30/Jan/2025
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nas três primeiras semanas do ano, o Brasil já exportou 327,8 mil toneladas de algodão, volume 31% superior ao registrado em igual período de 2024 (250,3 mil toneladas). Em valores, as exportações somaram US$ 561,5 milhões, avanço de 16,5% na comparação anual. Segundo a StoneX, o volume total de embarques pode atingir até 400 mil toneladas até o fim do mês, estabelecendo um novo recorde mensal, superando a marca de 350 mil toneladas de dezembro de 2023. O mercado de exportação brasileiro segue muito forte e está muito associado ao câmbio. O desempenho das exportações reflete o câmbio em dezembro, quando o Real se mostrou mais depreciado, impulsionando negócios mesmo em um cenário de fundamentos mais fracos. Somou-se a isso um comportamento sazonal, com as tradings querendo correr com as exportações porque esperam uma safra de soja que vai ser recorde, o que pode impactar a logística nos portos nos próximos meses.
No mercado interno, os preços da pluma seguem pressionados pela oferta. Os vendedores têm priorizado a entrega e realização de contratos a termo e exportação, enquanto os compradores domésticos se limitam à renovação de estoques. O Indicador Cepea/Esalq acumula queda de 2,16% neste mês. Na média dos últimos três dias, o Indicador está em R$ 4,10 por libra-peso. A produção brasileira para a safra 2024/2025 passou por ajustes da consultoria StoneX, que revisou para baixo sua estimativa, reduzindo a projeção de 3,83 milhões de toneladas para 3,79 milhões de toneladas. O ajuste reflete o impacto do atraso na colheita da soja, que compromete a janela ideal de plantio do algodão 2ª safra, especialmente em Mato Grosso. Com o algodão sendo semeado fora da janela ideal, o risco aumenta e desestimula produtores a ampliarem a área.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que, até 24 de janeiro, apenas 28,57% da área projetada no Estado havia sido semeada, uma redução de 48,48% ante o mesmo período do ciclo passado. O excesso de chuvas tem retardado a colheita da soja e gerado incertezas quanto ao avanço da safra de algodão. Esse atraso pode afetar tanto a rentabilidade dos produtores quanto a previsibilidade da oferta de pluma para a indústria têxtil, alertou a Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão (Ampa). No mercado internacional, os contratos futuros de algodão na ICE Futures seguem pressionados, refletindo o fortalecimento do dólar e o fraco desempenho da demanda global. O último relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou que os estoques globais seguem elevados, com recuperação da produção na China, o que limita espaço para valorizações expressivas.
Além da recuperação da safra chinesa, a concorrência com os Estados Unidos no mercado internacional tem sido cada vez menor. Os Estados Unidos vêm perdendo competitividade tanto por problemas de produtividade quanto por custos logísticos, o que tem favorecido o avanço da participação brasileira nas exportações. Para 2025, a expectativa é de maior volatilidade no mercado, com fatores macroeconômicos influenciando o comportamento da demanda. A recente posse do presidente Donald Trump nos Estados Unidos traz incertezas sobre novas tarifas comerciais, que podem afetar o fluxo de importações e exportações. Além disso, as decisões de política monetária ao longo do ano devem impactar diretamente os preços das commodities. O algodão é uma matéria-prima de bens de consumo discricionário, e o comportamento do mercado global dependerá muito da evolução dos juros e do crescimento das principais economias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.