17/Jul/2025
O mercado brasileiro de algodão continua pressionado pelo avanço da colheita de uma safra que deve bater recorde de produção, mesmo com a recuperação técnica das cotações internacionais. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 4,13 por libra-peso, mas ainda acumula queda de 0,32% na parcial de julho. A pressão nos preços domésticos reflete o início da entrada da nova safra 2024/2025 no mercado que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve alcançar 3,938 milhões de toneladas de pluma, crescimento de 6,4% sobre a temporada anterior. Segundo o Itaú BBA, os produtores que ainda têm algodão estão colocando o produto à venda, enquanto os exportadores e a indústria doméstica se mostram mais cautelosos, aguardando preços mais baixos com o avanço da colheita. Apesar da pressão interna, o mercado brasileiro ainda opera com prêmio sobre a paridade de exportação.
A média mensal do Indicador Cepea está em R$ 4,10 por libra-peso, valor 7,7% acima da paridade. A paridade é de R$ 3,80 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,81 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR). No campo brasileiro, apenas 13,6% da área havia sido colhida até 12 de julho, ritmo inferior à média dos últimos cinco anos, de 19,2%. A área cultivada é estimada em 2,084 milhões de hectares, crescimento de 7,2% sobre a safra anterior, com produtividade média prevista em 1.890 quilos por hectare. O Itaú BBA destacou que será importante que a pluma nacional se mantenha competitiva no mercado externo, para que as exportações sigam em ritmo forte, ajudando a enxugar o excedente de oferta de uma safra, que ao que tudo indica, será recorde da ordem de 4 milhões de toneladas. O cenário global também pressiona as cotações. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para cima a produção mundial de 2025/2026, para 25,783 milhões de toneladas, alta de 1,2% sobre a estimativa anterior, apesar de recuo de igual magnitude frente à safra atual.
O consumo global foi ajustado para 25,718 milhões de toneladas, crescimento anual de 1,2%. Os estoques mundiais devem alcançar 16,84 milhões de toneladas, 0,7% acima da temporada anterior, com destaque para a elevação dos estoques norte-americanos de 936 mil toneladas para 1,002 milhão de toneladas. As exportações globais estão projetadas em 9,73 milhões de toneladas, com o Brasil mantendo a liderança com embarques estimados em 3,113 milhões de toneladas, 10% acima da temporada anterior. No mercado de derivados, o caroço de algodão registra maior movimentação com a entrada gradual da nova safra. Os compradores buscam lotes da temporada 2024/2025, mas os vendedores priorizam a entrega de contratos a termo fechados anteriormente. O panorama sugere manutenção dos preços em níveis mais baixos, com a área plantada acima do esperado nos Estados Unidos. Além do clima até agora positivo para as lavouras e uma demanda mais lenta por parte da China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.