26/Jun/2025
O mercado de algodão apresenta cenários distintos. No Brasil, os preços recuam com o avanço da colheita e a comercialização de estoques da safra anterior. Na Bolsa de Nova York, as cotações operam em alta devido a especulações sobre redução da área plantada nos Estados Unidos. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com pagamento em 8 dias, acumula queda de 7,28% na parcial de junho. Na semana passada, a desvalorização da pluma foi de 4,56%, pressionada pela entrada da safra 2024/2025 e pela disposição de vendedores em liquidar lotes remanescentes da temporada anterior. Os vendedores se mostram mais dispostos a liquidar os lotes remanescentes de algodão da temporada 2023/2024, enquanto compradores ofertam valores menores nas aquisições de novos lotes. A StoneX revisou para baixo sua estimativa de produção brasileira, de 3,877 milhões de toneladas para 3,85 milhões de toneladas de pluma, queda de 0,7% causada pelos problemas na Bahia.
O Estado foi afetado pelo clima adverso, com chuvas na reta final da safra reduzindo capulhos e empurrando a produtividade para 1,77 toneladas por hectare, um dos menores valores dos últimos anos. Em Mato Grosso, o desenvolvimento foi favorável, mas as chuvas que se estendem em junho podem prejudicar tanto o ritmo da colheita quanto a qualidade da fibra. A estimativa de consumo doméstico foi reduzida para 700 mil toneladas. O mercado tem tido dificuldade de absorver a pluma e a demanda segue lenta no mercado doméstico. Com produção menor e consumo em queda, os estoques finais devem se manter relativamente estáveis, estimados em 2,7 milhões de toneladas. O Brasil mantém as exportações projetadas em 2,9 milhões de toneladas para 2024. Em 14 dias úteis de junho, conforme dados da Secretaria de Comercio Exterior (Secex), foram embarcadas 100 mil toneladas de algodão em pluma, 48% abaixo do volume total escoado em maio e 37,7% inferior ao de junho de 2024. A média diária dos embarques na parcial de junho está em 7,14 mil toneladas, contra 8,02 mil toneladas um ano atrás. A safra 2024/2025 acumula 2,68 milhões de toneladas exportadas.
O movimento de baixa no mercado doméstico também reflete a desvalorização externa da pluma. A paridade de exportação na condição FAS é de R$ 3,70 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,71 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posto no Extremo Oriente. A atual média mensal do Indicador está 15,1% acima da paridade. Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros operam em alta pelo terceiro dia consecutivo, impulsionados por especulações sobre redução da área plantada nos Estados Unidos em relação ao relatório de intenções de março. Nesta quarta-feira (25/06), o vencimento dezembro avançava 33 pontos (0,49%), cotado a 68,12 centavos de dólar por libra-peso. Nos últimos sete dias, o contrato dezembro teve retração de 0,90%, a 67,41 centavos de dólar por libra-peso, influenciado pela flutuação do dólar frente a importantes moedas. O suporte adicional veio da deterioração das condições de campo nos Estados Unidos.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reportou que apenas 47% da safra tinha condição boa ou excelente no dia 22 de junho, recuo de 1% na semana. Um ano antes, essa parcela era de 56%. Temperaturas mais elevadas em regiões do norte geram preocupação, embora o clima permaneça favorável na maior parte do cinturão produtivo. No campo brasileiro, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 4% da área havia sido colhida até o dia 21 de junho. O caroço de algodão segue valorizado em torno de R$ 1.600,00 por tonelada em Mato Grosso, com mais de 50% do volume da temporada já comercializado, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). A liquidez segue baixa no mercado de caroço, diante da disponibilidade ainda restrita. O relatório de área plantada do USDA, previsto para 30 de junho, será o próximo catalisador para o mercado. Especulações apontam para redução da área de algodão norte-americano, o que poderia sustentar as cotações internacionais no segundo semestre. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.