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28/Aug/2025

Preços do algodão pressionados pela maior oferta

Os preços do algodão seguem pressionados no Brasil, refletindo o avanço da colheita, o aumento da oferta no mercado spot e o descompasso entre vendedores e compradores. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP acumula queda de 5,36% na parcial de agosto. Os produtores continuam priorizando a entrega de contratos a termo, firmados em valores mais altos, enquanto os compradores resistem a pagar mais em novas aquisições. A maior oferta no mercado spot, dificuldades de aprovação de lotes e demanda enfraquecida mantêm a liquidez reduzida. Na comercialização da safra 2024/2025, dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) indicam que até 26 de agosto já haviam sido negociadas 958,47 mil toneladas, o equivalente a 24% da produção nacional estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Do total, 483,25 mil toneladas foram destinadas ao mercado interno, 367,73 mil às exportações e 107,49 mil em contratos flex.

No campo brasileiro, a colheita avança. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) informou que 60,06% da área nacional havia sido colhida até 21 de agosto, com 20,92% do volume beneficiado. Em Mato Grosso, o índice chegou a 56%, com 14% beneficiado. Na Bahia, 64,78% da área estava colhida e 40% já havia passado pelo beneficiamento. As exportações perderam intensidade em agosto. Em 16 dias úteis, foram embarcadas 58,35 mil toneladas, volume 54,1% inferior ao de julho e 47,8% abaixo de agosto de 2024, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A média diária caiu para 3,65 mil toneladas, ante 5,08 mil toneladas há um ano. O preço médio da pluma exportada está em 72,20 centavos de dólar por libra-peso, com quedas de 1,8% frente a julho e de 9,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em moeda nacional, a média ficou em R$ 3,93 por libra-peso, abaixo dos R$ 3,98 por libra-peso praticados internamente.

Apesar do recuo pontual em agosto, o acumulado da temporada ainda é positivo. Segundo o Banco do Brasil, no acumulado de agosto 24 a julho 25, o Brasil exportou 2,83 milhões de toneladas de algodão, um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. O movimento foi favorecido pelo redirecionamento da demanda global. Com as tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações de produtos têxteis e manufaturados da China nos últimos meses, parte da demanda mundial por pluma de algodão foi redirecionada a outros países, como Vietnã, Bangladesh, Indonésia e Paquistão. Esse movimento acabou favorecendo o Brasil, que ampliou sua participação nas exportações globais. No campo das projeções, a StoneX revisou para baixo sua estimativa de produção brasileira para 2025/2026, agora em 3,72 milhões de toneladas, recuo de 4,3% frente à safra atual.

A área plantada foi ajustada para 2,04 milhões de hectares, queda de 3,5%. A produtividade ficará dentro da tendência, a produção deve alcançar 3,7 milhões de toneladas no ano que vem. A expectativa para o consumo doméstico foi reduzida, para 685 mil toneladas, reflexo do fraco desempenho da indústria têxtil. A pressão de custos para a nova safra também preocupa. O custo de produção pode ser superior ao da safra passada, em razão da alta nos preços dos fertilizantes, sobretudo nitrogenados e fosfatados. Diante desse cenário, os produtores devem redobrar a atenção tanto nas oportunidades de compra de insumos, quanto na comercialização antecipada da safra futura. O mercado de caroço de algodão também sente os efeitos da maior oferta, mas com poucos lotes novos disponíveis. Os vendedores seguem priorizando contratos firmados anteriormente, enquanto os compradores pressionam por preços menores para novas aquisições. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.