de agosto, para R$ 3,67 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 3,68 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR). O movimento refletiu a desvalorização de 3,23% do dólar frente ao Real no período, com a moeda norte-americana fechando agosto a R$ 5,42. Em agosto, a cotação doméstica esteve, em média, 6,8% acima da paridade de exportação, a menor vantagem desde fevereiro. Dados semanais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostraram que 51% das lavouras norte-americanas estavam em condição boa ou excelente até 31 de agosto, queda de 3% na semana, mas ainda acima dos 44% registrados um ano antes.
O ambiente externo se mantém de pressão e ajuda a ancorar as cotações. Os níveis de preços atuais já estão abaixo do limite para muitos produtores no mundo, não só nos Estados Unidos, mas também em outros países importantes. Tensões comerciais, como tarifas reintroduzidas pelos Estados Unidos, podem afetar a competitividade das exportações norte-americanas e adicionar pressão aos preços na Bolsa de Nova York. No cenário global, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estima área mundial com algodão de 30,8 milhões de hectares em 2025/2026, queda de 0,76% frente à safra anterior. A produtividade deve crescer 1,4%, para 829 Kg por hectare, resultando em produção de 25,55 milhões de toneladas (+0,63%). O consumo global pode chegar a 25,519 milhões de toneladas, quase em equilíbrio com a oferta. Os estoques finais devem atingir 16,598 milhões de toneladas, 2,92% abaixo da estimativa anterior, mas ainda 0,15% acima de 2024/2025.
No mercado doméstico, a comercialização é lenta. Com o atraso da safra, a maior parte dos lotes tem sido destinada ao cumprimento de contratos a termo, limitando a disponibilidade da fibra de melhor qualidade. Os compradores priorizam contratos já firmados, pressionando valores no mercado à vista. O beneficiamento e a classificação ainda estão em fase inicial, mantendo baixa liquidez. Para o Brasil, o Icac projeta produção recorde de 3,92 milhões de toneladas em 2025/2026 (+7,19%), sustentada pela maior área cultivada. O consumo interno é estimado em 752 mil toneladas (+0,27%), o maior desde 2014/2015. As exportações podem atingir 3,045 milhões de toneladas (+7,41%), também recorde. Com isso, os estoques finais devem chegar a 1,097 milhão de toneladas (+12,85%). A situação de superávit global e a necessidade de ajuste na produção criam um ambiente desafiador para os próximos meses. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.