13/Aug/2025
O Itaú BBA avalia que os preços do algodão devem permanecer sob pressão no curto prazo, diante de um cenário de oferta global elevada, crescimento econômico mundial fraco e impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos têxteis importados. As medidas atingem Vietnã e Bangladesh, importantes fornecedores para o mercado norte-americano, com tarifas de 20% e 35%, respectivamente, encarecendo seus produtos e reduzindo a demanda por algodão. Os preços do algodão deverão seguir pressionados, com uma boa oferta global e demanda que pode sofrer diante do fraco crescimento econômico mundial e das incertezas comerciais.
O balanço global de oferta e demanda projeta para 2025/2026 estoque final de 16,09 milhões de toneladas, o maior desde 2019/2020, quando somou 18,2 milhões de toneladas. A produção dos Estados Unidos deve ser de 2,877 milhões de toneladas e no Brasil (+7%), para 4 milhões de toneladas, enquanto China (-3%) e Índia (-2%) devem registrar safras menores, mas ainda em patamares elevados, sem perspectiva de forte aumento nas importações. Nos Estados Unidos, as lavouras apresentam bom desenvolvimento, com a maior parte em condição boa ou excelente, mas o clima de agosto será decisivo para confirmar o potencial produtivo. No Brasil, o avanço da colheita pressiona os preços internos. Em julho, as cotações recuaram 4% em Rondonópolis (MT), para R$ 3,92 por libra-peso.
Sem grande apoio externo, o preço doméstico iniciou a trajetória de queda no mês passado com o início da colheita e, agora, a maior disponibilidade de pluma beneficiada também favoreceu a pressão. O atraso da colheita em Mato Grosso, principal Estado produtor, reforça a diferença no ritmo nacional. Até o início de agosto, o Estado havia colhido 20,9% da área, ante 31,8% no mesmo período de 2024 e 41,4% na média dos últimos cinco anos. No País, a média era de 29,7%, contra 36,7% um ano antes e 46,1% na média histórica. Maranhão (70%), Piauí (75%) e Mato Grosso do Sul (73%) estão entre os Estados mais avançados.
Os preços do caroço também iniciaram movimento de baixa com a entrada da nova safra, embora ainda estejam acima dos patamares de 2024. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média de julho foi de R$ 921,00 por tonelada, queda de 40% no mês, mas alta de 72,9% na comparação anual. Em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 1.149,00 por tonelada, recuo de 31,9% no mês e alta de 68,1% em relação ao ano anterior. Além dos fundamentos de oferta e demanda, a queda do petróleo também limita a valorização da pluma, por reduzir a competitividade do algodão frente às fibras sintéticas. Para as próximas semanas, são fatores de atenção o clima nas áreas produtoras dos Estados Unidos e possíveis revisões da área plantada no país. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.