14/Aug/2025
O mercado de algodão registrou alta expressiva na Bolsa de Nova York no dia 12 de agosto, após cortes nas estimativas para a safra dos Estados Unidos. No Brasil, entretanto, as cotações continuam pressionadas pela baixa paridade de exportação e pelo avanço da colheita, que amplia a oferta no mercado spot. No cenário externo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a estimativa de produção 2025/2026 de 3,179 milhões de toneladas para 2,877 milhões de toneladas. A área plantada foi revista de 4,10 milhões de hectares para 3,76 milhões de hectares, e os estoques finais passaram de 1,002 milhão de toneladas para 783,8 mil toneladas. A revisão impulsionou os futuros de algodão na Bolsa de Nova York. O contrato dezembro subiu 163 pontos (2,44%), para 68,39 centavos de dólar por libra-peso, e o outubro avançou 178 pontos (2,73%), para 67,07 centavos de dólar por libra-peso. Apesar da alta, o Itaú BBA manteve visão cautelosa.
Os preços do algodão deverão seguir pressionados, com uma boa oferta global e demanda que pode sofrer diante do fraco crescimento econômico mundial e das incertezas comerciais. Tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos têxteis importados de Vietnã e Bangladesh, de 20% e 35%, respectivamente, encarecem seus produtos e reduzem a demanda por algodão. O balanço global de oferta e demanda projeta estoque final de 16,8 milhões de toneladas em 2025/2026, o maior desde 2019/2020, quando somou 18,2 milhões de toneladas. No Brasil, o Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com pagamento em 8 dias, acumula queda de 2,46% em agosto. A liquidez no mercado spot está mais aquecida nos últimos dias, e o ritmo de negócios de contratos a termo também é maior, com vendedores e compradores ativos. A menor paridade de exportação, nos mesmos níveis de maio de 2024, mantém a pressão sobre as cotações domésticas.
A paridade na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,67 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,68 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR). A cotação interna está, em média, 8% acima da paridade neste mês, favorecendo as vendas no mercado interno. A colheita nacional avança gradualmente. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que 33,56% das lavouras da safra 2024/2025 haviam sido colhidas até 7 de agosto, com beneficiamento em 11,15%. Em Mato Grosso, maior produtor do País, a colheita chegou a 27% e o beneficiamento a 4%. Na Bahia, os índices são de 40,56% e 30%, respectivamente. O atraso em Mato Grosso frente à média histórica influencia o ritmo nacional. O caroço de algodão também reflete a pressão da nova safra. Alguns fechamentos recentes ocorrem com preços mais baixos. Os compradores estão cautelosos quanto a novas negociações, temendo quedas adicionais diante da maior oferta da temporada e da chegada de contratos firmados anteriormente.
Em julho, o preço médio em Lucas do Rio Verde (MT) foi de R$ 921,00 por tonelada, queda de 40% no mês. A cadeia têxtil brasileira apresentou desempenho misto no comércio exterior. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a receita com exportações somou US$ 284,2 milhões em julho, alta de 0,09% sobre junho, mas 26,2% inferior à de julho de 2024. Nos primeiros sete meses de 2025, a receita acumulada foi de US$ 3,18 bilhões, aumento de 1,5% ante igual período do ano anterior. As importações cresceram 19,6% em julho, para US$ 508,98 milhões, resultando em déficit comercial de US$ 224,77 milhões no mês. No acumulado de 2025, a balança registra déficit de US$ 142,9 milhões, contra superávit de US$ 108,48 milhões no mesmo período de 2024. Além dos fundamentos de oferta e demanda, a queda do petróleo também limita a valorização da pluma, por reduzir a competitividade do algodão frente às fibras sintéticas. O clima nas áreas produtoras dos Estados Unidos é fator de atenção nas próximas semanas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.